Júnior Moraes finalmente está no Brasil. O atacante do Shakhtar Donetsk desembarcou na manhã dessa quinta-feira (03) no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, para dar um forte abraço em sua mãe e familiares depois de todo o drama vivido nos últimos dias na Ucrânia.
Júnior foi um dos líderes entre os jogadores brasileiros que estavam pedindo ajuda pra a volta ao Brasil, refugiados no bunker de um hotel em Kiev, capital ucraniana, depois da invasão das tropas russas à Ucrânia. O vídeo gravado por Júnior e os demais jogadores para pedir ajuda viralizou e comoveu os internautas.
Após dar um forte abraço em sua esposa e nos filhos, o brasileiro naturalizado ucraniano conversou com a imprensa, contando sobre a sensação de ter retornado ao Brasil:
“Não desejo a guerra para ninguém. Estou feliz por estar com minha família, por abraçá-los. Desde o início, foi só nisso que pensei”.
Por ter dupla nacionalidade, Júnior também relatou o medo de ser convocado para integrar a resistência ucraniana contra os russos:
“Eu não nasci para entrar em zona de confronto de guerra. Eu não sabia se ia sair ou não”.
Jogador era destaque do clube ucraniano antes da guerra. (Foto: Reprodução/Twitter)
O camisa 10 do Shakhtar Donetsk foi um dos pilares para a volta do grupo brasileiro. Ele foi capaz de agilizar a volta de todos por seus contatos e pedidos de ajuda. O jogador ainda contou sobre o ambiente em que os atletas estavam:
“Só pensei em ajudar a tirar o pessoal de lá. Tinha muito bebê, muita criança, todo mundo muito assustado.(...) Eu ficava o tempo todo tentando achar uma solução, uma saída, tentando achar leite para as crianças, fraldas. Para passar à minha família que eu estava bem, eu virava para uma parede, tirava uma foto, dava um sorriso e dizia: “Ó, tá tudo OK”.
O brasileiro também relatou que ainda há brasileiros no país que está sendo invadido e os momentos de tensão transformados na ansiedade de deixar Kiev:
“Tem mais brasileiros lá, a guerra continua, estou tentando fazer o máximo para tirar as pessoas de lá, tem famílias ucranianas também precisando de ajuda. De fora, é difícil ajudar, é mais o pessoal local que pode dar um suporte pra gente. Como estou no país há quase dez anos, conheço muita gente e estou tentando fazer o máximo para poder ajudar.(...) Foram quatro dias de uma tensão muito grande. Quando começamos a chegar perto da fronteira, fiz questão de levantar (no ônibus) e olhar rosto por rosto. Era importante ter isso dentro da minha cabeça. Era uma expressão de ansiedade, de tensão, só que a esperança estava no olho de todo mundo”.
Agora, longe de toda guerra, Júnior Moraes quer curtir a calmaria de estar na presença de sua família, antes de tomar qualquer decisão sobre o futuro profissional.
Foto destaque: Júnior Moraes. Reprodução/Twitter