Nesta quarta-feira (3), alguns médicos de Yangon, a maior cidade de Mianmar, usaram do gesto conhecido nos filmes de Jogos Vorazes para protestar contra o golpe de Estado no país. A manifestação foi organizada como forma de apoio à líder deposta Aung San Suu Kyi, onde os manifestantes levantaram três dedos da mão — indicador, dedo médio e anelar —, semelhante ao sinal da saga da autora Suzanne Collins.
Leia mais: Mulheres no cinema: diretoras batem recorde com maiores bilheterias em 2020
O mesmo foi feito por profissionais de saúde de Mandalay, que utilizaram do mesmo símbolo com as mãos e exibiram uma faixa que dizia: “Apoiamos o movimento de desobediência civil”. Por meio de protestos, eles anunciaram que só voltarão a trabalhar nos hospitais do governo quando os militares deixarem o poder, mobilizando até mesmo o laboratório nacional que analisa testes de Covid-19.
Há um tempo, a saudação semelhante a de Jogos Vorazes foi aderida na Ásia. Em 2020, manifestantes tailandeses utilizaram do mesmo gesto para protestar contra o poder militar e a realeza, reafirmando seu apoio à democracia. Dessa forma, levantar os três dedos tornou-se um símbolo de protesto nos últimos anos em alguns países do continente, representando desconfiança ao Exército.
Profissionais da saúde protestam contra golpe de Estado (Foto: Reprodução/ Reuters/ Soe Zeya Tun)
Nas redes sociais, dois membros do partido de Aung San Suu Kyi publicaram fotos reproduzindo o mesmo gesto e comunicados foram divulgados em redes sociais, mesmo com as restrições do acesso à internet. “Enfermeiros, médicos, fisioterapeutas e estudantes resistirão pacificamente, mas firmes”, escreveram.
Em Jogos Vorazes, os livros e filmes retratam personagens que vivem em uma distopia da América do Norte, em um futuro distante. Lá, os habitantes participam de um jogo em um programa de televisão, onde somente um deles termina vivo.
Na saga, o símbolo dos três dedos é utilizado para demonstrar admiração, agradecimento e até mesmo uma despedida daqueles que amam. Mas, posteriormente, se tornou um gesto de rebelião contra ricos opressores que vivem em uma capital protegida pelo Exército.
(Foto Destaque: Profissionais da saúde em Mianmar. Reprodução/ Reuters/ Soe Zeya Tun)