OMS destaca perigo da hepatite D como agente cancerígeno
Doença pode causar infecções persistentes que elevam consideravelmente as chances de desenvolver cirrose, insuficiência hepática ou câncer no fígado

A Organização Mundial da Saúde (OMS), por meio da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), anunciou que o vírus da hepatite D passa a integrar a lista de agentes classificados como cancerígenos para seres humanos. A atualização coloca a infecção no mesmo nível de risco atribuído ao HPV, conhecido por causar diferentes tipos de câncer.
De acordo com dados da OMS, as hepatites B, C e D estão associadas ao desenvolvimento de cirrose e câncer de fígado, provocando, juntas, mais de 1,3 milhão de mortes por ano, o que representa milhares de vítimas todos os dias no mundo. O diretor-geral da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus, enfatizou que, embora as consequências sejam graves, já existem ferramentas capazes de reduzir o impacto da doença quando há prevenção e tratamento adequados.
Coinfecção por hepatite B eleva risco de complicações
O vírus da hepatite D, também chamado de Delta, apresenta uma particularidade: ele só consegue infectar indivíduos que já possuem hepatite B. Essa dupla presença, chamada de coinfecção, eleva significativamente a probabilidade de desenvolver câncer de fígado, em alguns casos, até seis vezes mais do que em infecções causadas apenas pelo vírus B.
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Post informativo da OMS sobre a Hepatite (Foto: Reprodução/Instagram/@who)
A transmissão da hepatite ocorre de forma semelhante à da hepatite B, por meio do contato direto com sangue ou fluidos corporais contaminados, relações sexuais sem preservativo, compartilhamento de seringas ou objetos cortantes e, em alguns casos, durante o parto. Após a infecção, o vírus pode provocar inflamação hepática intensa, acelerar a fibrose e aumentar o risco de evolução para cirrose e carcinoma hepatocelular.
Prevenção continua sendo a maior aliada
A forma mais eficaz de prevenir a infecção pelo vírus Delta é evitar a hepatite B. A vacina contra a hepatite B, disponível na rede pública de saúde, é a principal ferramenta de proteção. Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o uso de preservativos, a não reutilização ou compartilhamento de objetos cortantes e a garantia de que procedimentos médicos ou estéticos sejam realizados com materiais esterilizados.
Embora existam tratamentos eficazes para a hepatite C, as opções para a hepatite D continuam em desenvolvimento. Por isso, especialistas reforçam que o diagnóstico precoce e a imunização são fundamentais para conter a progressão da doença.
Hepatite D recebe alerta como agente cancerígeno
A inclusão da hepatite D na lista de agentes cancerígenos reforça o alerta para a comunidade médica e a população em geral. Em regiões com maior incidência de coinfecção por hepatite B, como áreas da Amazônia, a vigilância deve ser intensificada.
Por meio da combinação de informação, vacinação e testagem, é possível reduzir significativamente os casos graves da doença e salvar milhares de vidas anualmente. A prevenção se mantém como a estratégia mais eficaz no combate a essa ameaça silenciosa.