Moraes determina bloqueio de contas e bens de Eduardo Bolsonaro

Nesta segunda-feira (21), o cenário político brasileiro foi agitado pela notícia do bloqueio de contas bancárias e bens do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O próprio parlamentar confirmou a medida, classificando-a como um “passo natural de ditadura” e “tentativa de asfixia financeira como forma de chantagem“, e reafirmou sua intenção de continuar buscando sanções contra ministros do STF junto ao governo de Donald Trump nos Estados Unidos.

A estratégia de “asfixia financeira”

A decisão judicial de Alexandre de Moraes determinou o bloqueio de todos os bens móveis e imóveis de Eduardo Bolsonaro. A medida também inclui o congelamento de suas contas bancárias e chave Pix, além da retenção de seu salário como deputado federal. Essa decisão, proferida sob sigilo no último sábado (19), faz parte de um inquérito que investiga as atividades do parlamentar nos Estados Unidos.

Segundo o ministro Moraes, Eduardo Bolsonaro teria “intensificado a conduta ilícita” após a operação da Polícia Federal que teve como alvo seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro.

A investigação em curso sugere que Jair Bolsonaro teria transferido R$ 2 milhões para custear a estadia de Eduardo Bolsonaro nos EUA. Os elementos apurados indicam que ambos estariam operando em “parceria” visando incitar o ex-presidente Donald Trump contra o Brasil.

A finalidade dessa suposta articulação seria obstruir o progresso da ação penal referente à tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro, na qual Jair Bolsonaro figura como o réu principal e cujo julgamento se aproxima.


Eduardo Bolsonaro usa suas redes sociais para expor suas opiniões sobre Alexandre de Moraes (Video: reprodução/Instagram/@bolsonarosp)

As sanções buscadas contra autoridades brasileiras

Eduardo Bolsonaro e seus aliados, como o jornalista Paulo Figueiredo Filho, têm atuado em Washington desde o início do ano, buscando a aplicação de sanções contra a Suprema Corte brasileira. A principal ferramenta em foco é a Lei Magnitsky, uma medida do governo dos EUA que permite sanções contra indivíduos estrangeiros implicados em violações de direitos humanos ou práticas corruptas. Essas sanções podem incluir a negação de entrada nos EUA, o congelamento de bens e limitações nas relações comerciais.

Em 18 de julho, foi comunicada a suspensão de vistos de entrada nos EUA para ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), incluindo o de Alexandre de Moraes. Essa medida foi apresentada como uma resposta direta às ações cautelares impostas a Jair Bolsonaro, entre elas, a determinação do uso de tornozeleira eletrônica. No entanto, apurações indicam que essa ação já estava sendo articulada há semanas por bolsonaristas junto ao governo de Donald Trump.

O objetivo mais amplo dessas sanções é pressionar o Congresso brasileiro a aprovar uma anistia “ampla, geral e irrestrita” para os envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023. Eduardo Bolsonaro afirmou que a suspensão de vistos era “só o início” de novas sanções, que poderiam incluir aumento de tarifas sobre produtos brasileiros, como a tarifa de 50% já imposta a partir de 1º de agosto, e até a exclusão do Brasil do sistema SWIFT (uma rede global que permite a troca segura de mensagens entre instituições financeiras em todo o mundo). Contudo, a efetividade dessas medidas mais drásticas depende de aprovação no Congresso Americano e colaboração internacional.

Trump anuncia possível mudança na receita da Coca-Cola nos EUA

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quarta-feira (16) que a Coca-Cola passará a usar açúcar de cana na fórmula tradicional da bebida vendida no país, substituindo o xarope de milho de alta frutose (HFCS, na sigla em inglês), ingrediente usado há décadas na fabricação do refrigerante americano.

Segundo Trump, a decisão foi tomada após conversas diretas com representantes da empresa. Em publicação nas redes sociais, ele disse ter convencido a multinacional a adotar o “açúcar de cana real”, destacando que a mudança será positiva para os consumidores. “É simplesmente melhor”, afirmou.

Apesar do anúncio de Trump, a Coca-Cola não confirmou de forma oficial nenhuma mudança na fórmula da bebida. Em nota enviada à imprensa, a companhia apenas agradeceu o entusiasmo do presidente pela marca e afirmou que novidades sobre sua linha de produtos serão divulgadas futuramente.

