McQueen revisita sua rebeldia e redefine o sexy em Paris

A Alexander McQueen apresentou seu verão 2026 neste domingo (05), durante a Paris Fashion Week, e confirmou: Seán McGirr não teme o desconforto. Em seu segundo desfile à frente da grife britânica, o diretor criativo mergulhou nas raízes provocativas da marca e trouxe de volta a sensualidade áspera, quase agressiva, que sempre foi marca registrada de seu fundador.

Na passarela, corpos expostos, cinturas ultrabaixas e transparências desafiaram convenções. O couro apareceu desconstruído, o tule ganhou aspecto destruído, e as franjas, em tiras de tecido e cordas, criaram movimento e tensão. A coleção, que flerta com o erotismo e a vulnerabilidade, revisita ícones da McQueen dos anos 1990, especialmente a polêmica “Highland Rape”  sem cair na simples nostalgia.

A cintura baixa volta com nova atitude

McGirr explorou a silhueta de forma quase anatômica: saias e calças que revelam o quadril, vestidos colados ao corpo e tops que mais sugerem do que cobrem. A chamada “cintura cofrinho”, um dos temas mais comentados do desfile, se tornou metáfora de ousadia, um gesto de exposição e poder.


Modelo em desfile McQueen (Foto: reprodução/Instagram/@catwalkmodelsss)

A cartela de cores oscilou entre o vermelho intenso, o preto e o branco, com texturas que remetem à pele, ao sangue e ao metal. O contraste entre o artesanal e o industrial se fez presente: flores tridimensionais conviviam com zíperes aparentes e tecidos rasgados. Era como se cada look trouxesse uma história de resistência e reconstrução.

Entre fragilidade e força

Ao lado da provocação visual, o desfile também abordou um diálogo contemporâneo sobre identidade e corporeidade. As modelos, diversas em forma e presença, desfilavam com um ar de desafio silencioso, uma espécie de manifesto visual que coloca a vulnerabilidade como força.


Modelo em desfile McQueen (Foto: reprodução/Instagram/@catwalkmodelsss)

Seán McGirr, ao reinterpretar o legado de Lee Alexander McQueen, demonstra que entende o espírito da casa: a beleza que nasce do caos. E, nesta temporada, o caos veste franjas, couro e coragem. Sua abordagem é menos sobre provocar choque gratuito e mais sobre provocar reflexão  sobre o que o corpo pode comunicar quando é libertado das regras de proporção, pudor e forma.

Matéria do portal InMagazine por Jullya Rocha.

Alexander McQueen explora gótico vitoriano em campanha estrelada por Alex Consani

Nesta terça-feira, 19, a renomada grife britânica Alexander McQueen apresentou sua nova campanha de outono 2025, com a participação de modelos como Alex Consani, Athiec Geng, Chu Wong e Libby Taverner. Sob a direção criativa de Seán McGirr, a marca britânica traz uma nova visão do famoso gótico vitoriano, evocando atmosferas que nos transportam para os clássicos da literatura inglesa do século XIX. Fotografada e dirigida por Glen Luchford, a campanha utiliza um fundo cinza minimalista que remete à melancolia e também ao drama de romances como os das irmãs Brontë, enquanto celebra a liberdade e também a intensidade estética.

As imagens mostram modelos adornados com rendas brancas e pretas, vestindo uma alfaiataria impecável e botas de bico afiado, enquanto seus cabelos esvoaçam como se estivessem atravessando uma tempestade imaginária. Mais do que apenas poses, a fisicalidade dos corpos transmite uma tensão entre contenção e liberdade, mostrando o desejo da marca de explorar a sutil linha entre tradição e transgressão. Essa dualidade destaca a intenção de McGirr de unir a moda contemporânea às expressões ousadas de artistas e pensadores que romperam com as convenções do passado.

Ícones literários e códigos de estilo

A campanha se baseia em figuras marcantes do século XIX, como Oscar Wilde, a artista Vesta Tilley e a pintora Romaine Brooks. Esses nomes não são apenas referências; eles representam arquétipos da subversão, refletindo no vestuário a mesma busca por liberdade criativa que marcou suas obras. Mencionar esses personagens vai além de uma simples homenagem; é uma atualização poética que se conecta com os dilemas contemporâneos de identidade, gênero e autoexpressão.


Campanha de Outono 2025 - Alexander McQueen (Foto: Reprodução/Alexander McQueen)

A estética vitoriana, revisitada por McQueen, se revela em belos detalhes como rendas com bordas assimétricas, couro brilhante e o uso do georgette de seda, que contrasta de maneira elegante com a rigidez das peças de alfaiataria. Essa justaposição entre força e fragilidade é a cara da marca, que sempre buscou criar um diálogo entre opostos, levando essa ideia ainda mais longe na interpretação gótica de McGirr. O resultado é um espetáculo visual que evoca tanto a melancolia da tradição quanto a pulsante energia da rebeldia.

Direção criativa e colaborações

Fora do mundo literário, a campanha se destaca pelo incrível trabalho de styling de Sarah Richardson, uma colaboradora que já é parte da marca. A presença dela garante uma continuidade estética entre os desfiles e a campanha, fortalecendo a ligação entre a narrativa da passarela e a narrativa fotográfica. Essa harmonia é crucial para manter a visão de McGirr, que defende uma moda baseada na autoexpressão genuína e na força poética das roupas.


Campanha de Outono 2025 - Alexander McQueen (Foto: Reprodução/Alexander McQueen)

Em uma conversa com o WWD, McGirr destacou que a coleção busca capturar os dilemas do nosso tempo, onde questões como caráter, idealismo e identidade estão sempre em transformação. Assim, a escolha de modelos jovens e diversos vai além de uma simples decisão estética; ela demonstra o compromisso da marca em abordar as questões culturais mais relevantes do nosso tempo.

Entre tradição e transgressão

A campanha de outono 2025 da Alexander McQueen se apresenta como um verdadeiro manifesto visual, explorando as diversas formas de liberdade na moda. Ao brincar com a ideia de contenção e abandono, o ensaio revela uma poética que vai além das roupas, abrangendo também a performance corporal e a rica imaginação literária.


Vídeo promocional da nova campanha (Vídeo: Reprodução/Instagram/@alexandermcqueen)

A tensão entre tradição e transgressão, que é o coração da coleção, encontra um espaço fértil para se expressar no cenário minimalista e nos elementos do gótico vitoriano. Inspirada por Wilde e com ecos das irmãs Brontë, a marca se estabelece como uma das vozes mais marcantes e originais da moda britânica. O resultado é uma coleção que, ao mesmo tempo que conversa com o passado, também reflete as urgências do presente, traduzindo em roupas a constante busca por liberdade e autoexpressão.