Textor rompe com Renato Paiva e expõe divergência de ideias no comando do Botafogo

Textor vai à mídia e expõe o porquê do Renato Paiva foi demitido com divergências de seu trabalho e comenta contratação de novo treinador

10 jul, 2025
Textor e Renato Paiva e sua apresentação pelo Botafogo |
reprodução/X/@MeuBotafogo
Textor e Renato Paiva e sua apresentação pelo Botafogo | reprodução/X/@MeuBotafogo

A curta passagem de Renato Paiva pelo Botafogo chegou ao fim após um desgaste silencioso que, segundo John Textor, dono da SAF alvinegra, foi motivado por uma quebra de princípios. A decisão, comunicada logo após a eliminação no Mundial de Clubes para o Palmeiras, revelou mais do que uma simples insatisfação com os resultados: escancarou um desalinhamento profundo sobre como o time deveria jogar.

Crise de identidade tática

Ao comentar a saída do treinador em entrevista ao podcast britânico TalkSPORT, Textor foi direto: “Ele abandonou aquilo que acreditava”. A crítica do dirigente se refere ao estilo de jogo que Paiva prometera implementar, um modelo posicional, baseado em organização ofensiva e movimentação coordenada. No entanto, de acordo com Textor, o técnico teria recuado em suas convicções diante de pressões externas e adversários mais difíceis.

O estopim teria sido a postura adotada contra o Palmeiras, nas oitavas de final do Mundial. Mesmo após o Botafogo protagonizar uma histórica vitória sobre o Paris Saint-Germain na fase anterior, o desempenho contra o time paulista foi considerado apático e distante do que o clube esperava.

Conversas antes da ruptura

Textor relatou que, antes do jogo decisivo, provocou Paiva ao perguntar qual havia sido o melhor jogo de sua carreira. A resposta foi o duelo contra o PSG, algo que, para o empresário, deveria ser replicado. “Mas o Palmeiras não é o PSG. Era hora de jogar futebol, de assumir protagonismo”, teria dito ao treinador. A conversa, no entanto, não resultou em mudança de postura.

Do outro lado, silêncio e incômodo

Embora ainda não tenha se manifestado amplamente, fontes próximas ao treinador apontam que Paiva não aceitou interferências na escalação e manteve sua linha de trabalho até o fim. A adoção de um esquema com três volantes no Brasileirão, dias antes do Mundial, teria sido um dos pontos de atrito com Textor, que desejava um estilo mais ofensivo.

A demissão aconteceu durante a estadia da delegação nos Estados Unidos, pegando o treinador de surpresa, sem uma reunião formal para discutir seu futuro.

Números e legado

Paiva comandou o Botafogo em 23 partidas oficiais, acumulando 12 vitórias, 3 empates e 8 derrotas. Apesar do desempenho irregular, teve como ponto alto a vitória inédita sobre o PSG em solo internacional, que deu visibilidade ao projeto de SAF liderado por Textor. Porém, para a diretoria, o resultado não compensou a falta de aderência ao estilo desejado.

Novo ciclo: Davide Ancelotti assume

Com a saída de Paiva, o Botafogo anunciou rapidamente a contratação de Davide Ancelotti, filho do técnico multicampeão Carlo Ancelotti. A expectativa é de que o novo comandante implemente uma filosofia mais alinhada ao “Botafogo Way”, como é chamada internamente a proposta de jogo apoiada por Textor, ofensiva, ousada e baseada em construção coletiva.


Imagem do novo treinador do Botafogo e sua comissão técnica (Foto: reprodução/X/@agazetabotafogo)

Uma decisão além do campo

A saída de Renato Paiva não foi apenas uma troca de comando. Foi o fim de uma tentativa de união entre ideias que pareciam compatíveis, mas que, com o tempo, mostraram caminhos opostos. Para Textor, o Botafogo deve ser fiel a um projeto claro de jogo. Para Paiva, a autonomia técnica era inegociável. No meio disso, o torcedor assiste, mais uma vez, a uma reformulação precoce na busca por identidade e resultados.

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