Mudança na fórmula da Coca-Cola pode mexer com mercado e hábitos de consumo

O suposto reposicionamento da Coca-Cola ocorre em meio a uma campanha liderada por aliados de Trump contra o HFCS, ingrediente associado por parte do governo a questões de saúde pública. O secretário de Saúde e Serviços Humanos, Robert F. Kennedy Jr., tem defendido uma redução no uso do xarope, dentro da agenda chamada “Torne os Estados Unidos Saudáveis Outra Vez”.


Trump disse que pediu à Coca-Cola para mudar a receita e que ela aceitou (Foto: reprodução/Truth Social/@realDonaldTrump)

Apesar disso, cientificamente, não há consenso sobre diferenças significativas entre o HFCS e o açúcar de cana em termos de impacto na saúde. Uma revisão de estudos clínicos realizada em 2022 concluiu que ambos os ingredientes afetam o corpo de forma semelhante quando consumidos em quantidades equivalentes. A única diferença observada foi um leve aumento em marcadores inflamatórios em dietas ricas em HFCS.

A possível mudança também toca em interesses econômicos sensíveis. O uso do xarope de milho nos Estados Unidos se expandiu a partir da década de 1970, favorecido por incentivos governamentais à produção de milho e por barreiras comerciais que encareceram a importação de açúcar. 

Caso a Coca-Cola altere realmente a fórmula, isso pode gerar atritos com o chamado “corn belt”, o cinturão do milho no Meio-Oeste americano, que é uma região estratégica na política eleitoral e tradicionalmente alinhada a Trump.

Histórico de relação ambígua com a marca

Apesar de se declarar fã da Diet Coke, Trump já teve embates públicos com a empresa. Em 2021, criticou a posição da Coca-Cola contra leis de restrição ao voto na Geórgia, mas não deixou de consumir seus produtos. Já em janeiro deste ano, recebeu do presidente da companhia uma garrafa comemorativa de Diet Coke, como símbolo de aproximação.


Refrigerante Coca-Cola (Foto: reprodução/NurPhoto/Getty Images Embed)

Apesar das afirmações do presidente norte-americano, a possível reformulação da Coca-Cola nos Estados Unidos, com açúcar de cana no lugar do xarope de milho, permanece incerta e depende de decisões que vão além de declarações políticas.

Motivo das investigações de Trump contra o Pix

Nesta terça-feira (15), o governo dos Estados Unidos anunciou que abrirá investigações comerciais contra o Brasil.

A comunicação de tais investigações foi oficialmente comunicada pelo USTR (Escritório de Representante Comercial dos Estados Unidos) e já havia sido mencionada na carta que Donald Trump enviou ao governo brasileiro na última semana, porém dentre os fatores desta investigação uma se destacou: a apuração de eventuais irregularidades no Pix.

O Pix na mira

Desenvolvido durante o governo de Michel Temer e lançado no governo de Bolsonaro, o Pix acabou muito bem aceito e se tornou muito popular entre os brasileiros.

No documento da USTR consta uma menção indireta ao Pix como sendo um dos motivos para investigação. Segundo o relatório, empresas norte-americanas que são do setor de pagamentos estariam sendo prejudicadas por um “sistema de pagamento” desenvolvido pelo governo brasileiro.

Um trecho deste documento menciona que o Brasil parece ter envolvimento com várias práticas desleais de pagamento eletrônico, mas não diz exatamente que práticas seriam estas.

Segundo a BBC News Brasil, especialistas afirmam que um dos motivos para a inclusão do Pix nas investigações tem a ver com a tentativa de proteção aos interesses das empresas de tecnologias e pagamentos dos EUA, chamadas de big techs, qual os principais diretores desses setores são apoiadores do governo de Donald Trump.


Investigação ao Pix (Vídeo: reprodução/YouTube/CNNbrasil)

A economista e professora da FGV-SP (Fundação Getúlio Vargas São Paulo), Carla Beni, diz que um dos motivos do governo americano se voltar para o Pix tem relação com o setor financeiro das empresas norte-americanas. Segundo ela, como o Pix é um sistema de pagamento gratuito, empresas do setor podem ter se “sentido prejudicadas”. Com o crescimento do Pix, as grandes empresas mundiais de cartão de crédito perderam espaço no mercado e conforme o Pix avança com Pix crédito e Pix parcelado, essas empresas continuarão perdendo. “O governo americano está fazendo uma varredura onde suas empresas podem estar sendo prejudicadas”, completou.

