O matemático Jim Simons, bilionário pioneiro em investimentos quantitativos e conhecido como “Rei do Quant” faleceu nesta sexta-feira (10) aos 86 anos, deixando a esposa e três filhos. A notícia divulgada por sua organização de pesquisa científica, a Fundação Simons, não informou a causa da morte.
A Forbes estima a fortuna de Simons em US$ 31,4 bilhões e insere o matemático na posição de 51ª pessoa mais rica do mundo no momento de seu falecimento. O criador da análise quantitativa, tornou-se investidor bilionário e filantropo, ao criar o que muitos no setor financeiro consideram a maior máquina de fazer dinheiro do mundo na sua empresa, a Renaissance Technologies.
Aos 40 anos, ao passar da área acadêmica para os investimentos, Simons evitou práticas padrão dos gestores em favor da análise quantitativa, encontrando padrões em dados que previam mudanças de preços. Sua técnica de sucesso o transformou no “Rei do Quant”.
Trajetória de vida
James Harris Simons nasceu em 25 de abril de 1938, em Boston e era filho único. Seu pai, Matthew Simons, trabalhou na indústria cinematográfica como representante de vendas da 20th Century Fox. Demonstrando facilidade com os números desde os três anos, ainda jovem, ele obteve um bacharelado em matemática no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) em 1958 após três anos de estudo, retornando em 1961 para iniciar sua carreira docente. Durante seu doutorado, na Universidade da Califórnia, em Berkeley, ele experimentou pela primeira vez o mundo dos investimentos, numa corretora Merrill Lynch em São Francisco para negociar futuros de soja.
As suas realizações como matemático contribuíram para as áreas acadêmicas, como a teoria das cordas, topologia e física da matéria condensada. Em 1964, após lecionar na Universidade de Harvard, Simons mudou-se para Nova Jersey, onde trabalhou no Institute for Defense Analyses.
A organização de pesquisa sem fins lucrativos contratou matemáticos para apoiar a Agência de Segurança Nacional dos EUA na decifração de códigos usados pela União Soviética, durante a Guerra Fria. Neste trabalho, ele pode explorar as possibilidades de criação de algoritmos para computadores. E os funcionários eram autorizados a dedicarem metade do seu tempo a trabalhos pessoais, de forma que Simons dedicou parte do seu tempo à previsão de movimentos de curto prazo no mercado de ações.
Alguns anos depois, ele retornou a área acadêmica ao presidir o departamento de matemática da Universidade Estadual de Nova York. Juntamente com Shiing-Shen Chern, ele criou a teoria de Chern-Simons em 1974. Esta teoria fornece as ferramentas, conhecidas como invariantes, que os matemáticos utilizam para distinguir entre certos espaços curvos – os tipos de distorções do espaço comum que existem de acordo com a teoria geral da relatividade de Albert Einstein.
Homenagem ao matemático em 2019 no IAS Einstein Gala, em Nova York (Foto: Reprodução/Getty Images embed/Patrick McMullan/Silvan Gaboury)
Paixão pela Bolsa
Enquanto presidia o departamento de matemática e aproveitava as conexões que havia feito por meio de seu trabalho em criptografia, Simons enveredou pelas negociações na Bolsa, comprando e vendendo commodities. Para tornar a experiência mais interessante, ele recorreu à sua rede de criptógrafos e matemáticos em busca de ajuda para analisar padrões.
Em 1978, ele deixou definitivamente a academia para virar gestor e fundou a Moneymetrics, que recorria a cujos modelos matemáticos para negociar moedas. Sua equipe concluiu que os modelos funcionavam não apenas com as moedas, mas também com qualquer futuro de commodity.
Em 1982, fundou a Renaissance Technologies, um fundo de hedge especializado em negociação quantitativa. A iniciativa se estabeleceu como uma das gestoras de investimento com melhor desempenho da história. Atualmente, a empresa administra US$ 106 bilhões em ativos e tornou-se famosa pelo seu Fundo Medallion de US$ 10 bilhões conhecido por seus ganhos consistentes e acessíveis apenas aos proprietários e funcionários da Renaissance. Simons se comprometeu a doar a maioria de sua riqueza para instituições de caridade.
Em 1994, em parceria com a esposa Marilyn, ele fundou a Simons Foundation, com sede em Nova York, que apoia pesquisas em matemática, ciências e autismo. E também fundou o Math for America, que oferece bolsas de estudo para professores de matemática e ciências em escolas públicas da cidade de Nova York.
Foto destaque: Jim Simons (Reprodução/Divulgação/Simons Foundation)
