Plano de Bolsonaro para pedir asilo na Argentina repercute na imprensa internacional

Documento foi encontrado sem assinatura em um dos celulares apreendidos do ex-presidente e revela uma intenção de fuga para o país vizinho

21 ago, 2025
Bolsonaro | Reprodução/Gov/Carolina Antunes
Bolsonaro | Reprodução/Gov/Carolina Antunes

O inquérito da Polícia Federal que indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro com seu filho Eduardo Bolsonaro por coação às autoridades responsáveis pelo inquérito de golpe de Estado mostrou que Bolsonaro tinha planos de buscar asilo político na Argentina.

A informação repercutiu na imprensa internacional, sobretudo o fato de o ex-presidente ter um rascunho do pedido de asilo em seu poder desde fevereiro de 2024.

Mídia Internacional comenta o caso

A imprensa internacional repercutiu o encontro do documento de asilo feito pela Polícia Federal em suas edições diárias.

A maioria das editorias chamou a atenção para o fato de o ex-presidente estar em prisão domiciliar por responder como réu ao processo por golpe de estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito e por ser considerado líder na tentativa de golpe.


'Clarín' repercute rascunho de pedido de asilo de Bolsonaro à Argentina — Foto: Reprodução

Clarín foi um dos jornais internacionais que repercutiu o caso (Foto: reprodução/Clarín)


Além disso, destacam o alinhamento político entre Javier Milei e Bolsonaro, trazendo o mesmo como o principal fator para o pedido de asilo.

O Clarín também chamou a atenção para o fato de Jair ter se autointitulado como perseguido politicamente no Brasil por conta de suas ações. Também atentou ao fato o documento estar sem data e assinatura, mostrando que claramente poderia ser usado em algum momento.

Rascunho de pedido de asilo estava em smartphone

Durante as investigações, foi encontrado um planejamento de fuga para a Argentina visando pedir asilo político ao presidente Javier Milei para fugir das sanções judiciais por conta dos processos que envolvem o ex-presidente.

No smartphone de Bolsonaro, foi encontrado um arquivo editável com o pedido de asilo político ao presidente Javier Milei, citado nominalmente no documento. O documento não tem data nem assinatura, mas a PF chegou às datas de produção por conta das informações de modificações no documento ficarem guardadas no arquivo.


Página de documento em que Bolsonaro pede asilo na Argentina achado no telefone do ex-presidente — Foto: Reprodução

Carta de pedido de asilo político de Bolsonaro (Foto: Reprodução/g1.globo)

O documento, além de contar com duas passagens bíblicas, inclusive uma retirada do Evangelho segundo São João, capítulo oito, versículo 32: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”, que foi usada pelo ex-presidente em suas campanhas para presidente tanto em 2018 quanto em 2022, cita também acordos internacionais para asilos políticos.

Na carta, Bolsonaro afirma que o pedido de asilo vem por conta de uma perseguição por cometer delitos essencialmente políticos e que as medidas cautelares são formas de perseguição à sua pessoa.

Até o fechamento desta matéria, Javier Milei e a embaixada da Argentina no Brasil não se manifestaram sobre o caso.

Segundo a defesa, a ideia veio na data citada na investigação, foi aceita por Bolsonaro, mas foi rechaçada pelo mesmo dias depois.

Documento foi feito por esposa de filho do Bolsonaro

O relatório da Polícia Federal apresenta o documento de 33 páginas com o pedido de anistia e seus dados. De acordo com os dados, a autoria do documento é de uma conta intitulada como Fernanda Bolsonaro, que também foi a última conta a modificar o documento, editável em nuvem.

Para a PF, trata-se de Fernanda Antunes Figueira Bolsonaro, esposa do senador Flávio Bolsonaro. A última edição do documento foi no dia 5 de dezembro de 2023, dois dias antes da viagem para a Argentina de Bolsonaro, que a avisou ao ministro Alexandre de Moraes. O ex-presidente voltou no dia 11 do mesmo mês.

O inquérito mostra a clara tentativa de Bolsonaro e de aliados para se evadir do Brasil para conseguir o asilo político para fugir das sanções judiciais pelos atos golpistas.

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