Já para Frederico Glitz, advogado especialista em direito internacional e doutor em Direito pela Universidade Federal do Paraná, o Pix diminuiu a dependência, tanto das empresas de bandeiras de cartões de crédito quanto das big techs, que são empresas majoritariamente americanas, e o resultado foi a ferramenta ter se tornado alvo da investigação.

A investigação é apenas mais um meio dos EUA pressionar o Brasil e dependendo do resultado do fim das investigações, as autoridades norte-americanas poderão até impor mais tarifas ao Brasil ou até mesmo proibir que alguns produtos sejam importados, frisou ele.

Segundo a BBC News Brasil, questionamentos ao USTR e a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) foram enviadas, mas não obtiveram respostas de nenhum dos órgãos.

Reações à investigação

Após a inclusão do Pix na investigação do USTR, houve reação nas redes sociais e também no governo do presidente Lula.

Durante uma entrevista coletiva nesta quarta-feira (16), Rui Costa, ministro da Casa Civil, disse que é inacreditável que Trump esteja preocupado com um meio de pagamento adotado pelo Brasil e que é totalmente aceito pela população, empresas e setor financeiro.

Já o perfil oficial do governo federal postou a seguinte frase: “O Pix é do Brasil e dos brasileiros. Parece que nosso Pix vem causando um ciúme danado lá fora, viu? Tem até carta reclamando da existência do nosso sistema seguro, sigiloso e sem taxas”.

A postagem foi feita na rede social X, antigo Twitter.

Bolsonaro nega envolvimento em golpe e defende que Eduardo permaneça nos EUA

Em meio ao avanço das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado, Jair Bolsonaro (PL) convocou a imprensa nesta quinta-feira (17) para uma coletiva no Senado. Dois dias após a PGR reiterar o pedido de sua condenação por crimes contra o Estado Democrático de Direito, Bolsonaro afirmou não ter participado de qualquer trama golpista e garantiu que jamais cogitou a hipótese de ser preso.

Segundo ele, a acusação é uma injustiça, e, diferentemente de outros escândalos envolvendo políticos brasileiros, afirmou que não está sendo acusado de corrupção. O ex-presidente também criticou o Supremo Tribunal Federal (STF), encarregado de julgar o caso, e manifestou apreensão com os desdobramentos das investigações que envolvem pessoas de seu círculo próximo.

Bolsonaro admite que filho pode ser alvo da PF caso retorne ao Brasil

Durante a coletiva, Bolsonaro também comentou a situação do filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que atualmente está licenciado do cargo e reside nos Estados Unidos. Segundo o ex-presidente, há risco real de que Eduardo seja detido caso volte ao Brasil, o que justificaria sua permanência no exterior. Afirmou, inclusive, que o filho “seria preso no aeroporto”.



Embora a afirmação, até agora não há qualquer mandado de prisão contra Eduardo Bolsonaro. Alguns parlamentares adversários chegaram a pedir sua prisão ao STF, mas as solicitações não avançaram.

A licença de Eduardo termina no próximo domingo (20), e, se não retornar ao país, o deputado poderá ter o mandato ameaçado por excesso de faltas nas sessões da Câmara dos Deputados.

Tarifas, Tarcísio e disputas internas na direita

Bolsonaro também foi questionado sobre a nova tarifa de 50% anunciada pelo presidente norte-americano Donald Trump contra produtos brasileiros. Trump justificou a medida citando uma suposta perseguição sofrida por Bolsonaro no Brasil. 

Para o ex-presidente, a tarifação não representa ameaça à soberania do país. Ele chegou a dizer que não seria descabido caso Trump solicitasse uma anistia em seu favor, já que essa prerrogativa cabe ao Parlamento brasileiro.

Na mesma entrevista, Bolsonaro comentou a recente crítica feita por Eduardo ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que procurou autoridades norte-americanas para negociar as tarifas. Eduardo acusou o governador de se comportar de forma subserviente às elites. Bolsonaro, no entanto, tentou apaziguar a situação e elogiou o esforço de Tarcísio, mas ponderou que, sozinho, o governador não conseguiria convencer Trump a recuar.

Tarifas de Trump afetam exportação de mel orgânico do Piauí aos EUA

Anunciado na quarta-feira (9), o tarifaço de Trump prevê uma taxa de 50% sobre produtos brasileiros e pode diminuir de forma drástica as exportações de mel orgânico do Piauí para os Estados Unidos. 

Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior, os Estados Unidos consomem 80% de todo o mel produzido no Brasil. Já o estado do Piauí liderou o ranking de exportação do alimento para o país em 2024 – apesar de não ser o maior estado produtor do país. 

Exportações já foram suspensas 

Em entrevista ao canal de notícias CNN, o diretor-geral da Central de Cooperativas Apícolas do Semiárido Brasileiro (Casa Apis), Sitônio Dantas, revelou que a exportação de seus produtos foi suspensa após o anúncio do tarifaço. Além disso, foi revelado também que os compradores norte-americanos irão aguardar a resolução do impasse entre os dois países para retomar as importações do mel produzido pela Casa Apis. 

A cooperativa relatou que na última sexta-feira (11), um cliente dos Estados Unidos solicitou o cancelamento de uma compra de 95 toneladas de mel orgânico. Os compradores alegaram que a carga corria o risco de chegar ao território norte-americano após o dia 1º de agosto — data prevista para a entrada em vigor da taxa de 50%.

Após negociações entre as duas partes, as 95 toneladas de mel embarcaram rumo aos EUA.


 

Reportagem sobre a produção de mel no Piauí (Vídeo: reprodução/Instagram/@casaapisoficial)

Outra grande produtora do alimento no Piauí, o Grupo Sama, também arcou com o cancelamento de cargas. Segundo a empresa, a compra de 585 toneladas de mel orgânico foi suspensa logo após o anúncio de taxação, por importadores dos EUA. 

Busca por produtos orgânicos coloca Piauí em destaque 

O mel produzido no Piauí é resultado de práticas sustentáveis que classificam o alimento como orgânico. Segundo o professor Darcet Costa Souza, chefe do departamento de zootecnia na Universidade Federal do Piauí (UFPI), o estado vêm se destacando por conta do processo de produção utilizado. 

A maior parte do mel é produzida em áreas de mata nativa, por pequenos produtores. Além de ser um produto certificado como orgânico, ou seja, ter o reconhecimento do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), tem a certificação social, que favorece a comercialização. Importadores norte americanos têm uma tendência a avaliar quem fez o produto que eles estão comprando” explicou o professor em entrevista ao portal G1. 

A diferenciação do mel orgânico para o mel tradicional parte do uso de agrotóxicos na produção. “Se eu estou em uma área de produção de eucalipto, utilizada por abelhas como fonte de recursos florais, mas que tem o combate a pragas, essa produção é convencional. No planeta, são poucas as áreas que têm condição de produzir um mel orgânico“, analisou Darcet.

De acordo com Sitônio Dantas, diretor-geral da Casa Apis, um dos caminhos seguidos pela cooperativa será a busca por novos compradores, explorando os mercados da Ásia e da Europa. 

Alta histórica do Bitcoin impulsiona fortunas e cria novos recordes entre bilionários do setor cripto

O mercado de criptomoedas voltou a ser o epicentro de grandes movimentações financeiras. Em julho de 2025, o Bitcoin atingiu sua maior cotação da história, ultrapassando os US$ 122 mil e arrastando consigo as fortunas de nomes ligados diretamente ao ecossistema digital. Para alguns, o crescimento não foi apenas um bom investimento, foi o fator que os alçou ao topo da lista dos mais ricos do planeta.

Do anonimato ao topo da fortuna mundial

A explosão do Bitcoin reacendeu o debate sobre uma figura que permanece envolta em mistério: Satoshi Nakamoto. A identidade por trás da criação do BTC jamais foi confirmada, mas suas supostas reservas, estimadas em mais de 1 milhão de moedas não movimentadas, fariam dele hoje um dos homens mais ricos do mundo. A fortuna projetada? Acima dos US$ 135 bilhões.

Empresários que surfaram a onda cedo (e não pularam dela)

Um dos nomes mais emblemáticos da valorização recente é Michael Saylor, fundador da MicroStrategy. Quando boa parte do mercado ainda via o Bitcoin com desconfiança, ele apostou pesado. Sua empresa acumula mais de 600 mil BTC, enquanto Saylor pessoalmente detém cerca de 17 mil unidades da criptomoeda. O resultado: um salto bilionário em sua fortuna pessoal e a consolidação de sua imagem como um dos maiores defensores do ativo.

Já Brian Armstrong, CEO da Coinbase, viu seu patrimônio aumentar de forma indireta. A valorização do Bitcoin impulsionou o desempenho da exchange na bolsa americana, e com cerca de 19% das ações da empresa em seu nome, Armstrong hoje soma mais de US$ 16 bilhões em patrimônio.

