Miley Cyrus entra para a Calçada da Fama e consolida sua era mais madura no pop

A cantora Miley Cyrus será homenageada com uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood em 2026. O anúncio foi feito pela “Hollywood Chamber of Commerce”, que reconheceu a artista como uma das figuras mais impactantes da música atual e também do entretenimento das últimas duas décadas. A estrela será instalada em Los Angeles ao lado de outros grandes nomes da indústria, como o ator Timothée Chalamet, a atriz Demi Moore, o cantor Josh Groban e o grupo músical Bone Thugs-N-Harmony, que também foram selecionados para receber o tributo durante os próximos anos.

A escolha é reflexo de uma consolidada e grande carreira marcada por transformação constante, domínio artístico e uma sólida presença cultural. Aos 32 anos, Miley se torna uma das representantes mais jovens de sua geração a conquistar esse feito — e apenas a segunda artista da era Disney dos anos 2000 a ser homenageada, após os Jonas Brothers.

Carreira consolidada em reinvenções e autenticidade

Desde que teve sua estreia como a protagonista da série Hannah Montana (Disney) em 2006, Miley construiu uma carreira que ultrapassou os limites da televisão infantil e também do pop adolescente. Sua discografia conta atualmente com nove álbuns, três prêmios VMA, três Grammys, incluindo um por “Flowers”, em 2024 — e um repertório que mescla pop, rock, country e elementos alternativos.



Miley recebendo seu Grammy pela música "Flowers" em 2024 (Foto: Reprodução/Kevin Mazur/Grammy Awards)

Ao longo dos anos, Cyrus desafiou rótulos e expectativas, quebrando paradigmas de imagem e som. As suas fases mais controversas, como no álbum Bangerz (2013), foram sucedidas por momentos de grande introspecção e maturidade, como o aclamado “Plastic Hearts” (2020) e o recém-lançado “Something Beautiful”, que reflete a sua fase mais autoral.

O reconhecimento em Hollywood não é apenas um resultado de uma trajetória de sucesso, mas também reflete a jornada de uma artista que mesmo sob o olhar crítico do público desde a sua infância, conseguiu reinventar sua identidade por diversas vezes e mesmo assim se manter relevante, sempre preservando sua liberdade criativa.

Símbolo importante com toque de memória afetiva

Para ela, essa homenagem carrega um significado simbólico muito especial, além de seu significado propriamente dito. Em entrevistas recentes, ela chegou a recordar diversos momentos de sua infância em Los Angeles, quando passeava pela Hollywood Boulevard ao lado do pai, o cantor Billy Ray Cyrus, sem imaginar que um dia seu nome também estaria eternizado ali.


Lyric vídeo oficial da música "Walk of Fame" (Vídeo: Reprodução/YouTube/Miley Cyrus)

Essa memória é resgatada no disco “Something Beautiful”, onde a faixa “Walk of Fame” celebra o simbolismo da calçada e serve como pano de fundo para o videoclipe e o filme homônimo lançado este ano. As gravações do clipe, feitas na própria Hollywood Boulevard, chegaram a levá-la à UTI devido a uma infecção no joelho, episódio que a cantora narrou com bom humor, reforçando o quanto sua relação com aquele espaço é literal, emocional e artística.

O filme e o álbum têm forte carga conceitual e acompanham uma narrativa de transição: Miley assume, publicamente, estar vivendo uma nova era, menos apegada às demandas do mainstream e mais focada em processos criativos que respeitem sua individualidade e tempo.

Reconhecimento em meio a uma nova fase da carreira

Ao comentar sobre o seu futuro, Cyrus afirmou que “Something Beautiful” pode ser seu último trabalho dentro dos moldes convencionais da indústria. “Acho que meu apego ao sucesso mainstream está diminuindo”, revelou ao “The New York Times”, sinalizando que pretende se dedicar a projetos mais pontuais, que são menos regidos por metas comerciais.


