Vá ao cinema assistir o remake de “Mansão Mal-Assombrada” sabendo que se sentirá no sofá de casa assistindo à mais uma clássica história da Sessão da Tarde, enquanto a chuva cai lá fora e você come pipoca doce. E isso é ótimo! Estrelado por Lakeith Stanfield (“Corra!”), Owen Wilson (“Marley & Eu”), Tiffany Haddish (“Girls Trip”), Danny DeVito (“Matilda”), Jamie Lee Curtis (“Halloween”), Rosario Dawson (“The Mandalorian”), Jared Leto (“Esquadrão Suicida”) e o jovem Chase Dillon (“The Underground Railroad”), o filme da Disney mistura de maneira equilibrada comédia, fantasia, aventura e drama ao apossa-se da dor e vulnerabilidade do luto para permear a trama, que tem nuances o suficiente para entreter o espectador.
A trama de “Mansão Mal-Assombrada” (2023)
Com o intuito de recomeçar a vida, a médica Gabbie se muda para uma mansão mais acessível do que o esperado em Nova Orleans com seu filho de nove anos, Travis. Mas ao adentrar o mausoléu mãe e filho descobrem o motivo do baixo preço: sua nova casa é infestada por intensa atividade fantasmagórica. Sem saída, Gabbie contrata um padre peculiar, Kent, um especialista em paranormalidades introspectivo, Ben, uma médium, Harriet, e um professor, Bruce, para ajudá-los na missão de compreender os motivos pelos quais os fantasmas vagavam por lá, e, principalmente, o que eles queriam com o grupo.
Assista ao trailer dublado de "Mansão Mal-Assombrada" (Reprodução/YouTube/Walt Disney Studios BR)
Enredo traz mais pluralidade e camadas que a versão original
Baseado em uma das principais atrações dos parques da Disney desde a década de 60, e na primeira versão longa-metragem (2003), estrelada por Eddie Murphy, o novo filme apresenta um roteiro mais bem desenvolvido, profundo e completo. A obra sincroniza gêneros como comédia, aventura e terror sem deixar de ser explicitamente uma fantasia.
Com uma temática muito mais envolvente e curiosa, a direção e o roteiro de Justin Simien e Katie Dippold, respectivamente, abordam de maneira delicada e bem-humorada questões como luto, aceitação familiar e culpa, uma mistura que pode mexer com o público e provocar múltiplos sentimentos. Ben, o protagonista, é um homem introspectivo que leva a vida no automático e carregado de remorso desde que a luz de seus dias, sua esposa Alyssa, morreu. E o filme apoia-se nessa premissa para desenvolver pontos importantes ao decorrer das 1h37. Apesar desse fundo, ainda é capaz de divertir e prender a atenção, sem cair na monotonia de mais um filme batido sobre fantasmas.
Elenco de "Mansão Mal-Assombrada" (Foto: reprodução/Twitter/@HauntedMansion)
Jogos inteligentes de cores arrematam o clima de “Mansão Mal-Assombrada”
A predominância dos tons roxos e verdes durante todo o filme não são por acaso. A direção de fotografia de Jeffrey Waldron é inteligente ao captar nas cores o complemento para o que os personagens expressam e o que as cenas nos dizem.
Em alguns estudos de cores, a cor roxa significa magia, misticismo, mistério, além de transmitir a sensação de introspecção e tristeza. Já em algumas culturas orientais, a cor simboliza o luto e a dor pela perda de entes queridos. Já o verde, em contraponto, significa praticamente o inverso.
O verde simboliza esperança, juventude, liberdade, saúde e vitalidade. Uma das cenas finais de “Mansão Mal-Assombrada” é um perfeito exemplo dos usos empregados aos dois tons como uma batalha entre a dor e a esperança, a morte e a vida, o luto e a liberdade. É uma jogada interessante para induzir o espectador a sentir justamente o que o filme quer que sintam e vejam.
"Mansão Mal-Assombrada" chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (27).
Nota:
8,5/10
Foto destaque: cartaz de "Mansão Mal-Assombrada". Reprodução/Twitter/@HauntedMansion