Gêmeos cripto e investidores pioneiros

Conhecidos desde a era do Facebook, os irmãos Tyler e Cameron Winklevoss se tornaram figuras respeitadas no mundo cripto. Cada um detém cerca de 28 mil BTC, acumulando individualmente fortunas superiores a US$ 3,5 bilhões. Sua plataforma de negociação, a Gemini, também foi beneficiada pela onda de valorização, reforçando a influência dos irmãos no setor.

Outros nomes também colhem os frutos da visão de longo prazo: Mike Novogratz, ex-banqueiro e fundador da Galaxy Digital, e Tim Draper, investidor que comprou quase 30 mil BTC em um leilão do governo dos EUA em 2014, viram suas apostas de mais de uma década atrás renderem múltiplos bilhões.


Imagem de Trump e aumento do bitcoin após declarações do mesmo (Foto: reprodução/x/@merlijntrader)

Ambiente mais favorável atrai ainda mais capital

A disparada do Bitcoin não aconteceu isoladamente. Nos últimos meses, avanços no cenário regulatório dos Estados Unidos contribuíram para tornar o ambiente mais receptivo aos ativos digitais. Projetos de lei em tramitação na Câmara americana, voltados à transparência e ao controle da emissão de moedas digitais, alimentaram o otimismo do mercado.

Além disso, o aumento da adoção institucional é notável. Empresas como a própria MicroStrategy, além de GameStop e até grupos ligados a Donald Trump, passaram a incluir BTC em suas reservas, reforçando a confiança no ativo como proteção patrimonial e mecanismo de valorização.

Perspectivas: até onde pode ir o topo

Com a cotação em alta, os olhos do mercado agora se voltam para a sustentabilidade desse crescimento. Analistas divergem: para alguns, o momento é de cautela frente a possíveis correções. Para outros, estamos apenas no início de uma nova fase de valorização com fundamentos mais sólidos do que nunca.

Enquanto isso, quem entrou cedo, ou teve coragem de permanecer mesmo em meio às quedas anteriores, celebra. O Bitcoin, mais uma vez, provou que não é apenas um ativo financeiro, mas um movimento que continua moldando a nova geração de bilionários do século XXI.

Abate de bovinos para os EUA é suspenso após tarifa de 50% de Trump

Grandes empresas como JBS, Marfrig e Minerva Foods suspenderam o abate de bovinos destinados aos Estados Unidos. A medida é uma resposta direta ao anúncio do presidente americano Donald Trump, em 9 de julho, de uma tarifa adicional de 50% sobre todos os produtos brasileiros, com vigência a partir de 1º de agosto. Essa imposição transforma a carne bovina brasileira em um produto inviável para o mercado americano, gerando um efeito dominó que atinge pecuaristas, frigoríficos e, em breve, pode influenciar o bolso do consumidor brasileiro.

A tarifa e seus primeiros efeitos

A decisão de Trump, comunicada por carta ao presidente Lula, é justificada pelo comércio com o Brasil não ser positivo e pela perseguição ao ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF). No entanto, dados do Ministério do Desenvolvimento indicam que os EUA têm um superávit comercial com o Brasil desde 2009. A tarifa de 50%, somada aos 26,4% já existentes para volumes acima de 65 mil toneladas, eleva o custo por tonelada da carne para cerca de US$ 8.590, inviabilizando qualquer competitividade.


Estoque de cortes de carne bovina frescos (Foto: reprodução/Getty Images Embed)

A paralisação do abate de gado com destino aos EUA é uma estratégia de sobrevivência. Cerca de 30 mil toneladas de carne bovina estão atualmente em portos ou a caminho dos EUA, e a tarifa pode gerar perdas financeiras maciças caso a exportação ocorra após 1º de agosto. Mato Grosso do Sul, um dos maiores exportadores, sente o impacto de forma aguda, com empresas como Naturafrig redirecionando sua produção para outros mercados, como China, Chile e o próprio Brasil. Segundo Jaime Verruck, secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de MS, essa realocação rápida é um desafio, já que a carne é um produto perecível.

Perspectivas para a carne brasileira

Os Estados Unidos são o segundo maior comprador de carne bovina brasileira, atrás apenas da China. Em 2024, o mercado americano representou 18,42% das exportações de carne de Mato Grosso do Sul, movimentando US$ 235,5 milhões. A alta demanda americana se deve à redução do rebanho local, impactado por secas, o que tornava a carne brasileira, mais barata, essencial para produtos como hambúrgueres.