Novo álbum "Something Beautiful" (Áudio: Reprodução/Spotify/Miley Cyrus)

Nesse momento, a homenagem vai mais além do que um marco importante de sua carreira artística, nesse momento também vem para representar o final de um ciclo da carreira de Miley. É uma consagração que chega em um momento em que ela se permite refletir sobre seus caminhos, longe das pressões externas, enquanto celebra suas grandes conquistas e relevância.

Ao lado dos grandes nomes do entretenimento

Além de Miley, nomes como Emily Blunt, Marion Cotillard, Rachel McAdams, Gordon Ramsay, Shaquille O’Neal e Angélique Kidjo também serão homenageados com estrelas nos próximos dois anos. A seleção, que abrange categorias como cinema, música, TV, teatro e esportes, leva em conta impacto na indústria, contribuição cultural e envolvimento comunitário.

Desde 1960, mais de 2.700 estrelas já foram instaladas nos 18 quarteirões da “Hollywood Walk of Fame”, que recebe cerca de 10 milhões de visitantes por ano. Para receber a honraria, os selecionados devem confirmar a cerimônia no prazo de dois anos — evento que costuma reunir fãs, imprensa e figuras históricas da carreira do homenageado.

Miley Cyrus conta que foi proibida de cantar músicas de “Hannah Montana” ao sair da Disney

Recentemente, um novo episódio do podcast The Ringer trouxe uma entrevista com Miley Cyrus, em uma conversa sobre sua carreira desde “Hannah Montana” até seus mais novos lançamentos junto ao álbum “Something Beautiful”. Miley chegou a contar que não tinha permissão para cantar as músicas da série infantojuvenil depois de sua saída da Disney.

A cantora até brincou que, de certa forma, não faria sentido adicionar “The Best of Both Worlds”, a música tema de “Hannah Montana” entre alguns de seus hits lançados pouco após o fim da série. Na época, com seu álbum “Bangerz” de 2013, Miley liberou a rebeldia ao tentar se separar da imagem de atriz mirim do Disney Channel. “Mas ainda assim era triste saber que aquelas músicas tinham a minha voz, o meu rosto e eu não podia cantá-las”, contou.

Foi apenas em 2024, treze anos após “Hannah Montana” ser finalizado, que Miley Cyrus deixou de ter uma proibição sobre as músicas. Naquele ano, Miley foi homenageada como uma Lenda da Disney.


Miley Cyrus no clipe de “Easy Lover” lançado em 30 de maio de 2025 (Foto: reprodução/YouTube/@MileyCyrus)

A série

Miley iniciou sua carreira dividindo a cantoria com atuação. Em 2006, antes mesmo de seus quatorze anos, Miley estreava no canal Disney Channel com “Hannah Montana” uma série de comédia infantojuvenil sobre Miley Stewart, uma garota comum vivendo em Malibu enquanto esconde um grande segredo: nos palcos com uma peruca loira, Miley é a famosa estrela pop, Hannah Montana. A vida dupla entre celebridade e uma adolescente agitada, Miley traz muitas confusões e a pressão de manter ambos os mundos separados.

De volta às telonas

Em abril, a rede UCI cinemas abriu algumas sessões especiais para “Hannah Montana – O Filme” durante uma semana. Mas essa não foi a única vez no ano que Miley aparecerá nas telonas, seu novo álbum, “Something Beautiful” terá um filme acompanhando o projeto e está previsto para daqui a três semanas, em 27 de junho, para os cinemas brasileiros.

Entrevista ao The Ringer

Além da conversa sobre seu começo como estrela infantil, Miley passou por todos seus álbuns e hits, contou sobre seu divórcio com Liam Hemsworth, como sente que a parceria com Dua Lipa, “Prisoner”, não combina de fato com “Plastic Hearts” e que a colaboração foi ideia da gravadora. Miley até trouxe a possibilidade de uma regravação das melhores músicas de Hannah Montana.

O episódio tem mais de duas horas entre memórias e histórias pessoais, é possível ouvi-lo completo pelo Spotify do The Ringer, com o podcast “Every Single Album”.

As quatro temporadas de “Hannah Montana” e o filme de mesmo nome estão disponíveis na plataforma Disney+ além de um show especial de 2008. A discografia de Miley Cyrus pode ser encontrada nas principais plataformas digitais.