O Grupo Casino, empresa responsável por grandes atacadistas de varejo ao redor do mundo e com sede na França, realizou na quinta-feira (22) a venda da última fatia de ações da Assaí (ASAI3), um movimento bastante aguardado desde o fim da semana passada, período em que o lock-up do grupo, após a última venda de ações feitas por ele, finalmente expirou. Com isso, os acionistas do alto escalão da Assaí agora voltam suas atenções para outras dificuldades operacionais. Dentre elas, está a remuneração dos executivos, que já é discutida há algumas semanas e que novamente entrará em pauta na assembleia de acionistas a ser realizada no dia 14 de julho.
A proposta de remuneração inicial oferecida pelo conselho e a diretoria para o período de 2023 foi recusada pelos acionistas em abril deste ano, chegando ao valor de R$ 101 milhões. Esse montante apresenta um aumento de 3% em relação à quantia paga em 2022 e um aumento de 40% em relação ao plano de orçamento inicial. A nova proposta, que ainda não foi analisada, é de R$ 70 milhões.
Essa discussão permanece um tópico delicado, pois os salários discutidos estão acima da média de remuneração do mercado, de acordo com analistas acompanhando a negociação. A presença do Grupo Casino no conselho, que segurava cinco cadeiras até abril, pode ser parte do motivo para a pressão por valores salariais mais altos, dizem alguns especialistas. Após a venda, resta apenas um representante do Casino no conselho, Philippe Alarcon, mas ele também deve ser substituído em pouco tempo.
É de interesse dos acionistas, contudo, que o valor acordado pela companhia seja o suficiente para satisfazer o CEO, Belmiro Gomes, que já tem mais de 35 anos de experiência no mercado alimentício. E desprovido do controle do Casino, o atacado Assaí oficialmente se tornou uma full corporation, ou uma companhia sem dono.
Belmiro Gomes, atual CEO do Assaí (Foto: Divulgação/Belmiro Gomes)
Agora, para além do salário dos executivos, o conselho está prestando atenção em dois tópicos importantes: a desaceleração da inflação de produtos alimentícios, que tem o potencial de afetar o lucro da empresa; e os planos de expansão futuros do Assaí, que pretende também ir para fora de São Paulo.
Foto destaque: Filial do mercado de varejo Assaí. Divulgação/Assaí