O premiado diretor Johan Renck foi escalado para dirigir a nova cinebiografia sobre o ex-ditador e líder iraquiano Saddam Hussein.
Johan foi vencedor de um Emmy em 2019, na categoria “Melhor direção em série limitada, telefilme ou especial dramático” por seu trabalho na minissérie Chernobyl, da HBO. Com isso, o projeto sobre os últimos meses de vida de Hussein não será o primeiro trabalho de Renck que aborda acontecimentos da vida real.
Johan Henck durante discurso no 71st Emmy Awards, em 2019. (Foto: Invision/AP)
De acordo com a revista americana The Hollywood Reporter, o título será “The Prisoner in His Palace”, em tradução livre, “O Prisioneiro em Seu Palácio”. Sem previsão de estreia, o elenco ainda não foi divulgado.
A cinebiografia será baseada no best-seller “The Prisoner in His Palace: Saddam Hussein, His American Guards, and What History Leaves Unsaid” (O Prisioneiro em Seu Palácio: Saddam Hussein, Seus Guardas Americanos, e o que a História Não Diz, em tradução livre). O livro do autor Will Bardenwerper traz relatos dos 12 soldados americanos que guardaram o ex-líder iraquiano nos meses antes de sua execução. O longa-metragem é um dos inúmeros projetos entre as produtoras Fremantle e Sinestra, esta última que pertence à Renck e ao produtor cinematográfico Michael Parets (A Chegada). O roteiro será adaptado pelo autor e roteirista Darby Kealey.
Capa do livro que aborda os últimos meses de vida de Hussein. (Foto: Divulgação)
De acordo com o THR, o livro traz duas visões sobre Hussein: um desafiador ditador que usa a tortura e o assassinato como ferramentas; e um prisioneiro astuto e contemplativo, mas que exibe afeto, dignidade e coragem surpreendentes diante da morte. Resta saber como esta narrativa será abordada no filme, se trará não só a perspectiva de Hussein sobre a situação, mas a análise dos soldados que conviveram com ele nos últimos meses de vida.
QUEM FOI SADDAM HUSSEIN?
Marcado na história, Saddam Hussein foi um ditador iraquiano que comandou seu país por mais de vinte anos. Ficou conhecido mundialmente por suas atitudes autoritárias e pelo uso de violência extrema. Nos conflitos históricos, esteve envolvido na Guerra Irã-Iraque e na Guerra do Golfo.
Saddam Hussein durante seu julgamento. (Foto: Chris Hondros/Pool/AFP)
Durante todo o período em que esteve no poder, Hussein se manteve por meio do autoritarismo. Ele cultuava sua própria imagem e anunciava a si mesmo como um grande líder. Ao longo das duas décadas que governou, Saddam Hussein cometeu diversos crimes contra a humanidade e ficou conhecido por usar a violência para silenciar e acabar com seus opositores. Uma das tragédias que cometeu foi o ataque com armas químicas em uma vila curda em 1988, que resultou na morte de cerca de 5 mil pessoas.
Guerra Irã-Iraque (1980-1988)
Por conta da Revolução Islâmica de 1979 que colocou o Irã sob uma diratura xiita, o Iraque – país majoritariamente sunita –, incentivado por outros países, iniciou uma guerra contra o Irã. O conflito durou quase uma década. Com mais de um milhão de mortes, ambos países saíram da guerra com a economia abalada. Pouco tempo depois, o Iraque se envolveu em um novo conflito.
Guerra do Golfo (1990-1991)
Dois anos após o final do conflito com o Irã, Hussein declarou uma invasão ao Kuwait, um pequeno reino árabe ao sul do Iraque. Na época, ambas as nações estavam tendo desentendimentos por conta de explorações de petróleo e dívidas que o Iraque não queria pagar para o Kuwait.
O exército iraquiano dominou rapidamente o Kuwait, já que era numericamente superior. No entanto, a invasão representava uma ameaça aos interesses dos Estados Unidos, que decidiu intervir no conflito e ficar contra o Iraque. Com isso, após ações militares, Estados Unidos expulsou as tropas iraquianas do Kuwait.
Anos depois, a relação entre Iraque-EUA permaneceu ruim. Após os atentados de 11 de setembro, os EUA passaram a intervir mais no Oriente Médio e planejaram uma invasão no Iraque. O plano era derrubar Saddam Hussein e colocar no poder um governante menos hostil aos interesses norte-americanos no Oriente Médio. A invasão ocorreu no início de 2003, Hussein abriu mão do poder e fugiu.
O ex-ditador foi encontrados meses depois em uma fazenda no norte do Iraque. Foi preso por soltados norte-americanos e levado para julgamento. A sentença de Saddam Hussein foi emitida em novembro de 2006. Ele foi considerado culpado e condenado à morte por enforcamento.
As notícias e as imagens da execução de Saddam Hussein correram o mundo.
Foto destaque: Saddam Hussein durante seu julgamento em Bagdá. Foto: Chris Hondros/Pool/AFP