Vinte e cinco pessoas morrem por adulteração de vodca na Rússia
Casos ocorreram na região de São Petersburgo e ao todo, 14 pessoas já foram presas; situação parecida ocorreu em São Paulo na semana passada

Neste mês, pelo menos 25 pessoas vieram a óbito na Rússia por consumirem vodkas adulteradas na região de São Petersburgo. Entre as 25 mortes, oito possuem a causa confirmada por intoxicação por metanol. Resultados de exames periciais também indicaram altos níveis da substância nos corpos das vítimas, afirmou um médico à AFP. Uma pessoa se encontra internada em estado grave em um hospital, informou a agência de notícias estatal russa Ria. Até o momento, 14 pessoas foram presas.
Mais sobre o caso
Informações preliminares indicam que os envenenamentos ocorreram através de bebidas produzidas por comerciantes não autorizados. A promotoria regional confirmou nesta sexta-feira (26) que várias pessoas acabaram sendo envenenadas com bebidas falsificadas no distrito de Slantsy, já no sabádo (27), níveis de metanol foram confirmados em mais de seis corpos.
Os primeiros detidos pelo caso foram uma mulher de 60 anos identificada como Olga Stepanova e um homem de 78 anos chamado Nikolai Boytsov. Olga, que é professora de jardim de infância, seria a responsável pelo fornecimento de álcool ao aposentado, que por sua vez, fabricou e engarrafou o líquido em uma instalação improvisada, segundo informações da rede de televisão russa REN TV. Boytsov mais tarde, teria vendido a bebida por menos de um euro, no entanto, antes da venda, ele envenenou sua esposa de 75 anos.
Ambos foram detidos pelas autoridades de Leningrado sob a acusação de produção e venda de produtos nocivos contendo álcool, em que se resulta na morte de várias pessoas.
Outros 12 suspeitos de envolvimento na distribuição das bebidas alcoólicas adulteradas também foram detidos. Durantes as buscas, a polícia apreendeu mais de 1.300 litros de bebidas alcoólicas falsificadas. Foram abertos três processos criminais para investigar o caso. O gabinete do promotor público da região de São Petersburgo divulgou a realização de buscas em locais de possível armazenamento e distribuição das bebidas.
A fama de bebidas alcoólicas falsificadas na Rússia
O crescimento de bebidas alcoólicas contrabandeadas estão ganhando popularidade na Rússia, à medida que os preços do álcool disparam devido à guerra. Entre a faixa etária que mais consome esse tipo de bebida, destacam-se os aposentados.
A porta-voz do Ministério do Interior, major-geneal Irina Volk, confirmou que forças de segurança detiveram um morador da cidade de Gostilitsy por supostamente ”vender um líquido com álcool”.
As autoridades não descartam que hajam mais vítimas fatais do que as já confirmadas e continuam a realizar o controle sobre as pessoas que faleceram repentinamente.
Canais de Telegram, como o ”Topor”, são utilizados para repassar informações e detalhes dos terríveis efeitos que a vodka adulterada provocou em uma das vitimas, foi destacado o falecimento de um homem achamado Yuri Spiridonov, de 54 anos, que após consumo, se moveu desesperadamente de joelhos até sua esposa e afirmou que estava morrendo, horas depois, Spiridonov infelizmente chegou a óbito. Por meio do mesmo canal de informação, está se asegurando de que nesta mesma noite, outras treze pessoas morreram nas mesmas condições que o homem.
Reportagem do ''Fantástico'' sobre os casos brasileiros de intoxicação (Vídeo: reprodução/Youtube/g1)
Turistas também são vítimas
No mês passado, mais de uma dúzia de pessoas morreram de envenenamento por metanol após a compra de álcool falsificado, sem as vítimas terem consciência do fato, em um popular resort russo. Supostamente, esses turistas compraram a bebida na cidade de Soshi. Após beber, uma das vítimas ficou cega e veio a falecer de insuficiência renal depois de consumir Chacha falso, um conhaque forte e claro. Dois outros turistas também morreram de envenenamento ao chegarem em casa.
Duas pessoas, identificadas como Olesya e Eteri, de 31 e 71 anos, respectivamente, compareceram mais tarde a um tribunal de Sochi por suspeita de distribuição de álcool falsificado. A partir desta situação, o Ministério de Assuntos Internos da Rússia emitiu um alerta urgente aos cidadãos para não consumirem ”produtos alcoólicos de origem desconhecida”.
De São Petersburgo para São Paulo
No último mês ao menos nove casos foram registrados em São Paulo, todos justamente por adulteração de bebidas alcoólicas com metanol. Segundo autoridades, ao menos três mortes suspeitas estão sob investigação, duas em São Bernardo dos Campos e uma na capital paulista.
A Prefeitura de São Paulo emitiu um alerta sobre a possível presença de metanol em bebidas adulteradas. “A intoxicação por Metanol é grave e os sintomas iniciais podem passar despercebidos“, diz o texto. “O tratamento precoce evita a acidose grave e a insuficiência renal.”
A Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (Senad), do Ministério da Justiça e da Segurança Pública informou que o aumento de ocorrências recebidas foi classificada pelas autoridades como ”fora do padrão”.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública emitiu uma recomendação, no último sábado (27), aos estabelecimentos que comercializam bebidas alcoólicas no Estado, reforçando também a necessidade de que as empresas façam compras seguras, que confiram os produtos e fortifiquem a a rastreabilidade dos produtos.
Também deixou registrado que preços muito baixos, lacres tortos, erros grosseiros de impressão, odor semelhante a solvente e relatos de consumidores com sintomas como visão turna, dor de cabeça intensa, náusea ou rebaixamento da consciência “devem ser tratados como suspeita de adulteração“.
Por meio de uma nota, a Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe) disse que acompanhou diversas operações combatendo ao comércio de produtos ilícitos, e que apenas em 2025, houveram mais de 160 mil produtos falsificados apreendidos.
Entenda o metanol
Não destinado ao consumo ao consumo humano, por ser altamente tóxico, o Metanol é um produto químico industrial que se encontra em fluidos anticongelantes e de limpadores de para-brisa. Bastando somente pequenas doses para ser prejudicial, algumas doses de bebida alcoólica clandestina que o contenham podem ser letais.
O que eleva o perigo é o fato de que a substância possui o sabor e a aparência do álcool, tendo também seus primeiros efeitos semelhantes, causando embriaguez e a sensação de enjoo. Sendo assim, inicialmente as pessoas podem não perceber que há algo de errado. O dano ocorre horas depois, quando o corpo tenta eliminá-lo do organismo, metabolizando-o no fígado.