Em um mundo capitalizado, o futebol é vitrine e um dos maiores exemplos de como tudo gira em torno do dinheiro. Porém Juan Pablo Vojvoda, técnico do Fortaleza desde 2021, mostra ser um ponto fora da curva, tanto em níveis táticos, como em níveis humanos.
O técnico é cobiçado por diversos times brasileiros e de outros países, recebeu diversas sondagens e propostas de clubes gigantes, mas negou todas elas para continuar treinando o Fortaleza.
Escalada
Um clube de feitos pouco grandiosos, ganhando muita relevância quando Rogério Ceni comandou o time da terceira divisão até a primeira, desde então disputando na elite do futebol brasileiro.
Após a saída de Rogério Ceni em 2021, o clube procurou investir em um técnico estrangeiro, que vinha de um trabalho no Chile, este técnico era Vojvoda.
Desde então foram uma sequência de 3 campeonatos estaduais, duas Copas do Nordeste um vice-campeonato na copa sul-americana de 2023 e uma classificação inédita para as oitavas de final da Libertadores. Sem contar o fato de que atualmente o clube briga para conquistar o campeonato brasileiro por pontos corridos pela primeira vez na história.
Enfrentando gigantes do eixo Rio-São Paulo e times com muito mais orçamento que o Fortaleza como Flamengo, Palmeiras, São Paulo, Botafogo entre outros.
O clube melhorou suas estruturas com o auxílio do técnico, que com um olhar profissional que já havia passado por diversos clubes, deu sugestões de melhorias para o CT.
O presidente da SAF do Fortaleza, comentou que eles trouxeram o preparador de goleiros e o psicólogo, garantindo que o elenco receberá mais investimento para competir em alto nível. Ele pediu que o campo fosse nivelado, já que havia um desnível, e eles ajustaram. Quando ele precisou de iluminação para treinar à noite, eles providenciaram. Tudo é discutido, e eles sempre buscam atender. Os gastos realizados por vontade de Vojvoda, se justificaram pelo retorno que ele traz ao clube, tanto em questão rentável, como em grandeza no cenário do futebol brasileiro.
Porém, nem sempre a relação Vojvoda foram mil maravilhas, durante o ano de 2022, o clube enfrentou uma situação complicada para a permanência na série A do campeonato brasileiro, ficando na zona de rebaixamento durante todo o primeiro turno do campeonato. Com uma arrancada histórica e quebrando mais um recorde, pela primeira vez um time que virou o turno na zona de rebaixamento conseguiu se manter na elite do futebol brasileiro.
Durante aquele ano, a relação entre o técnico argentino e a diretoria do clube estava abalada.
Por conta desse período de insatisfação, o presidente admitiu que pensou em substituir Vojvoda. "Mas é quando você para e pensa. Eu vou trocar por quê? Só para dar uma satisfação? Quem vai vir? Vai fazer melhor do que ele? Quem vai vir conhece esse grupo? Porque não é demitir. É resolver o problema. E resolver o problema é o time voltar a ganhar e sair daquela zona incômoda." Segundo o presidente, não havia ninguém para resolver a situação melhor que o próprio Vojvoda.
Vojvoda em MediaDay pela Sulamericana (Foto: reprodução/Conmebol)
Fio Invisível
Ao ser questionado sobre o motivo de não deixar o Fortaleza e ir para um clube que tenha melhor condições e melhor elenco para sua carreira, Vojvoda respondeu que ele criou uma conexão com o clube, um fio invisível que o liga ao time e a cidade.
Como um homem simples que vai a missa, que vai assistir peladas de futebol Society, que almoça em bares simples, o argentino se apaixonou pela vida e pela população local, preferindo se afastar do caos das cidades grandes até mesmo do Nordeste, imagine de São Paulo ou Rio.
Um dos únicos problemas que pode fazer Vojvoda romper esse fio um dia, é a distância da família que não mora com ele, a saudade pode agir como forte opositora para a tentativa de renovação que certamente será feita ano que vem, quando o contrato dele termina.
Foto destaque: Homenagem para Vojvoda (Reprodução/O povo/Fábio Lima)
