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[Crítica] “Babygirl” é um jogo sensual sobre controle e a perda dele

O thriller erótico que colocou Nicole Kidman como forte concorrente na corrida da temporada de premiações chega hoje (9) nos cinemas nacionais; confira nossa crítica

09 Jan 2025 - 20h45 | Atualizado em 09 Jan 2025 - 20h45
[Crítica] “Babygirl” é um jogo sensual sobre controle e a perda dele Lorena Bueri

“Não é sobre desejo. É sobre suicídio.” – “Babygirl” (2024)

Não. Esse não é um filme sobre sexo. O vencedor do Coppa Volpi de Atriz no Festival de Veneza 2024, que colocou Nicole Kidman novamente na corrida da temporada de premiações, é sobre controle e a perda dele. Sob a óptica feminina da diretora e roteirista Halina Reijn (“Morte Morte Morte”), Nicole Kidman (“As Horas”) e Harris Dickinson (“Garra de Ferro”) protagonizam um drama fascinante em que o desejo sexual é uma alegoria para relações de domínios e submissões, explorando mais a nudez psicológica, que a física, em uma trama provocativa, cujo o polêmico prazer feminino é o foco central.

Trama de “Babygirl”

Romy (Nicole Kidman) é uma mulher de meia-idade, que exerce posições de poder em todos os campos de sua vida. Ela é uma CEO bem sucedida, em uma empresa do ramo da tecnologia, mãe de duas meninas, e esposa de um diretor de teatro (Antonio Banderas), em um relacionamento duradouro e sexualmente ativo – apesar dos pesares –. Ela tinha uma vida aparentemente perfeita, até conhecer Samuel (Harris Dickinson), um dos novos estagiários da firma.

Por trás de um olhar curioso e dissimulado, e uma postura audaciosa, que desafia as noções de hierarquia de forma cínica e meio insolente desde o início, Romy se vê seduzida por alguém, que, ela sentia, tiraria as rédeas de suas mãos e as assumiria pela primeira vez, embarcando em uma relação complexa, que está sempre a uma faísca de explodir.


Assista ao trailer de "Babygirl" (Reprodução/YouTube/Diamond Films Brasil)


O prisma feminino e a subversão do conceito da nudez no erotismo

A partir da dinâmica confusamente estabelecida entre os protagonistas, somos introduzidos em um jogo de domínios e concessões que vai muito além do sexual, apesar de esse ser um quesito fundamental para o fluxo inebriante entre Romy e Samuel, brincando com noções, até meio equivocadas, do que é o feminismo, estampando questionamentos afiados na figura da secretária de Romy, Esme (Sophie Wilde). Na Era de mulheres empoderadas, é imoral e antifeminista querer ser dominada?

“Babygirl” não é, e nem se empenha em ser um filme revolucionário, caindo, por vezes, no previsível. E veja bem, isso não é um problema, já que trabalha bem com o que promete. Convenhamos que relações proibidas, e às vezes adúlteras, entre mulheres mais velhas com garotões, ou homens mais velhos com meninas jovens, não é novidade na sétima arte. O grande diferencial do longa de Reijn é justamente o ponto de vista totalmente feminino para abordar o tabu da sexualidade e os fetiches de uma mulher, principalmente, de uma mulher madura, desaguando também em debates sobre o etarismo ferrenho que sofrem na sociedade.


Halina Reijn e Nicole Kidman nos bastidores de "Babygirl" (Divulgação/Sinny Assessoria/Diamond Films)


No momento em que a geração Z quer ver cada vez menos sexo nas telas, Halina subverte possíveis clichês de tramas eróticas, abusando de closes estratégicos para evidenciar o clímax feminino sem espetacularizar uma nudez desnecessária, tornando tudo, arrisco dizer, ainda mais quente e delicioso de assistir, intercalando jogos libidinosos com diálogos perspicazes e ácidos, que nivelam as fortes performances da veterana Kidman e o “novato” Dickinson – em detrimento de Banderas, que poderia ser mais bem aproveitado pelo roteiro –.

