Ali Khamenei: conheça o líder supremo do Irã

Há 36 anos no poder, Khamenei é o que ocupa há mais tempo como chefe de Estado do Oriente Médio; ele acumula a posição de líder religioso e político no país

17 jun, 2025
O líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, discursa em Teerã em 2024 | Reprodução/Majid Saeedi/Getty Images Embed
O líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, discursa em Teerã em 2024 | Reprodução/Majid Saeedi/Getty Images Embed

Os ataques que aconteceram no Irã nesta segunda-feira (16), mataram pessoas importantes para o regime, dentre eles, generais como Hossein Salami, comandante-chefe da Guarda Revolucionária do Irã, e Mohammad Bagheri, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas do Irã, segundo homem mais poderoso na linha de comando do país.

Mas o primeiro nome da lista é o iraniano Ali Khamenei, que recebeu o título de aiatolá, uma patente dada a alguém que chega ao mais alto nível de estudiosos religiosos, conhecimento em jurisprudência islâmica e teologia. Uma das emissoras americanas, a CBS News, revelou que três autoridades ligados ao presidente Donald Trump, orientou Israel a não matar o líder, que tem 86 anos.

No cargo há quase 36 anos, ele é o líder religioso e político do Irã e dita o que pode ou não fazer sobre políticas públicas no país. Além disso, ele já ficou cinco anos sem fazer uma aparição ao público e só voltou à mídia no final do ano passado, quando falou em uma mesquita de Teerã após militares de Israel matarem seu antigo aliado Hassan Nasrallah, que liderava uma milícia libanesa chamada Herzbollah por mais de 30 anos.

Ali Khamenei sempre mostrou controle da máquina pública e já enfrentou diversas crises no Oriente Médio.

Como Khamenei virou líder

Ele nasceu na cidade de Mashhad, no leste do Irã, em 1939. Formou-se em teologia e política nos anos 60, e sempre esteve envolvido em movimento que questionava o regime de xá Mohammad Reza Pahlevi. xá era um título dado aos monarcas antes da revolução islâmica de 1979.

Ao estudar teologia em Qom, foi influenciado pelos pensamentos do aiatolá Ruhollah Khomeini, que liderava a oposição conservadora do exílio. Se sentindo atraído pelas ideias de Khomeini, começou a ajudar seu amigo a montar missões dentro do Irã.

Nessa época, Khamenei se influenciou pelas teorias anticoloniais e antiocidentais e traduziu livros do egípcio Sayyid Qutb, um influente intelectual do fundamentalismo islâmico, segundo uma publicação do jornal The Guardian.

Ele participou dos protestos de 1978 antes da revolução iraniana e se tornou muito próximo de Khomeini. Em 1980, quando Khomeini já era líder supremo do Irã, ele o escolheu para ser o imã que faria a tradicional oração de sexta-feira em Teerã.

Khamenei ganhou a presidência do Irã com 95% dos votos, assim que sofreu um ataque de bomba que fez com que seu braço ficasse sem movimentos para sempre. Naquele ano de 1981, somente quatro pessoas puderam se candidatar e três deles eram apoiadores de Khamenei, e foi o primeiro clérigo a assumir o cargo consolidando o domínio da Igreja sobre o Estado, onde ficou até 1985 quando morreu de ataque cardíaco com 89 anos.

Quem assumiria seu posto seria o aiatolá Hussein Ali Montazeri, mas meses antes da morte de Khomenei criticou publicamente violações de direitos humanos cometidas pelo regime iraniano, o que não foi visto com bons olhos.

Quem escolheu um novo líder foi a Assembleia dos Peritos, onde todos aceitaram que Khamenei servia para o cargo, existem relatos que Khomeini o havia escolhido como sucessor.

Para tornar Khamenei em aiatolá, foi feita uma manobra. Na época, ele não tinha o grau de marja, reservado aos grandes aiatolás e exigido pela Constituição para ser líder supremo.

Então, ele foi nomeado de forma temporária, a Assembleia dos Peritos alterou a Constituição e, em seguida, o confirmou no cargo.

Em 2018, um vídeo da reunião secreta de 1989, que mostra a forma como foi escolhida a nova liderança, vazou para a imprensa, mostrando Khamenei sem acreditar e inseguro com a escolha.


Ali Khamenei ao lado da foto do seu aliado e antecessor Ruhollah Khomeini (Foto: reprodução/AFP/Getty Images Embed)

Chegada ao poder e repressão a opositores

Ao chegar ao poder, ele neutralizou oponentes, combateu o liberalismo e a influência dos Estados Unidos e o que ele via como desvios dos costumes islâmicos. Por muitos anos, influenciou a execução de políticas públicas no país.  Além disso, ele também esteve envolvido em uma série de polêmicas, dentre elas, se destaca uma reportagem de 2018 da agência Reuters, a qual afirmou que Khamenei confiscava propriedades que pertenciam a civis iranianos.

Contudo, a investigação não encontrou provas de que ele usava o dinheiro para luxos pessoais, mas sim para financiar suas atividades dentro da política. Após as investigações, a assessoria de Khamenei disse que tudo que a imprensa havia falado não era verdade.

A matéria gerou vários protestos contra a liderança de Khamenei, e, como resposta, o líder mandou reprimir todos que participaram do ato com violência. Ele também foi acusado de matar seus adversários que estavam exilados e censurou jornalistas e todos que não aceitavam seu governo.

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