Foco Fachadas em ACM: como um casal do interior gaúcho transformou método e disciplina em uma operação milionária — a dois
O avanço técnico veio de uma combinação de estudo, prática e gente boa no caminho

Da infância na roça em Tuparendi (RS) ao protagonismo nacional em fachadas de ACM: Daniel Kelm e Natiele Maira Zorzi construíram a Foco Comunicação Visual com processos digitais, engenharia 3D e eficiência radical — um modelo que superou R$ 1 milhão em 2024 e projeta R$ 1,5 milhão em 2025, ainda com apenas duas pessoas.
Quando Daniel Guilherme Kelm fala de trabalho, ele fala de raiz. Filho de produtores rurais do interior de Tuparendi (RS), cresceu entre ordenha e manejo de gado. A primeira virada veio com os computadores: autodidata, curiosidade infinita e um interesse natural por desenho e software. Na adolescência, encontrou o caminho formal no técnico em Design Gráfico da SETREM, em Três de Maio (RS) — curso que ele e Natiele Maira Zorzi, sua parceira na vida e nos negócios, cursaram juntos ainda no ensino médio.
“Eu sempre gostei de criar e de organizar o caos. No design encontrei método. Na obra, encontrei propósito”, resume Daniel.
Nasce a Foco — e a decisão que muda tudo
Após estágio e passagem pela CG Designers, em Santa Rosa (RS) — onde aprendeu excelência, acabamento e respeito ao ofício — Daniel decidiu empreender. A Foco Comunicação Visual LTDA (Foco Fachadas em ACM) surgiu pequena, no centro de Tuparendi, literalmente dentro de uma casa antiga adaptada. No começo, como a maioria: de tudo um pouco — adesivos, brindes, banners, convites, plotagens, o que aparecesse.
A curva muda quando Daniel encara a primeira fachada em ACM (Aluminum Composite Material). A execução impressiona pelo capricho, mas a montagem consome tempo demais. “Ali eu entendi que o segredo não era fazer mais coisas; era fazer uma coisa muito bem, com método”, lembra.
A partir daí, estudo pesado. Treinamentos presenciais, imersões técnicas, eventos do setor e, principalmente, a decisão estratégica que deu identidade à empresa: focar 100% em fachadas arquitetônicas de alto padrão com ACM. Nada de dispersão. Nada de “pegar de tudo”.
“Foi a decisão mais difícil da nossa história: aprender a dizer não. Quando você tem contas a pagar, dizer ‘não’ a serviços fáceis dói. Mas foi isso que deu certo”, diz.
A engenharia do “enxuto que escala”
Com o foco definido, veio a segunda grande virada: a digitalização total do processo. Daniel adotou o SketchUp como ferramenta executiva, não apenas de apresentação. Em 3D, modela volumetria, estrutura e detalhamento; relatórios automáticos viram listas de corte; planificação CNC minimiza erro e desperdício; a montagem em campo acontece como um “lego” industrial.
Ao mesmo tempo, a empresa abandona a solda e migra para estruturas em alumínio parafusadas. Resultado: precisão, repetibilidade, limpeza de obra e controle de qualidade em cada etapa.
Na prática, isso permitiu um feito raro no setor: uma operação que roda — e cresce — com apenas duas pessoas. Daniel conduz projeto, engenharia e coordenação; Natiele, com disciplina e técnica, monta estruturas, organiza o canteiro e conduz as instalações. “A Nati é a espinha dorsal da produção. Tudo encaixa porque ela faz encaixar”, diz ele.
Aprendizado, comunidade e os encontros que aceleram
O avanço técnico veio de uma combinação de estudo, prática e gente boa no caminho. Daniel destaca a influência de formações presenciais e cursos especializados, a participação em eventos de referência do setor e o impacto de conteúdos de gestão que o ajudaram a dominar custos, precificação e fluxo financeiro. “Conhecimento muda tudo. Gestão muda tudo”, afirma.
Com método, a Foco começou a assinar obras maiores e mais complexas — de concessionárias de veículos a agências bancárias, incluindo uma sequência de projetos para o Sicredi em diferentes cidades, com volumes significativos de revestimento e brises. O padrão: projeto em 3D, fabricação guiada por relatórios e montagem limpa, garantindo estética, estanqueidade e durabilidade.
3D Workflow: quando a prática vira escola
A maturidade do processo levou Daniel à co-produção do 3D Workflow, curso criado em parceria com Flávio Santos. O programa ensina justamente o que ele e Natiele aplicam diariamente: modelagem paramétrica, blocos dinâmicos, detalhamento executivo, integração com CNC, organização de listas de corte e montagem de campo.
