A Semana de Moda de Paris terminou na última terça-feira (8), mas saiba que esse não foi o último evento de moda deste mês. A primeira Metaverse Fashion Week começa no dia 24 de março, com quatro dias de apresentações, que incluirão lançamentos de novas coleções, after parties, música ao vivo e vendas de peças tanto digitais quanto físicas. O evento acontecerá na Decentraland e contará com a presença de grandes marcas, como Dolce & Gabbana, Paco Rabanne, Dundas, Tommy Hilfiger, Cavalli, Etro e Nicholas Kirkwood. 

A Decentraland é uma plataforma de realidade virtual que é alimentada pela blockchain Ethereum. Uma das referências mais conhecidas no metaverso, ela vem mostrando interesse na moda, investindo em outras iniciativas, mas a Metaverse Fashion Week será um teste para que as grifes possam experimentar suas tecnologias e as possibilidades de um mercado que está crescendo com cada vez mais rapidez. 

Além de acompanhar os desfiles virtuais, os participantes poderão comprar itens vestíveis no metaverso, as famosas skins, que serão apresentadas no decorrer do evento. Além disso, algumas peças digitais poderão não apenas ser revendidas para outros usuários virtuais, como também trocadas por versões físicas. Nas lojas da Metaverse Fashion Week, será possível encontrar QR Codes que, ao serem escaneados pela câmera do smartphone, disponibilizarão prévias dos itens físicos. 

_{Espaço na Decentraland reservado para a MVFW (Foto: Reprodução/  Decentraland)}

A promessa é que essa seja uma experiência única, que complemente o calendário de desfiles tradicionais, sem replicar experiências físicas. Afinal, uma semana de moda no metaverso rompe com os limites existentes na organização de um evento fashion, possibilitando a criação de peças com materiais nunca vistos antes e que os desfiles ganhem cenários que vão além da imaginação. “É definitivamente uma oportunidade maravilhosa para expandir o universo das marcas e sua aura cultural com algo nunca visto antes”, comentou Clément Roumegous, diretor da consultoria de comunicação de luxo da Al Dente. 

Qualquer um poderá participar da Metaverse Fashion Week. Para isso, basta acessar pelo computador a Decentraland a partir do site da plataforma, usando Firefox, Google Chrome ou Brave. Entretanto, para uma experiência completa, será necessária a carteira digital Ethereum, que além de servir como conta pessoal, permite a compra das peças. 

A Decentraland criou uma FAQ, espaço que responde perguntas frequentes, com todas as informações que serão necessárias para ajudar os participantes e os anúncios de eventos. 

Foto destaque: Token criado pela Dolce & Gabbana em parceria com a UNXF. Reprodução/ Dolce & Gabbana

Na manhã do último domingo (6), os modelos da Balenciaga enfrentaram neve, raios e ventania, em uma demonstração estética de resistência. A apresentação mais aguardada da Semana de Moda de Paris foi uma homenagem do diretor criativo Demna ao povo ucraniano e, sem a intenção de ser agradável aos olhos do público, despertou um desconforto quanto ao que o futuro nos reserva. 

“A Guerra na Ucrânia desencadeou a dor de um trauma passado que carrego em mim desde 1993, quando a mesma coisa aconteceu com meu país natal e me tornei um refugiado para sempre”, escreveu o estilista, em nota entregue aos convidados do desfile, que encontraram nos assentos camisetas em amarelo e azul.  

Demna nasceu em Sukhumi, na Geórgia, e quando tinha 10 anos viu a brutalidade da guerra se abater sobre seu país. No início dos anos 90, ele e a família estavam entre as milhares de pessoas que fugiram de Sukhumi ao se verem em meio ao conflito da Abkhazia, território considerado independente pela Rússia, mas reconhecido como parte da Geórgia pela comunidade internacional. “Passei pela mesma coisa 30 anos atrás. O mesmo agressor, os mesmos aviões militares bombardeando casas, o mesmo motivo geopolítico”, contou Demna, que após ser obrigado a deixar o próprio país passou a morar em Odessa, na Ucrânia. 

_{Balenciaga outono/inverno 2022 (Foto: Reprodução/ Balenciaga)}

Com uma parede de vidro separando a platéia do cenário circular, o desfile começou com a voz do diretor criativo recitando, em ucrâniano, um poema de Oleksandr Oles, poeta e símbolo da resistência da cultura ucraniana, que foi morto por nazistas em 1944. Deliberadamente, Demna não forneceu nenhuma tradução para sua mensagem, ela deveria ser ouvida apenas por quem pudesse entendê-la. 

