Bolsonaro pode ir para a prisão ainda em 2025

Após a publicação do acórdão da condenação com pena 27 anos e três meses em regime inicial fechado do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros sete réus por cinco crimes na trama golpista que culminou nos atos golpistas do oito de janeiro de 2023.

Com isso, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal abriu o prazo de cinco dias corridos para que a defesa dos réus recorra através de embargos de declaração, que é a única possibilidade de recurso neste caso.

Recursos devem ser julgados ainda em outubro

Com o prazo para os embargos de declaração chegando ao fim na segunda-feira(27), a expectativa dentro da Corte é que o julgamento comece no dia seguinte(28) podendo inclusive ser em plenário virtual.


Acórdão inicia prazo para defesa de Bolsonaro trazer seus embargos declaratóios (Vídeo: Reprodução/YouTube/Uol News)

Interlocutores próximos ao ministro Alexandre de Moraes confirmaram a informação e afirmam que existem duas possibilidades para que o julgamento seja inserido na pauta da Primeira Turma na próxima semana. A primeira seria a inserção do julgamento no calendário como geralmente é feito, que tem a pauta aberta sete dias antes da sessão ou o próprio ministro pode pedir a marcação de uma sessão extra, como foi feito no julgamento dos réus em setembro, que tem um prazo de 24 ou 48 horas para colocar o julgamento em pauta.

Ainda segundo interlocutores, o trânsito em julgado deve ser feito até o final de novembro, finalizando o processo com o Alexandre de Moraes, relator do caso no STF, pedindo a imediata execução das penas.

Defesa deve pedir prisão domiciliar

Além da Primeira Turma, a defesa dos réus também se movimenta nos bastidores para fazer seus embargos de declaração, afinal tem o prazo de cinco dias corridos para apresentá-lo a Corte.

Apesar de ter praticamente a certeza da rejeição dos embargos, a defesa de Bolsonaro deve pedir a manutenção da prisão domiciliar, evitando uma ida a prisão. A alegação da defesa deve passar por problemas de saúde que o ex-presidente tem enfrentado desde 2018 após sofrer uma facada em Minas Gerais durante um evento de sua campanha eleitoral.

Bolsonaro está em prisão domiciliar desde agosto por conta do inquérito que investiga a atuação de Eduardo Bolsonaro, filho de Jair, nos Estados Unidos, que segundo o mesmo teria trabalhado para que o país executasse um tarifaço de 50% contra os brasileiros.

A defesa até pediu a revogação da medida em setembro, alegando que a Procuradoria Geral da República não o indiciou neste inquérito, mas foi negado alegando indícios de que a prisão domiciliar deveria ser mantida.

Além da prisão domiciliar, Bolsonaro pode ir para uma unidade militar, como aconteceu com seu vice nas eleições de 2022 e também condenado neste inquérito Braga Netto, uma sala na sede da Polícia Federal ou uma cela especial na Papuda para cumprir a pena pelos crimes cometidos na trama golpista.

Aliados esperam Bolsonaro em presídio

Quem também se movimenta nos bastidores após a publicação do acórdão da condenação de Bolsonaro são aliados do ex-presidente.

Segundo fontes ligadas a alguns deles, a expectativa é que Bolsonaro cumpra a pena em uma cela especial na Papuda, mesmo com a defesa alegando problemas de saúde, e que isso já comece em novembro, quando o trânsito em julgado deve ser confirmado.

Com isso, os aliados já começam a pensar nas estratégias para as eleições de 2026 e em quem deve ser o concorrente “bolsonarista” na votação que ocorre em outubro do próximo ano, mas com vários nomes se levantando como candidatos deste lado da política partidária do Brasil, é muito difícil que tenha um nome único vindo do bolsonarismo.

Além da condenação que retira sua possibilidade de candidatura até 2062 como sanção pela condenação na trama golpista, Bolsonaro está inelegível para eleições presidenciais até 2030 por abuso de poder econômico e político na campanha das eleições de 2022.

Para especialistas, a condenação de Bolsonaro somada a não ter um nome unanime entre seus aliados somado aos fracassos da PEC da Anistia e na não revisão da inelegibilidade do ex-presidente podem ser pontos a fragilizar o bolsonarismo como um todo.

Além disso, as votações na PEC da Blindagem e contrária a isenção do Imposto de Renda para pessoas que ganham abaixo de 5 mil reais por mês e outras votações têm feito a opinião pública olhar negativo para a base do ex-presidente.

 

STF se preocupa com saúde de Bolsonaro e prisão domiciliar vira pauta

Condenado no último dia 11 de setembro por cinco crimes praticados na trama golpista, o ex-presidente Jair Bolsonaro teve sua saúde em pauta no STF durante os últimos dias.

Com a proximidade do encerramento do trânsito em julgado do caso, a Corte agora avalia se mantém o plano de prisão em uma cela especial na Papuda ou mantém a atual prisão domiciliar à qual Bolsonaro está submetido.

Bolsonaro tem problema na região abdominal

Bolsonaro tem se queixado desde a facada que sofreu durante a campanha eleitoral na qual foi eleito em 2018 e, desde esse período, foram pelo menos seis internações apenas por conta deste problema.

Na internação do início do mês, médicos especialistas ficaram mais preocupados por conta de falhas renais apresentadas e pelas internações se tornarem frequentes a ponto do quadro de saúde de Bolsonaro ser considerado delicado.


Saída do hospital do ex-presidente Bolsonaro (Vídeo: Reprodução/YouTube/CNN Brasil)

Além disso, foi descoberto neste mês um câncer de pele onde algumas partes das lesões do tecido foram retiradas, mas que vão precisar de tratamento. Para os médicos, o câncer se deve a alta exposição aos raios UV vindos do sol sem a devida proteção.

