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[Crítica] “Garra de Ferro” mostra o poder da quebra de ciclos com show de Zac Efron

Novo longa da A24 e California Filmes conta a trágica história real dos Von Erich, com elenco potente; confira nossa crítica

07 Mar 2024 - 20h30 | Atualizado em 07 Mar 2024 - 20h30
[Crítica] “Garra de Ferro” mostra o poder da quebra de ciclos com show de Zac Efron Lorena Bueri

“Meu pai tentava nos proteger com a luta. Ele dizia que se fôssemos os mais durões, os mais fortes, nada nos machucaria. Eu acreditei nele. Todos acreditamos.” - Kevin Von Erich (“Garra de Ferro”)

Vamos partir do ponto de que Zac Efron tem cacife o suficiente para deixarem de lado a alcunha e o estigma de “o menino de High School Musical”, e isso há bastante tempo. O astro, de 36 anos, já provou seu grande potencial em obras como “Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal” (2019), “Deserto do Ouro” (2022), “A Morte e Vida de Charlie” (2010), “O Rei do Show” (2017) e tantos outros longas em que mostrou uma desenvoltura de ponta. Mas em “Garra de Ferro”, novo longa da A24, Efron tem a performance da carreira, em um filme que explora todo o seu potencial, com uma trama e personagem complexos.

Trama de “Garra de Ferro”

O longa acompanha a história da família que adotou o sobrenome Von Erich, uma das mais famosas e prestigiadas dinastias da luta livre, do início da década de 80, até os dias atuais. Mas, fora dos ringues enfrentou uma sequência de acontecimentos trágicos, que ficaram conhecidos como “a maldição dos Von Erich”. O filme de Sean Durkin (“O Refúgio”) traz os fatos através da visão de Kevin Von Erich (Zac Efron), o segundo filho mais velho e o único sobrevivente da família.


Assista ao trailer de "Garra de Ferro" (Reprodução/YouTube/Fãs de Cinema)


Elenco estrelado e potente

Apesar de Zac brilhar no longa e ter grande destaque como o protagonista, “Garra de Ferro” é marcado por um elenco potente e que constrói a obra de modo a torná-la emocionante e única. Tratar de uma história real, por si só, já é um desafio, mas lidar com uma trama densa e trágica como a dos Von Erich, duplica a dificuldade. Mas o filme de Durkin tem somente acertos, a começar pelo casting.

Os outros destaques do longa são Jeremy Allen White (“O Urso”) como Kerry, Harris Dickinson (“Triângulo da Tristeza”) como David, Holt McCallany (“Clube da Luta”) como o patriarca da família, Fritz Von Erich, Lily James (“Cinderela”) como Pam Adkisson e Maura Tierney (“Querido Menino”) vivendo a matriarca Doris Von Erich.

A pontuar pelo trio Efron, Allen White e Dickinson: que sincronia perfeita, que união. É de uma certeza enorme vê-los juntos em cena. E mesmo que possam ter o tempo de tela menor, em relação a Zac, os demais irmãos marcam o público e acompanham a carga dramática que o longa requer.

São performances ricas, justamente como a história pedia, mostrando os anseios, medos e vontades individuais dos personagens, e como os irmãos eram diferentes. Principalmente a estrela da série do momento, “O Urso”. Jeremy vem ganhando um destaque merecido na mídia e, com certeza, “Garra de Ferro” entra pro hall de suas melhores atuações.



Harris Dickinson, Jeremy Allen White e Zac Efron em "Garra de Ferro" (Foto: divulgação/California Filmes)


Excelência em aspectos técnicos

Outro grande êxito da obra são os quesitos técnicos. De montagem e fotografia muito eficazes, o filme te transporta para dentro dos ringues e do caos daquela casa, daquelas mentes. É como se cada perda doesse em você e cada vitória te fizesse vibrar. Boa parcela disso também se deve à direção e ao roteiro, que são bem redondos e sem falhas.

Além disso, todas as mudanças em relação à real história dos Von Erich foram necessárias e coerentes com o bom desenvolvimento da trama. Como o diretor afirmou em entrevista ao Los Angeles Times, é preciso compreender que um filme não é capaz de captar toda a vida de uma pessoa, portanto, uma cinebiografia é feita de escolhas, e as em “Garra de Ferro” foram, de fatos, boas.

Rompimento de ciclos

“Garra de Ferro” é de uma delicadeza ímpar ao não “glamourizar” e nem reforçar a chamada “maldição dos Von Erich”, mas mostrar ao público qual era o verdadeiro mal que assolava a família, de maneira dolorosa e imersiva.

É como se a trama, por si só, mostrasse, ao público, por fim, que nada tinha de sobrenatural rondando os Von Erich, e que toda a dor daquela casa foi causada por ganância e frustrações bem humanas. O longa expõe, de uma forma terna e sutil, a força do rompimento de ciclos negativos e o quão essas quebras podem ser libertadoras.

Nota: ★★★★★

Foto destaque: Família Von Erich em "Garra de Ferro" (Divulgação/California Filmes)

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