A consequência mais visível será o aumento do estoque de carne nos frigoríficos e a inevitável pressão para a queda dos preços no mercado interno. Isso pode beneficiar o consumidor final, mas trará perdas significativas para os pecuaristas, que verão a arroba do boi desvalorizar.

A longo prazo, a saída é buscar a diversificação de mercados, intensificando exportações para a Ásia (China, Japão, Coreia do Sul), Oriente Médio e África. No entanto, a adaptação a novos mercados exige tempo e investimentos em logística e em negociações comerciais, com a concorrência de outros exportadores, como a Austrália, tornando o cenário ainda mais complexo. O governo brasileiro, por sua vez, prioriza o diálogo diplomático para reverter a situação, considerando a Lei da Reciprocidade Econômica apenas como última alternativa, para evitar uma guerra comercial com um parceiro econômico tão relevante.

Mourão critica Trump em reunião da Comissão de Relações Exteriores

O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), que foi vice-presidente na gestão Bolsonaro, defendeu a soberania nacional durante uma audiência da Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado, nesta terça-feira (15). Mourão criticou duramente o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em relação à imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil e à sua tentativa de interferência em questões internas brasileiras.

Crítica ao “poder bruto”

Em um tom firme, Mourão declarou: “Eu não aceito que o Trump venha meter o bedelho num caso que é assunto interno nosso.” A fala do senador veio à tona enquanto a comissão debatia o “tarifaço” imposto por Trump a produtos brasileiros, justificado, segundo o americano, pela situação legal do ex-presidente Jair Bolsonaro. Mourão reconheceu a injustiça nos processos contra Bolsonaro, mas foi enfático ao afirmar que a resolução dessas questões compete exclusivamente aos brasileiros.


Mourão critica Trump e diz que Bolsonaro é caso interno (Vídeo: reprodução/Youtube/UOL)

Ele destacou que a postura de Trump, que utiliza o “poder bruto” em suas relações internacionais, contraria o tradicional “soft power” dos EUA. O senador defendeu que a estratégia do governo brasileiro deveria ser de “mingau quente”, ou seja, de atuar diplomaticamente “pelas beiradas”, evitando o confronto direto que as linhas de reciprocidade tarifária, adotadas pelo governo Lula, poderiam gerar.

Jogo de perde-perde

A postura de Mourão ecoou no Senado. A senadora Tereza Cristina (PP-MS), que foi ministra da Agricultura no governo Bolsonaro, também se manifestou, classificando a decisão do governo Trump como um “jogo de perde-perde”, onde ambas as partes tendem a ser prejudicadas. Ela alertou sobre os impactos dessas tarifas sobre os produtos brasileiros e a possível reciprocidade tarifária do Brasil, que também afetaria a economia nacional.

Cristina, relatora do projeto que cria a possibilidade de uma taxa de reciprocidade, enfatizou que o Brasil possui “argumentos” e “credibilidade” para reverter essa situação através da união e do trabalho conjunto para minimizar os “desastres” que essas tarifas podem causar. 

Empresários americanos pedem negociações para evitar tarifa de 50% sobre o Brasil

Na manhã desta terça-feira (15), a U.S. Chamber of Commerce, a maior entidade empresarial dos EUA, e a Amcham Brasil lançaram um apelo conjunto para que os governos de Donald Trump e Lula entrem em negociações de “alto nível” visando barrar a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, conforme anunciado pelo presidente americano. As câmaras alertam que a medida coloca em risco uma das principais parcerias comerciais das Américas e pode gerar efeitos nocivos tanto para empresas quanto consumidores dos EUA.

Segundo a nota, a tarificação atingiria insumos essenciais para cadeias produtivas nos EUA e elevaria custos familiares e industriais. Estima-se que mais de 6.500 pequenas empresas americanas dependem de importações do Brasil, enquanto cerca de 3.900 companhias dos EUA investem no país. O Brasil, por sua vez, é um dos dez maiores destinos das exportações americanas, com aproximadamente US$ 60 bilhões anuais em bens e serviços.

A US Chamber e a Amcham Brasil solicitam aos governos americano e brasileiro a se engajarem em negociações de alto nível para evitar a implementação de tarifas prejudiciais. A imposição de tais medidas, em resposta a tensões políticas mais amplas, corre o risco de causar danos reais a uma das relações econômicas mais importantes dos Estados Unidos e estabelece um precedente preocupante“, afirmou a instituição em nota.