_{Balenciaga outono/inverno 2022 (Foto: Reprodução/ Balenciaga)} 

Em seguida, modelos cruzaram a passarela se curvando contra a força do vento, enquanto exibiam uma coleção carregada de tons sóbrios e poderosos, como o preto. No caminho coberto de neve, sopraram vestidos volumosos e assimétricos, peças com gola alta, trajes colados à pele, moletons com capuz, casacos acolchoados e jaquetas feitas do couro alternativo da Balenciaga, que é derivado de micélio. Com um visual idêntico ao de Kim Kardashian, que estava entre os convidados do evento, uma modelo desfilou envolta da cabeça aos pés em fita de embalar amarela e preta. 

Entre os acessórios do desfile, marcaram presença as grandes sacolas de couro, que foram arrastadas pelos modelos em meio a tempestade de neve artificial. As notas do show descreveram as peças como “bolsas de lixo”. 

Nos dois looks finais, as inconfundíveis cores da bandeira ucraniana tornaram a surgir: o amarelo em um agasalho e o azul em um vestido de cauda longa. Ainda que a coleção tenha sido criada antes do estopim da Guerra na Ucrânia, Demna contou nos bastidores, que a encenação foi um reflexo autoconsciente de sua experiência como refugiado há 30 anos. O estilista também acrescentou que tinha em mente um comentário sobre as mudanças climáticas e como, em um futuro próximo, a neve pode se tornar um privilégio de poucos, existindo apenas em realidades virtuais. 

_{Balenciaga outono/inverno 2022 (Foto: Reprodução/ Balenciaga)}

Demna também contou em nota que cogitou cancelar o desfile ao refletir sobre como a moda perde a relevância e o direito de existir em um momento como esse. Porém, o diretor criativo concluiu que cancelar o evento significaria ceder e se render a um mal que machucou a ele e sua família. “Decidi que não posso mais sacrificar partes de mim para aquela guerra sem sentido e sem coração”, escreveu. 

Foto Destaque: Balenciaga apresenta coleção Outono/Inverno 2022. Reprodução/ Balenciaga 

No dia 24 de fevereiro, enquanto o calendário europeu de desfiles de moda seguia a todo vapor, tropas russas cruzavam as fronteiras da Ucrânia, dando início à invasão no país. Desde então, marcas e importantes nomes da indústria da moda vêm adotando posições de apoio aos ucranianos e de protesto contra a guerra. 

_{Mulheres se manifestam contra guerra na Ucrânia na semana de moda de Milão (Foto: Reprodução/ Valentina Frugiuele/ Getty Images)} 

No último domingo (27), nenhuma música tocou durante o desfile de Giorgio Armani na semana de moda de Milão. Nas passarelas, apenas os sons dos sapatos dos modelos e os aplausos da plateia se fizeram ouvir. No twitter, o estilista explicou que sua decisão de não usar nenhuma música foi “ tomada como sinal de respeito às pessoas envolvidas na tragédia que se desenrola na Ucrânia”. 

As marcas também se manifestaram contra os ataques da Rússia na Ucrânia na semana de moda de Paris, que começou na terça-feira (1). Responsável por encerrar o segundo dia do evento, a Balmain do diretor criativo Olivier Rousteing iniciou sua apresentação com dançarinos usando chapéus em alusão aos capacetes de soldados. 

“Ao mostrarmos nossa coleção, nós estamos cientes de que há coisas mais importantes acontecendo no mundo hoje. É difícil se sentir bem em focar em passarelas e roupas, enquanto nós ouvimos com o coração pesado as últimas notícias. Os nossos pensamentos e orações estão com os ucranianos.  Nós somos inspirados por sua dignidade, resiliência e devoção à liberdade”, Rousteing afirmou nas redes sociais. 

_{Apresentação da Balmain na semana de moda de Paris (Foto: Reprodução/ Getty Images)}

Ontem, a Coperni abriu o quarto dia da temporada de moda parisiense. A coleção “Coming Of Age”, uma homenagem à juventude de hoje, foi dedicada às costureiras ucranianas que trabalharam na confecção das peças. Desde o relançamento da marca, parte de sua confecção é produzida pelo Cap Est Sarl, que tem ateliês de alta-costura em Kiev. 

“As incríveis mulheres de Cap Est Sarl são grandes colaboradoras, que ajudaram a concretizar a nossa visão do que uma costura contemporânea é capaz de ser. Nossos pensamentos estão com elas. Nosso desfile será dedicado à elas”, comunicou a Coperni em uma postagem no Instagram. 

