A última quarta-feira trouxe uma reviravolta no patrimônio das dez pessoas mais ricas do mundo no setor de tecnologia, de acordo com a lista da Forbes. A queda nas ações das big techs resultou em um prejuízo conjunto de aproximadamente US$27 bilhões, o equivalente a pouco mais de R$131 bilhões. O desencadeador dessa situação foi o rebaixamento da classificação de crédito do governo dos Estados Unidos pela agência Fitch, ocorrido na terça-feira (01).
Historicamente, situações semelhantes ocorridas no passado, como o rebaixamento da nota de crédito dos EUA pela agência S&P em 2011, resultaram em reações negativas momentâneas no mercado, mas as ações acabaram se recuperando e continuaram a crescer.
Montagem da bolsa de valores com uma cédula de dólar (Foto: Reprodução/Sefa Ozel/InfoMoney)
Big techs e fortunas em queda
Entre as empresas de tecnologia afetadas, a Nvdia liderou a queda, registrando uma baixa de 4,81%. Na sequência, apareceram Tesla (-2,67%), Microsoft (-2,63%) e Amazon (-2,62%). Essa correção nas ações resultou em uma redução de US$26,7 bilhões no patrimônio dos dez magnatas do setor, como relatado pela Forbes em tempo real.
O CEO da Tesla e dono do Twitter, Elon Musk, foi o mais afetado, perdendo cerca de US$5 bilhões (R$24,4 bilhões) de sua fortuna, marcando a maior perda entre os bilionários. Além dele, Jeff Bezos, fundador da Amazon, Mark Zuckerberg, CEO da Meta, e Larry Page e Sergey Brin, cofundadores da Alphabet, também sofreram prejuízos bilionários.
Na mesma quarta-feira, tanto o Dow Jones Industrial Average quanto o S&P 500 apresentaram um declínio de cerca de 1% cada um nas negociações. No entanto, economistas e analistas avaliam que esse rebaixamento pela Fitch não terá um impacto significativo no desempenho geral das ações. É importante ressaltar que essa incerteza sobre a capacidade do governo dos EUA de honrar suas dívidas acontece em meio a um cenário político e econômico turbulento no país.
Pouco tempo de otimismo
Recentemente, os dados apontando a queda da inflação nos Estados Unidos animaram o mercado e impulsionaram as ações das empresas de tecnologia nas bolsas americanas, levando as empresas de nuvem a atingirem níveis não vistos em cerca de um ano. Esse otimismo estava relacionado ao equilíbrio entre as taxas de juros e as empresas voltadas para o crescimento. No entanto, a euforia em relação às gigantes da tecnologia foi de curta duração.
Gráfico que demonstrava o otimismo sobre o crescimento das big techs em 2023 (Foto: Reprodução/Valor Econômico)
As taxas de juros mais baixas resultam em rendimentos menores em títulos, tornando o clima de investimento menos atrativo para ativos considerados de menor risco, como títulos. Isso levou os investidores a buscar alternativas, e as ações de tecnologia, frequentemente avaliadas pelo potencial de crescimento rápido, tornaram-se uma opção mais atraente para maximizar os retornos.
O ponto é que o ano de 2022 já não foi favorável para as big techs. O cenário econômico de aumento das taxas de juros e inflação, somado às repercussões da pandemia de Covid-19, com excesso de investimentos, levou a uma queda nas ações das empresas (o que voltou a acontecer neste início de mês) e resultou em demissões em massa.
Foto Destaque: Logos de algumas big techs. Reprodução/Olhar Digital