“O 3D Workflow é o espelho do que vivemos na Foco”, explica Daniel. “A gente ensina para o mercado o método que permite a qualidade de grande empresa com a agilidade de equipe pequena.”
O resultado apareceu nos números: em 2024, a Foco superou R$ 1 milhão em faturamento; para 2025, a projeção é ultrapassar R$ 1,5 milhão — ainda com duas pessoas. “Não é sobre quantidade de gente; é sobre clareza de processo, eficiência e responsabilidade técnica.”
Reconhecimento e palco
O reconhecimento veio do mercado e dos eventos. Daniel foi palestrante da FuturePrint 2025no Fachada Makers, espaço dedicado a demonstrações técnicas ao vivo de fachadas comerciais em ACM. Também palestrou no evento Fachadas Pró e atuou como jurado no 3D Elite Cup, encontros considerados entre os mais relevantes do país na formação e valorização do setor.
No lado industrial, homologações e parcerias reforçaram a credibilidade técnica — com treinamento presencial e suporte de fabricante, e a chancela de que o método executado pela Foco atende padrões exigentes de qualidade, segurança e acabamento.
Durante 2025, a Foco conquistou também um dos reconhecimentos técnicos mais relevantes do setor: a homologação pela Projeto Alumínio, através da Móduly — empresa integrante da própria Projeto Alumínio, especializada em treinamentos presenciais e certificação técnica de instaladores de ACM.
A Móduly é hoje a única empresa no Brasil que realiza homologações oficiais de profissionais instaladores, avaliando domínio técnico, precisão e conformidade com os padrões de montagem e segurança da fabricante.
Daniel Kelm e Natiele Maira Zorzi realizaram juntos o processo completo de homologação presencial na fábrica da Projeto Alumínio, e tornaram-se dois dos poucos profissionais reconhecidos oficialmente pela Móduly em todo o país.
Com isso, a Foco Fachadas em ACM se tornou a única empresa brasileira com 100% de sua equipe homologada, já que ambos — Daniel e Natiele — são os responsáveis diretos por todas as etapas das obras.
Esse feito reforça o compromisso da marca com qualidade técnica, ética profissional e execução dentro dos padrões mais rigorosos do mercado.
Filosofia de obra: estética, engenharia e verdade
Se houver uma tese central na história da Foco, é esta: obra é engenharia, e engenharia é estética. Não existe fachada bonita que não seja tecnicamente correta. “A gente trata cada projeto como arquitetura construída. Alinhamento, juntas, modulação, drenagem — tudo tem desenho e consequência. O 3D nos permite zerar surpresa em campo”, explica.
A montagem segue essa lógica: tudo pensado parafuso a parafuso. Sem improviso. Sem “gambiarra”. “É eficiência com responsabilidade. O cliente percebe quando a coisa é séria.”
Casos emblemáticos
Entre os marcos da trajetória, Daniel cita uma grande concessionária de veículos no RS, cuja execução exigiu alcance maior em altura e logística de precisão — o que levou a Foco a evoluir também em equipamentos, com guindauto de maior alcance e infraestrutura de transporte ajustada à escala dos novos projetos.
Outra frente decisiva são as agências do Sicredi na região, onde a Foco executou múltiplas unidades com alto padrão de repetibilidade e fidelidade à identidade visual — um tipo de obra em que padronização, prazos e acabamento são inegociáveis. “É onde o método mostra todoo valor.”
O modelo que inspira
Mais do que uma boa história de negócios, a Foco se tornou exemplo de gestão enxuta e alta performance. “Muita gente acredita que para entregar obras grandes precisa de uma equipe enorme. Nosso caminho mostra outra possibilidade: quando você domina o processo, duas pessoas muito competentes podem entregar resultados equivalentes aos de estruturas complexas”, afirma Daniel.
A mensagem que ele faz questão de reforçar é simples: eficiência é um valor. “Empresa boa é empresa que dá certo, com propósito, com margem, com cliente satisfeito — e com qualidade que você assina embaixo.”
Próximos passos
A Foco deve ampliar a atuação no mercado nacional, priorizando obras corporativas que exijam padronização, repetibilidade e alto controle de qualidade. No pipeline, estão:
O objetivo é claro: consolidar um padrão de excelência reconhecido no Brasil, unindo eficiência operacional, engenharia de precisão e entrega estética consistente em cada projeto.