Ainda nesta semana, a Balenciaga esvaziou todo o seu feed no Instagram, deixando apenas a bandeira da Ucrânia e, na bio, um link pelo qual seus 13 milhões de seguidores podem contribuir com doações. No perfil a marca comunicou que defende a paz e que fez doações ao Programa Mundial de Alimentos, com o objetivo de apoiar a primeira ajuda humanitária para os refugiados ucranianos. Além disso, a Balenciaga abriu suas plataformas para relatar e transmitir informações sobre a situação em que se encontra a Ucrânia. 

_{Perfil da Balenciaga no Instagram (Foto: Reprodução/ Instagram)}

Grandes grupos também estão se posicionando contra o ataque russo. Empresas como Nike, Asos, Boohoo, Puma, Burberry e H&M anunciaram a decisão de encerrar as vendas de seus itens na Rússia. 

H&M, Burberry, LVMH e Asos anunciaram doações à Ucrânia. 

Foto destaque: Coperni dedica coleção às costureiras ucranianas. Reprodução/ Imax

A casa de moda francesa Yves Saint Laurent cruzou as passarelas da Paris Fashion Week na noite da última terça-feira (1). Com a base da Torre Eiffel como plano de fundo, o diretor criativo Anthony Vaccarello apresentou uma coleção sóbria e elegante, com vestidos longos de festa, paletós com ombreiras pontudas e enormes casacos de pele falsa. 

Nesta temporada de outono/inverno 2022/2023, Vaccarello absteve-se das cores e explicou por meio de cartões deixados nos assentos dos convidados, que a coleção se tratava de uma homenagem ao seu pai, falecido recentemente. Nas fileiras da platéia, por sua vez, estavam nomes como Betty Catroux, Victoria Beckham, Catherine Deneuve, Demi Moore, Úrsula Corberó e Maude Apatow. 

_{Yves Saint Laurent aposta em silhueta triangular (Foto: Reprodução/ Imaxtree)}

Ao som da música eletrônica do DJ francês SebastiAn, Yves Saint Laurent apresentou peças em que foi possível observar a presença de duas grandes influências: os arquivos da grife e o Art Déco, movimento artístico do final dos anos 20, que se distinguiu pelo uso de figuras geométricas bem definidas, e cores fortes e marcantes. No tapete cor de rosa do desfile, as produções das modelos delinearam suas silhuetas em forma de triângulo, começando com ombros largos que, gradativamente, se estreitavam até os tornozelos. 

Foram os casacos que protagonizaram a noite de Anthony Vaccarello. Compuseram a coleção grandes modelos de pele falsa (desde o ano passado, a casa aboliu o uso de pele animal), casacos em estilo marinheiro e jaquetas de couro. Para criar essas peças, o diretor criativo se voltou para os arquivos dos anos 80 do próprio estilista Yves Saint Laurent. Outra referência ao fundador da casa foram as flores, usadas como broches presos em jaquetas e vestidos, dando um toque de romance à paleta de cores sombria da coleção, onde predominaram tons como o preto, marrom e marfim. 

_{Jaqueta de couro e pulseiras volumosas são referência ao estilo de Nancy Cunard (Foto: Reprodução/ Imaxtree)}

Nas notas do desfile, Vaccarello revelou que para este trabalho uma de suas grandes inspirações foi Nancy Cunard. Jornalista, poetisa antifascista e ativista do século 20, ela se destacou na luta contra o racismo e era conhecida por favorecer peças de silhueta masculina combinadas com joias volumosas.

A Paris Fashion Week vai até o dia 8 de março e encerra o mês de eventos de moda em Nova York, Londres e Milão. 

Foto destaque: Yves Saint Laurent na Semana de Moda de Paris. Reprodução/ Reuters/ Piroschka van de Wouw

A Milão Fashion Week começou na última quarta-feira (23) e, junto com a temporada, grandes grifes retornaram às passarelas italianas para apresentações em desfiles majoritariamente presenciais, com suas coleções de outono/inverno 2022/23. Após dois anos de pandemia, a indústria da moda se encontra enfraquecida, o que fez com que o evento fosse muito esperado pelo meio. 

A intenção é que um grande número de convidados, fotógrafos e modelos possam conferir as últimas coleções de nomes como Giorgio Armani, Gucci, Versace e Dolce & Gabbana, assim como a estreia da Ferrari, conhecida mundialmente por sua equipe de Fórmula 1. 

