A Alemanha confirmou ao governo brasileiro na manhã desta quinta-feira (20) um investimento de 1 bilhão de euros, cerca de 6 bilhões de reais no Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), proposta criada durante as reuniões da COP 30 em Belém.
O investimento do governo alemão cumpre a promessa feita de que o país faria um investimento considerável no fundo para florestas tropicais, mas não resolve o incidente diplomático que ocorreu no mesmo dia após fala do primeiro-ministro alemão sobre Belém, onde acontece a COP 30.
TFFF não funciona através de doações
A proposta do TFFF feita pelo Brasil e aprovada durante a COP 30 tem como objetivo criar um fundo de investimentos usando fundos de renda fixa para gerar recursos com finalidade de preservar as florestas tropicais do mundo inteiro.
O fundo não se trata de doações, mas os recursos obtidos por esse fundo serão usados para remunerar países que cuidam bem de suas florestas tropicais para que possam manter as políticas públicas de conservação ambiental e para criar novas tecnologias para aumentar a conservação ambiental.
Ministro da Fazenda Fernando Haddad explica fundo de investimento (Vídeo: Reprodução/YouTube/ Itatiaia)
Além do Brasil, Indonésia e República Democrática do Congo são outros países que no momento terão prioridade para receber recursos desse fundo, mas outros países com florestas tropicais também terão acesso ao fundo caso conservem bem suas florestas.
TFFF deve gerar retorno econômico maior que desmatamento
O TFFF busca resolver um problema reconhecido no combate as mudanças climáticas que é o alto lucro que o desmatamento gera em comparação a conservação das florestas tropicais através da extração de madeira, expansão urbana e abertura de áreas para a agricultura.
Com isso, o fundo propõe um sistema de pagamento por desempenho na conservação de florestas tropicais, principalmente para países em desenvolvimento, com o objetivo de trazer receitas diretas para os países pela conservação ambiental, o que atualmente ainda não acontece.
Além da Alemanha, países como Brasil, Noruega e Indonésia investiram 1 bilhão de dólares no fundo enquanto a França investiu 500 milhões de dólares.
Alemanha ainda enfrenta saia justa mesmo com anúncio
Apesar do anúncio do investimento no TFFF, a Alemanha tenta resolver com o Brasil um incidente diplomático que aconteceu durante a COP 30.
O incidente aconteceu por conta de uma fala do chanceler federal alemão Friedrich Merz, que afirmou que a comitiva do país europeu estava aliviada de ter saído de Belém e voltado a Alemanha depois dos dias que a delegação esteve na COP 30.
O porta-voz do governo alemão se pronunciou afirmando que a fala se dava por conta do voo longo que a delegação enfrentou entre Belém e Berlim por conta do cansaço da viagem, mas que foi tirada de contexto e colocada como discriminatória contra a cidade onde acontece a COP.
Mesmo com o incidente, o porta-voz afirmou que o chanceler não irá fazer um pedido de desculpas ao Brasil pela fala e que essa fala não vai estremecer as relações entre Brasil e Alemanha.
Fala de Merz sobre Belém (Vídeo: Reprodução/YouTube/ CNN Brasil)
A fala foi muito mal recebida pelo Brasil como um todo com usuários de redes sociais invadindo os perfis do chanceler para criticar a postura com afirmativas de que a Alemanha é uma das culpadas da desigualdade social pelo mundo, que deveria respeitar mais o Brasil e que não precisa voltar ao país após a COP 30.
O presidente Luis Inacio Lula da Silva se pronunciou sobre a fala de Merz durante um evento de inauguração de uma ponte no Tocantins, afirmando que o chanceler deveria ter aproveitado mais da cultura paraense durante sua estadia em Belém.
Quem também se pronunciou sobre a fala foi o governador do Pará Helder Barbalho, que chamou o discurso de Merz de preconceituoso e que revela sobre quem faz o discurso do que sobre o que é feito o discurso. Além disso, o governador ressaltou a excelente acolhida do povo paraense aos visitantes da COP 30.
Igor Normando, prefeito de Belém, também se pronunciou sobre o caso em suas redes sociais, afirmando que o discurso do chanceler destila preconceito e arrogância e que diferente dele o povo alemão se mostrou encantado com Belém durante sua estadia.
