F1 impõe duas paradas obrigatórias no GP do Catar

Decisão, tomada pela FIA e pela Pirelli, nasceu de uma preocupação crescente de proteger os competidores de um desgaste de pneus que ultrapassa limites

17 nov, 2025
Pit stop em corrida da Formula1 | Reprodução/x/@blog_formula1
Pit stop em corrida da Formula1 | Reprodução/x/@blog_formula1

A Fórmula 1 terá um ingrediente incomum no GP do Catar deste ano: pela primeira vez desde que voltou ao calendário, a corrida contará com duas paradas obrigatórias para todos os pilotos. A decisão, tomada em conjunto pela FIA e pela Pirelli, nasceu de uma preocupação crescente de proteger os competidores de um desgaste de pneus que, em Losail, costuma ultrapassar os limites do aceitável.

Mais do que um ajuste técnico, a mudança revela a tensão silenciosa que envolve a categoria nas últimas temporadas: como equilibrar velocidade, espetáculo e segurança em pistas cada vez mais exigentes.

Limite pensado para evitar sustos

O alerta veio da própria Pirelli, que classificou o traçado catariano como “agressivo demais” para stint longos. O limite de 25 voltas por jogo de pneus agora vale para treinos, classificação e corrida. Na prática, com 57 voltas previstas, não há como escapar de duas passagens pelos boxes.


Pneu sendo trocado na Fórmula 1 (Foto: reprodução/x/@blog_formula1)


A combinação de curvas de alta velocidade, longas sequências de direção lateral e asfalto abrasivo já colocaram a durabilidade dos pneus à prova no passado. A decisão, portanto, não surge do acaso, mas de dados, e de memórias recentes de bolhas, vibrações e compostos no limite.

Estratégias viram peça-chave

A obrigatoriedade das duas paradas muda o tabuleiro. Equipes que costumam apostar em longos stints para subir posições precisarão repensar a abordagem. Pilotos terão menos margem para “conservar” pneus além do esperado. E o ritmo de corrida pode ganhar novas nuances, com mais alternância de posições e escolhas estratégicas mais transparentes.

Na prática, a regra deixa a prova menos aberta ao improviso e mais dependente de execução, algo que tende a beneficiar equipes com operações de pit stop mais afiadas.

Movimento que ecoa na categoria

Embora seja uma determinação exclusiva para o GP do Catar, a medida reacende um debate antigo dentro da Fórmula 1: até que ponto a categoria deve intervir diretamente nas estratégias para proteger pilotos e aumentar o espetáculo?

No paddock, a leitura é dividida. Há quem veja a decisão como sinal de amadurecimento, em que dados de segurança prevalecem sobre tradições. Outros enxergam risco de interferência excessiva, abrindo espaço para que regras semelhantes apareçam em outros circuitos.

Para os pilotos, o discurso é direto: ninguém quer reviver incidentes envolvendo pneus em alta velocidade. Nos bastidores, a sensação é de alívio. Um ajuste como esse evita surpresas desagradáveis e reforça a ideia de que a F1 atual não hesita em corrigir o rumo quando necessário.

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