Os avanços da investigação da Polícia Federal (PF) levaram à conclusão de que o pagamento de R$ 10,5 mil realizado pelo ex-assessor da Deputada Federal Carla Zambelli (PL-SP), Renan Goulart, ao hacker Walter Delgatti Neto não foram para fomentar a invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Segundo o relatório parcial da investigação, divulgado pela PF, o dinheiro foi utilizado para comprar garrafas de uísque.
O hacker Walter Delgatti Neto
O hacker Walter Delgatti Neto declarou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que os R$ 40 mil recebidos foram para a tentativa de invadir "qualquer sistema do Judiciário", o que diverge do relatório parcial da investigação, divulgado pela PF.
O advogado Ariovaldo Moreira, que representa a defesa de Delgatti, segue afirmando que o capital pago ao hacker, realizado parte em transferências bancárias e parte em dinheiro vivo, foi com o objetivo de invadir os sistemas do Judiciário. O laudo divulgado pela PF, no entanto, faz referência apenas aos R$ 10,5 mil utilizados na compra de garrafas de uísque.
Em depoimento à PF, o hacker, que foi preso em agosto deste ano, segue reafirmando que parte do dinheiro recebido pelo ex-assessor de Carla Zambelli, era parcialmente destinado para a invasão do sistema do Judiciário.
Depoimento do hacker Walter Delgatti Neto à CPI do 8 de janeiro (Foto: reprodução/ Youtube/ TV Senado)
O ex-assessor
O Renan Goulart trabalhou com Zambelli e hoje assessora o irmão da deputada, Bruno Zambelli, que ocupa o cargo de Deputado Estadual pelo PL-SP. Segundo o relatório parcial da investigação da PF, Goulart realizou transferências no valor de R$ 10,5 mil, divididas em três PIX para Delgatti, no mês de fevereiro.
O antigo colaborador alegou em depoimento para a PF que o pagamento foi realizado após Delgatti lhe oferecer as garrafas de uísque. Já Goulart revendeu as garrafas da bebida para terceiros depois de adquiri-las com o hacker. Além disso, o relatório complementa dizendo que "Os elementos colhidos sustentam que Walter Delgatti Neto forneceu garrafas de uísques a Renan Cesar Silva Goulart e este, por sua vez, as revendeu, no todo ou em parte, a Luan Rocha Brito".
Por fim, a Polícia Federal ouviu Luan Rocha Brito, o comprador final do uísque, que reafirmou a declaração de Goulart e também analisou as conversas do WhatsApp entre o hacker e o ex-assessor. Com isso, o inquérito da PF caminha para a sua conclusão.
Foto destaque: Até o momento a PF não descobriu evidências de que Zambelli tinha conhecimento das opeações do ex-assessor (Reprodução/Vinícius Schmidt/Metrópoles)