Nesta terça-feira (3), após prova final da trave, Simone Biles conquista o bronze e fala a respeito de seu problema psicológico e o quanto isso culminou no abandono de quase todas as finais olímpicas, além de deixar um futuro incerto em Paris.
Cotada como a ginasta a ser batida e carregando a expectativa da possibilidade de levar até seis medalhas para os EUA, Biles já havia desistido de quatro competições individuais e saído da final por equipes, pois não se sentiu apta mentalmente e participou apenas da disputa na trave, que lhe rendeu o terceiro lugar, mesmo feito aqui no Rio, em 2016. Em entrevista, a americana comentou um pouco a respeito da desconexão entre sua mente e seu corpo e que não estava preocupada com a perda das medalhas. "Eu estava ok por perder as finais porque sabia que, fisicamente, eu não poderia fazer isso. Mas eu precisava entender por que o meu corpo e minha mente não estavam em sincronia. O que aconteceu? Eu estava muito cansada? Por que os cabos não conectavam? Eu treinei a minha vida toda, eu estava pronta, mas algo aconteceu fora do meu controle. Mas, no fim do dia, a minha saúde importa mais do que qualquer medalha”.
Simone abraçando Flávia Saraiva. (Foto: Reprodução/ge.globo)
A atleta brasileira, Flávia Saraiva, sétima colocada no aparelho, também ao fim da disputa, revelou que passou por uma situação parecida com a de Simone. “Não é frescura. Vai mais além do mental, é uma coisa que você não tem controle. Você sabe fazer o movimento, mas na hora te dá um branco na cabeça. Ou então você está fazendo o movimento e sua cabeça para. É perigoso, porque a gente não está fazendo um esporte fácil. Tem risco, e não é risco bobo, é risco de vida. É você poder se machucar, e você acabar com sua carreira, que você treinou por anos. Eu já passei por isso. É uma sensação horrível (...). A gente vai quebrando uma barreira, uma barreira... . E ver que ela quebrou essa barreira. Foi uma vitória muito grande e valeu mais que uma medalha para ela”.
Ler mais:
Biles deixa indefinido seu futuro para as próximas olimpíadas, pois ainda está buscando compreender tudo o que está passando por sua cabeça neste momento. “Eu acho que ainda estou tentando processar tudo o que aconteceu nessas Olimpíadas. Então, Paris não está na minha cabeça agora. Porque eu ainda tenho muita coisa que eu preciso trabalhar comigo mesma antes.”
Simone preferiu se afastar das redes sociais e toda a pressão que ela estava vivenciando. Tomou a decisão de reviver a sensação de disputar uma medalha e questionou a falta de entendimento, por parte de seu público, de que a atleta também é uma pessoa, assim como qualquer outra. “Só fiz isso (competir novamente) por mim. Só quis vir e me divertir. No fim do dia, não somos entretenimento. Somos humanos. E as pessoas esquecem disso. Eles não fazem idéia do que acontece por trás da cena. Apenas pegam as nossas redes sociais e nos julgam por lá. Mas as pessoas não fazem idéia”.
Foto destaque: Reprodução/Lance!