A pandemia da Covid-19 forçou vários estúdios de cinema a lançarem suas produções simultaneamente nos cinemas e streaming para evitar perdas massivas de dinheiro, o primeiro grande lançamento desse novo formato de distribuição foi ‘Mulher-Maravilha 1984’. O filme baseado nos quadrinhos da DC Comics chegou aos cinemas em dezembro do ano passado lotado de expectativas por parte da indústria, visto que não havia precedentes de lançamentos híbridos em Hollywood.
O longa-metragem arrecadou US$ 166 milhões nas bilheterias mundiais e foi visto por 2,2 milhões de assinantes do HBO Max em seu primeiro final de semana, os números deram confiança à Warner Bros para anunciar uma sequência, porém, não foram suficientes para cobrir os gastos de US$ 200 milhões no orçamento.
Uma compensação financeira foi paga para os envolvidos na produção, mas a diretora Patty Jenkins afirma que não é a favor desse tipo de lançamento e defende a experiência de ir ao cinema como a forma máxima de aproveitar um filme. Em entrevista ao L.A Times durante um painel da CinemaCon, a cineasta comenta sua experiência com esse formato de lançamento e como lidou com o fato de ‘Mulher-Maravilha 1984’ não ir bem nas bilheterias. Ela afirma:
“Foi uma escolha muito difícil. Eu estava examinando o que está realmente se revelando verdade, ou seja, não temos ideia de quando essa pandemia vai ficar sob controle da maneira que esperávamos. Foi a melhor decisão entre um monte de escolhas muito ruins no momento. Foi uma experiência de partir o coração e extremamente prejudicial para o filme, e eu meio que sabia que isso poderia acontecer. Fiquei feliz em divulgar o filme ao público, mas não acho que a experiência do streaming seja a mesma de assistir nos cinemas. Foi a escolha certa para todos nós para aquele filme específico, mas não sou fã de lançamentos híbridos e espero evitar isso para sempre”.
Patty Jenkins e Gal Gadot nos bastidores de Mulher-Maravilha 1984. (Foto: Reprodução/Warner/Twitter)
A fala da diretora reflete o comportamento de outros cineastas que são resistentes ao lançamento de seus filmes no streaming. O diretor de ‘Duna', Denis Villeneuve, teceu duras críticas à Warner Bros quando foi anunciado que a nova adaptação do livro de Frank Herbert chegaria ao HBO Max no mesmo dia de seu lançamento nos cinemas. Ele comparou assistir seu novo filme na televisão a “dirigir uma lancha numa banheira” e ressaltou que ‘Duna' foi feito para ser apreciado nas telonas. Patty Jenkins partilha da mesma opinião que Villeneuve e acrescenta que considera filmes para streaming como falsos por não terem a mesma repercussão que os lançados tradicionalmente. Leia abaixo o que ela disse:
“ A verdade é que faço filmes para os cinemas. Não ligo se as pessoas assistirem uma segunda ou terceira vez em seus telefones, mas não estou fazendo isso para essa experiência. Eu amo a experiência cinematográfica e não entendo por que estamos falando em jogá-la fora por 700 serviços de streaming para os quais não há espaço no mercado. Todos os filmes que os serviços de streaming estão lançando, sinto muito, eles parecem filmes falsos para mim. Não ouço falar deles, não leio sobre eles. Não está funcionando como um modelo para estabelecer grandezas lendárias”.
Os próximos projetos de Patty Jenkins para os cinemas incluem ‘Star Wars: Rogue Squad', spin-off focado nos pilotos das aeronaves da Aliança Rebelde. Ela também voltará a trabalhar com Gal Gadot no remake de ‘Cleópatra’ e na terceira aventura da Mulher-Maravilha prevista para chegar aos cinemas entre 2023 e 2024.
(Foto Destaque: Patty Jenkins na CinemaCon 2021. Reprodução/Deadline)