_{Prada apresenta coleção de outono/inverno (Foto: Reprodução/ Daniele Venturelli/ Wireimage)}

A Covid-19 chegou na Itália em fevereiro de 2020 e, desde então, essa é a primeira vez em que a maior parte do calendário do evento é composta por desfiles presenciais ao invés de virtuais. Dessa forma, as apresentações tradicionais retornam com a extravagância que costumava atrair um público de influenciadores e blogueiros. Com as exibições da semana de moda dispostas nos quatro cantos da capital, a organização do evento está colocando todas suas esperanças na volta de jornalistas, compradores e personalidades da moda. 

_{Diesel apresenta coleção de outono/inverno (Foto: Reprodução/ Diesel)}

Carlo Capasa, presidente da Câmara Italiana de Moda, reconheceu na semana passada que ainda há muita incerteza na indústria. Contudo, ele declarou em uma coletiva de imprensa que os 58 desfiles presenciais podem ser encarados como um forte sinal de positividade e otimismo de que o setor ganhará um novo impulso. 

“Após quase dois anos de disrupção, a indústria global da moda está recuperando seu equilíbrio”, a consultoria McKinsey explicou em um relatório que foi divulgado em dezembro do ano passado. 

Após uma ausência de dois anos, todos os olhares do universo fashion estão voltados para a Gucci, grife de luxo considerada um símbolo da moda italiana, que regressa nesta sexta-feira (25). Em novembro de 2021, Alessandro Michele, estilista e seu diretor criativo, despertou a curiosidade de todos com a “Gucci Love Parade”, que aconteceu em Hollywood.  

Foto destaque: Prada apresenta coleção de outono/inverno. Reprodução/ Daniele Venturelli/ Wireimage.

Na última quarta-feira (23), Milão deu início a uma das semanas de moda mais importantes, com o desfile de outono/inverno 2022/23 da Fendi. Nesta temporada, o estilista Kim Jones propôs uma coleção que revisita os arquivos da grife italiana. Encarregada de abrir a apresentação, Bella Hadid cruzou a passarela com um vestido de chiffon, combinado com jaqueta cropped e luvas verdes de caxemira. 

A semana de moda de Milão, que acontece entre os dias 23 e 28 de fevereiro, está contando com espetáculos majoritariamente presenciais, incluindo nomes como Dolce & Gabbana, Giorgio Armani, Versace e Prada. 

_{Bella Hadid abre desfile da Fendi (Foto: Reprodução/ Victor Boyko)}

No primeiro dia da temporada, o desfile de outono/inverno da Fendi de Kim Jones, diretor artístico de costura e vestuário feminino da grife, tirou o fôlego ao harmonizar peças estruturadas com tecidos mais fluidos e suaves. O contraste entre leveza e solidez esteve presente até mesmo no palco da apresentação. A passarela usada pelas modelos estava localizada no interior de uma estrutura que remetia a uma túnel de concreto. No teto, luzes pulsavam de uma ponta a outra, transportando os espectadores para o universo da Fendi. 

_{Coleção combina peças estruturadas com tecidos suaves (Foto: Reprodução/ Daniele Venturelli/ Getty Images)}

Nesta coleção, Kim Jones decidiu borrar as fronteiras entre os guarda-roupas masculinos e femininos, misturando tecidos e silhuetas opostas, combinando o sofisticado com o sensual. O desfile, que foi aberto pela modelo Bella Hadid, apresentou blusas transparentes, saias de design romântico e calças com babados. Porém, se a fluidez marcou presença no começo do show, à medida que ele avançou, as peças se tornaram mais estruturadas. Espartilhos e jaquetas ajustados na cintura contrastaram com a delicadeza das produções anteriores.

No jogo de contrastes das texturas, Jones além de brincar com a leveza do chiffon ao combiná-lo com blazers e casacos de pele e lã, também explorou a rigidez do couro com a sutileza da renda. A paleta da coleção também ostentou um cabo de guerra entre tons pasteis e cores mais severas, como marrom escuro, cinza e azul marinho. 

_{Produções brincam com texturas e cores (Foto: Reprodução/ Daniele Venturelli/ Getty Images)}

No programa do desfile, Kim Jones disse que para esta coleção buscou os arquivos da Fendi após ver Delfina Delettrez, designer de jóias, usando uma blusa antiga com estampa Memphis, que pertencia à sua mãe, Silvia Venturini Fendi, fundadora da grife sediada em Roma e magnata da família.

Foto destaque: Fendi apresenta coleção na Semana de Moda de Milão. Reprodução/ Reuters