Lula afirma que tarifaço será respondido por lei de Reciprocidade Econômica

Presidente afirma que tarifaço é um atentado a soberania nacional brasileira e que ataques desse tipo serão respondidos pelo país

10 jul, 2025
Presidente Lula | Reprodução/Instagram/@lulaoficial
Presidente Lula | Reprodução/Instagram/@lulaoficial

O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou em post nas redes sociais nesta quarta-feira(09) que as tarifas de 50% anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos Donald Trump que entram em vigor no dia 1 de agosto sobre os produtos brasileiros serão respondidos com a lei de Reciprocidade Econômica.

A afirmativa do presidente vem logo após a cúpula do BRICS+ realizada no Rio de Janeiro entre os dias 4 e 7 de julho, que foi considerada um sucesso pelos membros do bloco econômico e trouxe muitos acordos econômicos para as relações bilaterais dos países do bloco.

Tarifaço é apresentado em carta e sem provas

A taxação vem, segundo carta emitida pelo próprio Trump, por conta de “ataques insidiosos do Brasil contra eleições livres e violação da liberdade de expressão dos estadunidenses”.

A afirmativa se baseia, segundo a carta, em ordens de censura secretas e ilegais à plataforma de redes sociais e ameaças de multas às big techs responsáveis pelo setor. Todas essas acusações foram feitas sem apresentar qualquer tipo de prova.

Além disso, a carta chama o processo contra Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de estado como uma vergonha internacional. O ex-presidente, já inelegível por abuso de poder político e econômico, é acusado de ser mentor de uma tentativa de golpe de estado contra o presidente Lula que culminaram nos atos golpistas do 8 de janeiro de 2023.

O tarifaço foi comemorado por partidários do ex-presidente Jair Bolsonaro como forma de apoio, inclusive com elogio de alguns deputados e senadores ligados principalmente ao PL, partido pelo qual o ex-presidente concorreu às eleições de 2022. Alguns deputados e o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas chegaram a afirmar que a culpa das tarifas era do presidente Lula.

Taxação é vista como agressão à soberania brasileira

Para o governo, essa taxação é vista como manobra para atacar a soberania nacional de um país soberano com instituições independentes.

Além disso, o presidente afirmou que o Brasil não aceita ser tutelador por ninguém e que o processo judicial sobre a tentativa de golpe de estado da qual Bolsonaro é réu pertence apenas a Justiça Brasileira e não está sujeito a nenhum tipo de ameaça ou interferência vinda de outro lugar e que fira a independência institucional do país.


Lula responde carta de Trump em redes sociais (Foto: reprodução/Instagram/@lulaoficial)

Sobre as acusações sobre as redes sociais, o presidente afirmou que não se pode confundir liberdade de expressão com agressão e que para operar no país todas as empresas, sejam elas nacionais ou estrangeiras, estão submetidas à legislação brasileira.

Por fim, Lula afirmou que as estatísticas do próprio governo dos Estados Unidos comprovam que o país teve superávit no comércio com o Brasil na ordem de 410 bilhões de dólares nos últimos 15 anos.

Desdobramentos já começam em Brasília

Com o recebimento do aviso da taxação a partir de 1 de agosto, o presidente Lula convocou o ministro da Fazenda Fernando Haddad, o ministro de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços Geraldo Alckmin, que também é vice-presidente do país e o ministro das Relações Exteriores Mauro Vieira para discutir as respostas ao tarifaço de 50% dentre elas, devolver a taxação aos EUA.

O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou em entrevista à CNN que não vê razão para o aumento da tarifa ao Brasil e afirmou que a medida vai prejudicar a economia dos Estados Unidos.

Em reunião no Itamaraty, o governo brasileiro devolveu a carta ao encarregado de negociações dos Estados Unidos no Brasil, afirmando que o conteúdo dela e a taxação é ofensiva e inaceitável. Ao ser consultado, o Itamaraty afirmou estar ciente do que foi feito na reunião de ontem (09).

O governo brasileiro ainda estuda novas medidas para responder aos Estados Unidos quanto à taxação de produtos brasileiros em 50% e às afirmações inverídicas que atacam a soberania brasileira.

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