Na manhã da última quarta-feira (7), o Bradesco (BBDC4) anunciou seus resultados referentes ao último trimestre de 2023 e ao acumulado do ano, trazendo consigo números abaixo do esperado e preocupações sobre a saúde financeira da instituição. De acordo com o relatório divulgado, o lucro líquido recorrente no quarto trimestre foi de R$ 2,878 bilhões, indicando uma queda de 37,7% em comparação com o trimestre anterior.
Ao longo dos doze meses de 2023, o lucro líquido totalizou R$ 16,3 bilhões, revelando uma redução significativa de 21,2% em relação aos R$ 20,68 bilhões registrados em 2022. Marcelo Noronha, CEO do Bradesco, atribuiu a queda nos resultados a diversos fatores, incluindo um aumento na inadimplência e a necessidade de reforçar as provisões para dois casos específicos de empréstimos corporativos.
Noronha enfatizou que esse reforço nas provisões ocorreu no último trimestre do ano anterior e não está relacionado à recente fraude contábil envolvendo a Americanas (AMER3), destacando que o caso Americanas está "plenamente provisionado". O CEO reconheceu que os resultados não atendem às expectativas da instituição nem dos acionistas, porém, expressou confiança em uma transição positiva em 2024.
Tentativa de mudança
O Bradesco anunciou um plano estratégico de investimento em tecnologia para impulsionar sua rentabilidade, focando especialmente no varejo massificado. Marcelo Noronha, CEO do banco, destacou a contratação de milhares de profissionais de TI ao longo de cinco anos e a expansão do processamento em nuvem para 75% das operações até o próximo ano. A reestruturação interna inclui a criação de uma unidade de Negócios Digitais e a contratação de executivos de mercado, além da redução dos níveis hierárquicos na área executiva. Apesar da reação negativa do mercado aos resultados recentes, Noronha expressou confiança no plano, afirmando que a instituição está determinada a superar os desafios e retomar o crescimento sustentável.
Marcelo Noronha, CEO do Bradesco (Foto: reprodução/Cacalos Garrastazu/Febraban/InfoMoney)
Capital da Cielo
O Bradesco e o Banco do Brasil anunciaram uma proposta conjunta para fechar o capital da Cielo, empresa de adquirência, com o intuito de fortalecer os negócios com pequenas e médias empresas. Segundo Noronha, essa mudança permitirá estabelecer metas mais alinhadas aos objetivos desse segmento de mercado. O CFO do Bradesco, Cassiano Scarpelli, expressou confiança na aceitação da proposta pela maioria dos acionistas minoritários, destacando que muitos deles não desejariam permanecer em uma empresa de capital fechado.
Foto destaque: Fachada do Bradesco (Reprodução/Bloomberg/Lucas Landau/Bloomberg Línea)