Impactos previstos nos EUA e no comércio bilateral

A imposição de 50% de tarifa não apenas elevaria o preço de produtos brasileiros nos EUA, mas também comprometeria a competitividade de setores estratégicos norte-americanos que dependem de insumos do Brasil. As entidades chamam a atenção para o risco de que a medida imponha custos extras às famílias e acelere uma escalada de retaliações comerciais entre os dois países.


Donald Trump (Foto: reprodução/Chip Somodevilla/Getty Images Embed)

Além disso, ressaltam que uma relação comercial estável e previsível é fundamental para preservar empregos e manter o crescimento econômico em ambos os lados. A U.S. Chamber e a Amcham Brasil disseram se colocar “à disposição para apoiar iniciativas de negociação pragmática que evitem a escalada tarifária” e que mantenham uma dinâmica bilateral e benéfica a longo prazo para ambos os países.

Perspectivas de negociação e ajustes tarifários

As entidades recomendam estabelecer um canal direto entre os governos para negociar condições e definir formas de ajustar ou até cancelar a tarifa. Segundo a nota, isso precisa envolver elementos técnicos e políticos em alta instância. A proposta é que se evite a decisão unilateral, que fracasse em atingir o propósito dos EUA e prejudique a economia bilateral.

Paralelamente, o setor produtivo considera a possibilidade de solicitar ao governo brasileiro que intervenha junto à OMC ou aplique mecanismos de reciprocidade já previstos em lei. Enquanto isso, fontes no governo de Brasília indicam que há disposição para discutir prazos e condições, na tentativa de evitar que a tarifa entre em vigor no dia 1º de agosto.

Trump impõe prazo de 50 dias para Rússia fechar trégua na Ucrânia ou enfrentará tarifa de 100%

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, divulgou nesta segunda-feira (14) um ultimato à Rússia: o país deve fechar um acordo de paz na Ucrânia em até 50 dias ou será alvo de tarifas de 100%, aplicadas de forma direta às exportações russas e de maneira secundária a países que continuarem a comercializar com Moscou.

Ao lado do secretário‑geral da OTAN, Mark Rutte, na Casa Branca, Trump também anunciou o envio de sistemas de defesa antiaérea Patriot à Ucrânia, equipamentos que serão comprados pelos aliados europeus e repassados ao governo de Volodymyr Zelenskiy.


Mark Rutte e Donald Trump (Foto: reprodução/Kevin Dietsch/Getty Images Embed)

Autoridades russas reagiram imediatamente ao ultimato. O vice‑ministro Serguéi Riabkov classificou a estratégia dos EUA como “inaceitável” e afirmou que Moscou não vai negociar sob coerção, mantendo sua operação militar caso Kiev não ofereça estímulos concretos. Já o ex-presidente Dmitri Medvedev ridicularizou o anúncio, chamando-o de “ultimato teatral”, e enfatizou que a Rússia não se importa com ameaças de terceiros.

Detalhes da ameaça tarifária

As tarifas secundárias de 100%, além de incidirem diretamente sobre os produtos russos, essas sanções também atingirão quem mantiver comércio com a Rússia, incluindo compradores de petróleo, fertilizantes e tecnologia. Embora o comércio bilateral entre EUA e Rússia seja restrito, o risco recai sobre parceiros comerciais de Moscou, como China, Índia, Turquia e até o Brasil.

Trump anunciou a entrega de mísseis antiaéreos Patriot à Ucrânia, com financiamento dos aliados europeus da OTAN, após acordos firmados na visita oficial de Rutte. A medida, junto a sanções econômicas rigorosas e apoio militar defensivo, tem como objetivo forçar Moscou a firmar um cessar‑fogo antes do prazo estipulado.

Reação Russa

A postura de Trump sinaliza uma guinada mais contundente em relação à Rússia, indo, em contrapartida, do discurso anterior de aproximação com Putin. Nas últimas semanas, Trump pressionou por resultados concretos, dizendo que depois de repetidas conversas telefônicas, seguidas de novos ataques russos, ficou claro que “fala não significa nada”. Já do lado russo, o Kremlin afirmou que analisará a ameaça com “seriedade”, mas não revelou resposta oficial, enquanto Riabkov deixou claro que não vai ceder sob pressão