A Academia de Artes de Ciências Cinematográficas, associação responsável pelo Oscar, decidiu não se manifestar ou tomar qualquer medida sobre o sequestro e agressão de Hamdan Ballal, cineasta que conquistou seu primeiro Oscar na última edição da premiação pelo seu documentário “Sem Chão”.
Posicionamento da Academia
Em nota, Bill Kramer e Janet Yang, respectivamente CEO e Presidente da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, afirmaram que a decisão de não se envolver no caso do cineasta foi baseada na missão de respeitar as opiniões dos mais de 11 mil membros da Academia espalhados pelo mundo.
A declaração ainda aponta que o objetivo principal da Academia é conectar o mundo a partir dos filmes, que têm o poder de provocar reflexões e mudanças na sociedade, sempre respeitando diferentes formas de pensar, o que envolve não se declarar em nome dos membros da Academia em situações políticas, dessa forma o nome de Hamdan Ballal ou os ataques sofridos pelo mesmo não foram diretamente mencionados.
O que aconteceu com o cineasta
Na noite de segunda-feira (24), o cineasta vencedor do Oscar foi agredido por colonos israelenses. Já na ambulância, o veículo foi tomado por soldados, também israelenses, que o levou para uma prisão. O ataque aconteceu na casa do cineasta, na Cisjordânia, região atualmente ocupada. Yuval Abraham, colega de trabalho de Ballal, afirma que o cineasta foi libertado com diversos ferimentos pelas autoridades após 24 horas de prisão, onde relata ter passado todo o tempo com os olhos vendados em um quarto muito frio.
Os motivos da agressão não foram confirmados, mas especula-se que os palestinos foram acusados de jogar pedras nos colonos israelenses, acusação negada por Hamdan Ballal. "Voltamos do Oscar e, desde então, todos os dias nos atacam. Isto pode ser a vingança deles contra nós por termos feito o filme. É como se fosse um castigo", afirmou Basel Adra, um dos diretores do documentário.
Vencedores do Oscar pelo documentário "Sem Chão" (Foto: reprodução/Scott Kirkland/Getty Images Embed)
Ballal relata ter sofrido ameaças em suas redes sociais, que teriam se intensificado após o destaque do filme “Sem Chão”. A produção explora a experiência pessoal dos cineastas com a constante violência por parte dos exércitos israelenses e seus colonos em vilas da Cisjordânia, uma região da Palestina. Os acontecimentos presentes na obra teriam acontecido antes da declaração oficial de guerra entre Palestina e Israel.
Foto Destaque: Hamdan Ballal após as agressões (Reprodução/Monica Schipper/Getty Images Embed)