Um jogo que vai além do sexual

Kidman doa à Romy sua excelência dramática ao nos deixar transparecer os conflitos, dos internos aos externos, da personagem. Sexualmente frustrada, sem conseguir contar ao marido seus fetiches e vontades, dentro e até fora da cama, tendo uma postura sempre serena e comedida, ela vê em Samuel algo que extraopla o sexo. No rapaz que pouco conhecemos origens ou outros aspectos mais profundos, ela enxerga uma válvula para que possa ser liberta de amarras e inseguranças que a angustiam nas demais áreas da vida, como sua própria aparência ou sua posição enquanto CEO.


Harris Dickinson como Samuel (Divulgação/Sinny Assessoria/Diamond Films)


É no perigo da iminência de um suicídio profissional e familiar que ela se sente ainda mais excitada e provocada a querer cada gotinha do que aquela relação pode proporcioná-la. Cada vez mais visto em grandes projetos, o astro em ascensão, Harris Dickinson, faz de Samuel um objeto de desejo irresistível até ao espectador. Com camadas de cinismo, ironia e um humor ácido, sempre com uma resposta na ponta da língua em um tom desafiador; e ao mesmo tempo, um rapaz inseguro acerca de seus próprios instintos, indo na contramão do domínio que exerce sob Romy. Harris brinca com a câmera e dá o compasso entre o absurdo e o magnético de Samuel, aproveitando ao máximo o que o roteiro te dá.

Juntos, Kidman e Dickinson brilham na tela, com uma química excitante, construindo um relacionamento, que ao mesmo passo em que versa sobre dominação/submissão, também aborda questões como consentimento e segurança, evidenciando o lado psicológico desse jogo.


Nicole Kidman e Harris Dickinson em "Babygirl" (Divulgação/Sinny Assessoria/Diamond Films)


Atmosfera voluptuosa construída nos detalhes

Como afirmo anteriormente, o ponto G de “Babygirl” não é o que se conta, mas sim, como se conta. Acompanhada pelo diretor de fotografia Jasper Wolf, com quem trabalhou em “Morte, Morte, Morte”, o designer de produção Stephen H. Carter (“Succession”) e o compositor Cristobal Tapia de Veer, Reijn cria uma atmosfera carregada de tesão através de simbolismos, trilha e ângulos.

Enquanto as cenas íntimas de Romy e Jacob (Banderas) têm um tom quase protocolar e uma luz esbranquiçada, demonstrando a apatia e a insatisfação da personagem, elas se contrastam com os tons quentes e amarelados das cenas do casal central, explicitando proximidade e intimidade entre eles. 

Os ângulos também trabalham bem na construção da atmosfera em que “Babygirl” imerge seu público. O prazer de Romy é exibido através de seu rosto totalmente em foco, dispensando, por vezes, a aparição de Samuel como um todo, deixando claro em quem a trama está interessada no auge, controlando a narrativa em prol da mulher. Ao contrário, também, das cenas com Jacob, em que ele aparece em foco. Ali, é como se apenas o orgasmo dele importasse.


Nicole Kidman como Romy em cena emblemática (Divulgação/Sinny Assessoria/Diamond Films)


Outro aspecto brilhante em “Babygirl” são as alegorias que tomam conta a partir da primeira cena em que Samuel surge. Desde o – polêmico, diga-se de passagem – copo de leite, até a cadela, que ajudam a ilustrar o lado psicológico dessa aproximação pecaminosa. A trilha de Cristobal Tapia de Veer (“The White Lotus”) também entra como fator fundamental para a atmosfera lasciva e tensa do longa, somada com a sacada genial da trilha não original com canções como “Father Figure”, de George Michael, que entrega uma das cenas mais icônicas do filme, com Samuel a dançando livre e sentindo a letra, cuja mensagem segue a lógica adotada pela dinâmica do casal.


Ouça à trilha original de "Babygirl" (Reprodução/Spotify)


Nessa trama em que o sexo é e não é o ponto principal, “Babygirl” se finca como um drama de relações que se criam e se desfazem através e por conta dos desejos, sejam eles, ou não, carnais, provando que o sexo é necessário no cinema, claro, quando bem trabalhado.

Nota: ★★★★½


Foto destaque: Nicole Kidman e Harris Dickinson em "Babygirl" (Divulgação/Sinny Assessoria/Diamond Films)

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