Após o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciar aumento de 0,25% na Selic nesta quarta-feira (18), a taxa básica de juros foi a 10,75%. Ainda que a inflação em geral tenha sido o principal motivador para a medida, outro motivo apontado por especialistas são os gastos governamentais acima da arrecadação.
Em seu comunicado, o Copom destacou pressões inflacionárias além da política fiscal (equilíbrio nas contas do governo). Dessa forma, a alta nos preços de serviços e a expectativa com relação à inflação foram aspectos citados. Beto Saadia, diretor de investimento da Nomos, também apontou fatores que possuem força para aumentar a inflação (via CNN):
“Vemos dólar mais forte, crise climática que impacta o preço dos alimentos e energia, além de um PIB muito forte, acima do potencial. Nosso crescimento de PIB potencial é aproximadamente 2% ao ano, e estimamos crescimento de 3% em 2024”.
Política Fiscal
Ainda que o comunicado do Copom tenha abordado uma inflação juntamente ao crescimento econômico, o aspecto fiscal é motivo de atenção. O Brasil tem tido déficit mensal nesse setor desde junho de 2023, como aumento expressivo em 2024. Inclusive, a expectativa é de que mais gastos ocorram no ano que vem.
“Não dá para o Brasil ficar apenas com o pé na política monetária sem que a política fiscal seja contemplada também”, argumentou Paloma Lopes (via CNN), economista da Valor Investimentos.
Em seu comunicado, o Copom citou que “monitora com atenção como os desenvolvimentos recentes da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros”.
Inflação em 2024 é menor do que acumulada em 12 meses (Foto: reprodução/freepik/Freep!k)
Histórico recente e próximos passos
A Selic começou sua escalada em 2021. O motivo foi primordialmente uma tentativa de frear a inflação em meio à pandemia de Covid-19. Chegou a 13,75% em 2022, máximo registrado no período. Desde agosto de 2023, já com Lula na presidência, apresenta ciclo de queda.
Para especialistas, voltar a subir a Selic é novamente a maneira de conseguir atingir a meta estabelecida. “Se o Copom não tivesse feito nada, teria rasgado sua meta de inflação. Agora ele falou que é para valer e que vai agir”, disse o economista-chefe do Banco Master Paulo Gala (via CNN).
A decisão do Copom foi tomada em um período de incertezas, mas existem fatores que podem diminuir a inflação. O corte de juros nos EUA e o preço mais baixo de commodities são alguns deles. Também existe uma expectativa de valorização do real com a entrada de capital estrangeiro, reflexo do novo aumento na Selic. Ainda assim, o ciclo não deve ter alta como nos últimos anos nem durar por um longo período.
Foto Destaque: Selic volta a subir após mais de dois anos (Reprodução/carlitocanhadas/Pixabay)