Janet Yellen pede apoio global para financiar resistência ucraniana
Janet Yellen, Secretária do Tesouro dos EUA, discursa no Brasil pela primeira vez e solicita apoio global para desbloquear ativos russos em um evento do G20 que está acontecendo em São Paulo

Em um evento do G20 realizado nesta semana no estado de São Paulo, a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, fez um apelo aos líderes globais e expressou a preocupação dos EUA com o conflito entre Israel e o Hamas. Ela pediu que os recursos da Rússia, atualmente bloqueados no exterior, sejam liberados e usados para financiar a resistência ucraniana e ajudar o país a longo prazo.
Apoio financeiro à Ucrânia
Yellen reforçou o apoio financeiro americano ao governo de Kiev e sugeriu o desbloqueio de ativos russos como uma maneira de financiar a Ucrânia. Estima-se que a Rússia tenha quase US$ 300 bilhões em forma de instrumentos financeiros e dinheiro alocados em países do G7, na Austrália e na União Europeia. A secretária declarou que achava que o G7 deveria trabalhar em conjunto para explorar diversas abordagens que foram sugeridas para desbloquear ativos russos durante a guerra. Uma dessas formas de abordagens seria de confirmar os próprios ativos desses países, mas também deu a opção de usar estes para diminuir os empréstimos dos mercados globais.
Riscos e possíveis soluções
Janet expressou que ao tomar essa atitude, poderia ser vista como uma forma de responder às ameaças que a Rússia anda fazendo ao mundo todo em relação à estabilidade global. A secretária lembrou que, mesmo visando manter a economia estável, ao realizar certas atitudes podem haver problemas financeiros, mas destacou que o governo americano está estudando formas de os riscos não serem tão impactantes. Ela também levantou o tópico que a decisão está diretamente ligada à uma mudança legislativa nos Estados Unidos.
Secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen (Foto: divulgação/X/@SecYellen)
Medidas contra a guerra de Putin
Durante seu primeiro discurso no Brasil, Yellen reiterou as medidas adotadas pelos Estados Unidos em resposta à guerra liderada por Putin.
Ela mencionou a aplicação de sanções contra a Rússia, incluindo aquelas direcionadas às instituições financeiras que apoiam as atividades militares russas. Além disso, destacou a aprovação, pelo Congresso americano, de uma assistência adicional de US$ 250 milhões à Ucrânia.
Yellen enfatizou que, quando Putin iniciou sua primeira investida na Ucrânia, estava confiante de que poderia conquistar o controle facilmente. No entanto, sua estratégia falhou por duas razões fundamentais: a resistência, comprometimento e resiliência demonstrados pelo povo ucraniano, e os esforços conjuntos da ampla coalizão global que tem apoiado o país.
Apelo a Netanyahu
Ao abordar as ameaças globais, Yellen também se referiu ao conflito entre Israel e o Hamas. Ela instou o governo de Benjamin Netanyahu a aliviar as restrições econômicas impostas à Cisjordânia, como a proibição de palestinos da região trabalharem em Israel. Além disso, a secretária solicitou que o governo de Israel disponibilize recursos para a Autoridade Palestina para financiar necessidades básicas. Yellen destacou o apoio financeiro dos EUA à Gaza, através de um programa de assistência de emergência à segurança alimentar do Banco Mundial e de outras organizações internacionais. No entanto, o Departamento de Estado dos EUA mantém a suspensão temporária do financiamento à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Palestinos.
Motivo da visita ao Brasil
Yellen encontra-se no Brasil para engajar na inaugural reunião dos ministros das Finanças e chefes de bancos centrais, coordenada pela presidência do Brasil no G20, a qual tem início amanhã, dia 28. Para hoje, terça-feira, dia 27, está programada uma teleconferência com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Foto destaque: Janet Yellen em conferência no Brasil (Reprodução/X/@SecYellen)