Plano de Bolsonaro para pedir asilo na Argentina repercute na imprensa internacional
Documento foi encontrado sem assinatura em um dos celulares apreendidos do ex-presidente e revela uma intenção de fuga para o país vizinho

O inquérito da Polícia Federal que indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro com seu filho Eduardo Bolsonaro por coação às autoridades responsáveis pelo inquérito de golpe de Estado mostrou que Bolsonaro tinha planos de buscar asilo político na Argentina.
A informação repercutiu na imprensa internacional, sobretudo o fato de o ex-presidente ter um rascunho do pedido de asilo em seu poder desde fevereiro de 2024.
Mídia Internacional comenta o caso
A imprensa internacional repercutiu o encontro do documento de asilo feito pela Polícia Federal em suas edições diárias.
A maioria das editorias chamou a atenção para o fato de o ex-presidente estar em prisão domiciliar por responder como réu ao processo por golpe de estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito e por ser considerado líder na tentativa de golpe.
Clarín foi um dos jornais internacionais que repercutiu o caso (Foto: reprodução/Clarín)
Além disso, destacam o alinhamento político entre Javier Milei e Bolsonaro, trazendo o mesmo como o principal fator para o pedido de asilo.
O Clarín também chamou a atenção para o fato de Jair ter se autointitulado como perseguido politicamente no Brasil por conta de suas ações. Também atentou ao fato o documento estar sem data e assinatura, mostrando que claramente poderia ser usado em algum momento.
Rascunho de pedido de asilo estava em smartphone
Durante as investigações, foi encontrado um planejamento de fuga para a Argentina visando pedir asilo político ao presidente Javier Milei para fugir das sanções judiciais por conta dos processos que envolvem o ex-presidente.
No smartphone de Bolsonaro, foi encontrado um arquivo editável com o pedido de asilo político ao presidente Javier Milei, citado nominalmente no documento. O documento não tem data nem assinatura, mas a PF chegou às datas de produção por conta das informações de modificações no documento ficarem guardadas no arquivo.
Carta de pedido de asilo político de Bolsonaro (Foto: Reprodução/g1.globo)
O documento, além de contar com duas passagens bíblicas, inclusive uma retirada do Evangelho segundo São João, capítulo oito, versículo 32: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”, que foi usada pelo ex-presidente em suas campanhas para presidente tanto em 2018 quanto em 2022, cita também acordos internacionais para asilos políticos.
Na carta, Bolsonaro afirma que o pedido de asilo vem por conta de uma perseguição por cometer delitos essencialmente políticos e que as medidas cautelares são formas de perseguição à sua pessoa.
Até o fechamento desta matéria, Javier Milei e a embaixada da Argentina no Brasil não se manifestaram sobre o caso.
Segundo a defesa, a ideia veio na data citada na investigação, foi aceita por Bolsonaro, mas foi rechaçada pelo mesmo dias depois.
Documento foi feito por esposa de filho do Bolsonaro
O relatório da Polícia Federal apresenta o documento de 33 páginas com o pedido de anistia e seus dados. De acordo com os dados, a autoria do documento é de uma conta intitulada como Fernanda Bolsonaro, que também foi a última conta a modificar o documento, editável em nuvem.
Para a PF, trata-se de Fernanda Antunes Figueira Bolsonaro, esposa do senador Flávio Bolsonaro. A última edição do documento foi no dia 5 de dezembro de 2023, dois dias antes da viagem para a Argentina de Bolsonaro, que a avisou ao ministro Alexandre de Moraes. O ex-presidente voltou no dia 11 do mesmo mês.
O inquérito mostra a clara tentativa de Bolsonaro e de aliados para se evadir do Brasil para conseguir o asilo político para fugir das sanções judiciais pelos atos golpistas.