Na última sexta-feira (5), a icônica HQ, que teve sua primeira edição lançada em 1987, ganhou sua adaptação pela Netflix, desta vez, ambientada na atualidade. Porém, mesmo que tenha sido a única alteração na narrativa, o que realmente movimentou as redes sociais foi a escolha dos integrantes do elenco e sua diversidade.
Neil Gaiman, autor da obra e produtor da série, nas redes sociais, tornou-se alvo de tweets de pessoas revoltadas com alterações de gênero e etnia de determinados personagens, que alegavam que o autor estava tentando “lacrar” e “manchar” o legado de Sandman.
Pôster de "The Sandman", da Netflix. (Foto: Reprodução/Legião dos Heróis)
Conforme Carol Costa, do site “Omelete”, tal protesto é incoerente quando se leva em consideração a HQ. A redatora deixa claro que todas as representações já existiam na obra desde o seu lançamento.
Uma das alterações feitas foi com o fiel bibliotecário do Sonhar, Lucien, que na série ganha vida como Lucienne pela atriz Vivienne Acheampong (de “Convenção das Bruxas”). Outra pessoa alvo de reclamações foi Jenna Coleman (de “Doctor Who”) dando vida a Johanna Constantine (a personagem realmente existe na história de Gaiman como uma antepassada do famoso exorcista). Outra foi Gwendoline Christie (de “Game of Thrones”) que representa Lúcifer Estrela da Manhã em sua androginia. Há também Mason Alexander Park (de “iCarly”), que é um indivíduo não-binário bem como seu personagem Desejo.
Gaiman, em uma entrevista ao “Omelete”, questiona a recepção negativa do público, apontando para a representatividade já existente na HQ: “Eu acho muito estranho, sabe? No Sandman que eu criei em 1987 e publiquei em 1988 nós tínhamos sete membros dos Perpétuos: três homens, três mulheres, e havia Desejo, que contém todos os gêneros. Desejo é, absolutamente e de todas as formas, além de um gênero. Então, escalamos uma pessoa não-binária brilhante: Mason Alexander Park. Galera, isso é Sandman. Vocês entenderam o que leram? Eu acho que as pessoas que estão reclamando: um, não leram Sandman, ou dois, não entenderam o que eles leram”.
A escalação de Kirby Howell-Baptiste (de “Cruella”) para ser a intérprete da Morte também movimentou o Twitter. A personagem na obra original, apesar de ser representada como uma mulher de pele muito pálida, a mesma carrega consigo todas as etnias, já que trata-se da representação de um conceito, como lembrar o próprio Gaiman: “O Sandman nº 8 foi o primeiro em que conhecemos a Morte e, em Sandman nº 9 (Contos na Areia) estamos na África muitos anos atrás e todos eles são negros. O que faz você acreditar que esses personagens não são de todas as raças? Nós já havíamos estabelecido isso, o que significa que precisávamos encontrar a melhor pessoa para o papel e na nossa opinião era Kirby”.
Sandman e Morte em cena. (Foto: Reprodução/Universo Heróico)
A primeira temporada de Sandman encontra-se disponível na Netflix. Mesmo que o serviço de streaming ainda não tenha anunciado que terá uma 2ª temporada oficialmente, o roteirista David S. Goyer revelou que já está trabalhando nisso.
Foto Destaque: Pôster da série "Sandaman". Reprodução/Jovem Nerd.