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[Crítica] “Fale Comigo” usa do clichê da possessão para entregar um filme pra lá de original e persuasivo

Protagonizado por Sophie Wilde, terror mais aguardado do ano, "Fale Comigo", do estúdio A24, chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (17). Confira nossa crítica sobre um dos lançamentos mais populares de 2023.

14 Ago 2023 - 22h30 | Atualizado em 14 Ago 2023 - 22h30
[Crítica] “Fale Comigo” usa do clichê da possessão para entregar um filme pra lá de original e persuasivo   Lorena Bueri

“Fale comigo. Eu te deixo entrar.”

O novo terror australiano da A24, estúdio responsável por sucessos como “Midsommar”, “X” e “Hereditário”, alcançou um hype fortíssimo e foi apontado como o melhor filme de terror de 2023. Mas por que “Fale Comigo” vê na fórmula do básico terror sobrenatural uma válvula para se diferenciar entre os demais? Dos diretores Michael e Danny Philippou, “Fale Comigo” tem o dom de conservar e se apossar do que de melhor seus personagens oferecem em sua ampla complexidade. Suas mortes rápidas não lhes são interessantes, mas sua agonia visceral e desgaste mental durante todo o longa, sim. 


Assista ao trailer de "Fale Comigo" (Reprodução/YouTube/Diamond Films)


Trama de “Fale Comigo”

O início é rápido e abalador. Em uma festa rodeada de jovens bêbados, um deles é encontrado sozinho pelo irmão mais velho em um dos quartos, dizendo coisas desconexas e nitidamente mal. Ao saírem do cômodo, dezenas de câmeras de celulares apontadas para eles flagraram o jovem esfaqueando o irmão e logo em seguida se matando ao enfiar a faca no próprio rosto. Nada de solta tem essa cena. 

Convivendo com a ausência da mãe após uma overdose questionavelmente acidental e a barreira da falta de confiança e diálogo com o pai, Mia (Sophie Wilde) vê na família da melhor amiga, Jade (Alexandra Jensen), o acalanto que procurava em meio ao vazio externo e interno que sentia em casa. Sue (Miranda Otto), mãe de Jade e Riley (Joe Bird), irmão mais novo, completam o projeto de família emprestada que a jovem estimava, mesmo que Jade parecesse meio incomodada com sua presença em certos momentos. Além dos conflitos familiares, Mia estava longe de ser popular e bem aceita dentre os amigos da amiga. 

Em não tão paralelo assim, circula na internet um desafio perigoso em que conhecidos seus realizam uma espécie de ritual sobrenatural utilizando uma mão embalsamada para entrar em contato com espíritos desconhecidos sem nenhum tipo de preparação ou cautela. Evidencia-se e reafirma-se um dos aspectos do filme: a necessidade e a naturalidade da exposição banal e perigosa. 


Sophie Wilde como Mia (Foto: reprodução/Instagram/@dimondfilmsbr)


2Em uma festa na casa de um dos amigos de Jade, Mia se voluntaria para participar do desafio. As regras são claras. “Fale comigo” é o primeiro comando, que de imediato faz o “jogador” ver um espírito obsessor em sua frente. Como em uma roleta russa, nunca se sabe com quem falará. O segundo comando é “eu te deixo entrar” e nunca deve permanecer conectado com a mão por mais de 90 segundos, ou a alma do indivíduo pertence à ela e ao seu umbral particular. Como uma droga, o uso da mão desperta na pessoa uma espécie de frenesi e vício por mais. E é no mais, acrescido pela necessidade de aceitação e a inconformidade com o luto que “Fale Comigo” se desenvolve de maneira surpreendente e angustiante.

Amedrontador e perturbador sem cair no clichê 

Não vá aos cinemas esperando de “Fale Comigo” um filme que vai te dar sustos banais a cada cinco minutos de tela e te entregar mortes apenas para encher o tempo de um roteiro fraco. O longa dos Philippou não precisa e não se encaixa nesse padrão e por isso é uma grata surpresa aos fãs de terror. De sustos pontuais e necessários, o filme busca no drama e na dualidade humana seus recursos para apoiar a narrativa de uma maldição até então sem precedentes e explicações, que possivelmente estarão na continuação, já confirmada pela A24. 

Com um orçamento baixo de US$4,5 milhões, o filme se firma na tensão e agonia das cenas, ambientes, atuações, trilha sonora e jogos de câmera, que fazem a qualidade das maquiagens não serem problemas notáveis e importantes no desempenho geral. E por falar em atuação, Sophie Wilde e o jovem Joe Bird entregam com excelência personagens que prendem, convencem e assustam o público na mesma medida. Mia é a mocinha ou a vilã dessa história? Suas atitudes são louváveis ou condenáveis? A protagonista que desde o início se mostra alguém desconectado e destacado do contexto em que vive, encontra na mão e na imaginária presença da mãe, um caminho ainda mais tortuoso para sua perda de identidade e dissociação da realidade, jornada essa em que o público se imerge junto à Mia, enquanto vê Riley em completo desespero lutando pela vida ou pela paz da morte. Ou será que não?  


Joe Bird como Riley em "Fale Comigo" (Foto: reprodução/Instagram/@diamondfilmsbr)


Conclusão em um final aberto à interpretações 

Sem se alongar mais que o necessário, “Fale Comigo” apresenta um final propositalmente aberto e passível de interpretações diferentes, mas acaba não deixando muitas pontas soltas, apenas há naturalmente a necessidade de entender como aquele amuleto maligno surgiu e o que de fato acontece com quem é levado por ele. Com uma margem para uma continuação tão pertinente quando o filme de 2023, Michael e Danny Philippou entregaram ao público um terror jovem, convincente, persuasivo, amedrontador e instantaneamente marcante, usando do clichê da possessão demoníaca para destacar-se como um longa pra lá de original. 

Nota:

10/10

 

Foto destaque: Sophie Wilde como Mia em "Fale Comigo". Foto/reprodução/Instagram/@diamondfilmsbr 

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