Brasil aguarda críticas a Israel durante a Assembleia Geral da ONU

Brasil espera que a ONU condene Israel e cobre consistência das nações europeias; Lula participará de encontros sobre democracia, sem se reunir com Trump

21 set, 2025
Pronunciamento do Presidente Lula | Reprodução/Instagram/@presidenciadobrasil
Pronunciamento do Presidente Lula | Reprodução/Instagram/@presidenciadobrasil

O governo Lula avalia que cresce a pressão sobre países europeus diante da guerra no Oriente Médio. Para Brasília, já não é viável manter a crítica à Rússia sem também reprovar as ações de Israel. A posição é vista como incoerente no cenário internacional.

Nos dias que antecedem a Assembleia Geral da ONU, que começa na próxima terça-feira (23), em Nova York, vários países anunciaram que reconhecerão oficialmente o Estado Palestino durante o encontro. Entre eles estão membros do G-7, como França e Canadá, além de Portugal e Bélgica.

A expectativa do governo do Brasil

Para o governo brasileiro, essa decisão foi recebida com entusiasmo e aumentou a expectativa de que cerca de 150 dos 193 países da ONU adotem a mesma postura. Fontes em Brasília afirmam que “Israel já é visto como vilão pela comunidade internacional” e que a reunião marcará um momento de forte condenação global ao país.

O Brasil participará, nesta segunda-feira (22), de uma conferência em Nova York sobre a proposta de dois Estados, organizada pela Arábia Saudita em parceria com a França. O presidente francês, Emmanuel Macron, vem conduzindo articulações discretas para angariar apoio de outras nações europeias e também de diferentes continentes à iniciativa.

Segundo uma fonte ligada ao governo Lula, “o que está acontecendo agora confirma o que defendemos desde o início de 2024, posição pela qual o presidente Lula foi bastante criticado. Não haverá consenso na ONU sobre o reconhecimento do Estado Palestino, já que o assunto não avançará no Conselho de Segurança, onde os Estados Unidos devem exercer seu poder de veto. Ainda assim, o termo genocídio deverá ser citado em vários discursos”, afirmou a fonte, ressaltando que nações como Turquia e Indonésia já oficializaram esse reconhecimento.

Segundo a avaliação do governo brasileiro, a intensificação das críticas a Israel é resultado de suas investidas em Gaza e na Cisjordânia. Na visão de Brasília, os países europeus não têm alternativa: se deixarem de condenar Israel, entrarão em contradição com a postura que mantêm em relação à Rússia. Para fontes oficiais, se Moscou é responsabilizada pela guerra na Ucrânia, não há justificativa para tratar Israel de forma diferente. “A narrativa contra a Rússia perderia consistência caso a Europa continuasse a poupar Israel”, destacou uma das fontes.


Presidente do Brasil Lula

Lula (Foto: Reprodução/Instagram/@presidenciadobrasil)

Encontro democrático

O presidente Lula participará de vários compromissos em Nova York durante a Assembleia Geral da ONU. A agenda ainda não está totalmente definida, e o volume recorde de pedidos para reuniões bilaterais impossibilita que todos sejam atendidos. Nem mesmo o encontro com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, solicitado pelas autoridades ucranianas, havia sido confirmado até o fim de semana.

Um encontro entre o presidente Lula e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não está previsto. O máximo que pode ocorrer é um aperto de mãos nos corredores da ONU, já que ambos falarão no mesmo dia, Lula, como de costume, será o primeiro, e Trump, o segundo.

O governo brasileiro não tem, neste momento, intenção de se aproximar da Casa Branca, em meio à tensão e às ações comerciais de Trump contra o país. Na quarta-feira, o Brasil, junto com a Espanha, liderará pelo segundo ano seguido um encontro em defesa da democracia e contra os extremismos. Por razões óbvias, o governo Trump não consta da lista de convidados desse grande evento da democracia.

No ano passado, o governo Biden recebeu um convite e, para evitar atritos com o então candidato republicano, enviou funcionários de menor escalão. Convidar Trump, líder da extrema-direita mundial, não faria sentido algum, conforme consenso entre os organizadores do evento da Organização das Nações Unidas.

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