Com esse cenário, o STF avalia internamente a possibilidade de manutenção da prisão domiciliar por conta da maior facilidade de deslocamento para o hospital, mas as constantes violações de regras da prisão domiciliar chamaram a atenção da Corte que ainda não tem posicionamento fechado sobre como Bolsonaro cumprirá os 27 anos e três meses de pena.

Apesar do cenário, a defesa de Bolsonaro se vê otimista em conseguir a manutenção da prisão domiciliar após o trânsito em julgado pela facilidade logística.

Base bolsonarista já pensa atuação de Bolsonaro nas eleições de 2026

Com todos os problemas de saúde, a condenação recente na trama golpista e a inelegibilidade que já vem desde 2023, a base de aliados de Bolsonaro já se planejam para não ter o ex-presidente em seu palanque já que não poderá se manifestar politicamente por conta da prisão domiciliar e provavelmente pela condenação recente.

Apesar disso, o bolsonarismo ainda sustenta que o ex-presidente será candidato nas eleições de 2026, mas a inelegibilidade que vem desde 2023 acaba com qualquer possibilidade disso e a condenação pela trama golpista muito provavelmente enterra de vez as chances do ex-presidente voltar ao Palácio do Planalto.

Para especialistas em política, a condenação de Bolsonaro deve criar uma disputa política pela chancelaria do mesmo à nomes da extrema-direita. Apesar do rótulo ter se desgastado nas eleições municipais de 2024, o selo de aprovação do ex-presidente ainda segue sendo ponto favorável dentro deste espectro político.


Bolsonaro está de tornozeleira eletrônica desde julho (Vídeo: Reprodução/X/@jnascim)

No entanto, os especialistas afirmam que a condenação pode ser um fator de enfraquecimento do bolsonarismo, afinal esta foi uma das grandes bandeiras para combater a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva, que saiu vencedor do pleito de 2022.

Além disso, os escândalos das emendas PIX, o apoio ao tarifaço que Trump impôs ao Brasil e votações das PECs da Blindagem e da anistia que foram amplamente combatidas pela população tem colocado a extrema-direita em choque com o povo que vê na mesma uma legislação para “salvar a pele” de Bolsonaro.

Por fim, pautas como o fim da escala de trabalho 6×1 e o aumento da isenção de imposto de renda tem fortalecido para os especialistas um posicionamento mais a favor do povo para o governo e mostra que as pautas, sobretudo advindas das redes sociais, estão sendo observadas por um governo que nesta visão tem se mostrado mais próximo da população.

Bolsonaro pode cumprir pena em sala da PF

A eventual prisão de Jair Bolsonaro (PL) tem gerado movimentações discretas, mas estratégicas, nos bastidores do Supremo Tribunal Federal e da Polícia Federal. Para se antecipar a qualquer decisão judicial, a corporação organizou um espaço exclusivo em Brasília, preparado para receber o ex-presidente com segurança e privacidade. A medida evidência o cuidado das autoridades em lidar com figuras públicas de grande projeção, enquanto o destino de Bolsonaro ainda depende da análise de recursos apresentados pelas defesas.

Uma cela fora do comum

A sala reservada foi montada na Superintendência da PF no Distrito Federal e difere completamente das celas comuns do sistema prisional. O espaço inclui cama, cadeira, televisão e banheiro privativo, garantindo condições mais seguras e controladas para um ex-chefe de Estado. Fontes ligadas à corporação destacam que a adaptação segue protocolos já aplicados a autoridades de grande projeção pública.

O precedente histórico

A medida não é inédita. Em 2018, Luiz Inácio Lula da Silva cumpriu parte de sua pena em uma instalação semelhante na sede da PF em Curitiba. À época, o argumento foi o mesmo: preservar a integridade do preso, evitar tumultos em presídios convencionais e minimizar riscos à segurança. Agora, a estratégia se repete, com a expectativa de que Bolsonaro, caso condenado em definitivo, receba tratamento parecido.


 

Ex-presidente Jair Bolsonaro no STF (Foto:Reprodução/Ton Molina/STF)

Papuda como alternativa

Embora a cela da PF esteja pronta, não está descartado que Bolsonaro seja encaminhado à Penitenciária da Papuda, em Brasília. Nesse cenário, ele ocuparia uma ala reservada, já utilizada anteriormente para políticos envolvidos no escândalo do mensalão e, mais recentemente, para parte dos acusados de participação nos atos de 8 de janeiro. Essa possibilidade, no entanto, divide opiniões: enquanto alguns defendem a necessidade de um espaço em presídio oficial, outros avaliam que a permanência sob custódia da PF oferece maior controle.

Recursos ainda em curso

Por enquanto, não há prazo definido para a execução de eventual pena. As defesas dos investigados ainda têm direito a apresentar recursos, incluindo pedidos de prisão domiciliar. Esses questionamentos serão analisados pela Primeira Turma do STF, e apenas após o julgamento é que poderá ser determinada a prisão. Ou seja, mesmo com toda a preparação, a decisão final pode levar tempo para sair.

Um gesto de antecipação

O simples fato de a PF ter organizado a sala já é interpretado como um movimento de antecipação. Mais do que preparar um espaço físico, trata-se de uma sinalização política e institucional: a de que, se houver ordem judicial, não haverá improviso. O episódio também reacende discussões sobre privilégios concedidos a ex-presidentes e a maneira como o Brasil lida com lideranças políticas após o fim do mandato.