Ugly chic: a ascensão dos óculos “quase invisíveis” que definem o estilo de 2025

Há algo de profundamente instigante na forma como a moda tem revisitado o que chamamos de “estranheza elegante”. Em meio a uma temporada dominada por opostos, do rigor minimalista ao maximalismo nostálgico, um acessório inesperado ganhou protagonismo: os óculos ultrafinos, sem armação ou com aros metálicos quase imperceptíveis, que deixaram de ser meros utilitários para se tornarem símbolo do ugly chic atualizado para 2025.

O que antes carregava uma estética nerd tímida agora se transforma em um gesto calculado de estilo. Celebridades de universos completamente diferentes — de influenciadoras como Livia Nunes a artistas globais — têm adotado essas lentes discretas, que enquadram o rosto com uma elegância nada óbvia e um certo charme intelectualizado.

A estética do “quase não visto”

Os óculos que lideram essa tendência funcionam como um paradoxo visual: são discretos, mas expressivos; não competem com o look, mas o definem. Ao optar por aros diminutos ou pela ausência total de moldura, criam uma silhueta suave, levemente futurista e quase acadêmica, que toca em um imaginário de inteligência estilizada, uma característica que acompanha o ugly chic desde suas primeiras formulações conceituais.


Alguns formatos para cada tipo de rosto (Foto: reprodução/Instagram/@iixlfvt)


Mais do que um objeto de desejo, esses modelos representam um movimento estético contemporâneo: a rejeição da perfeição polida. Em um cenário saturado por feeds homogêneos e repetições constantes de microtendências, a moda resgata o estranho, o improvável e o imperfeito como terrenos férteis para originalidade. Aqui, a intenção vale mais do que a harmonia tradicional.

O retorno do feio inteligente

Marcas que ditam esse debate visual ajudam a consolidar o momento. Com sua feminilidade desconstruída, a Miu Miu tratou esses óculos como extensão natural de seu vocabulário — delicados, mas espertos, quase frágeis, porém cheios de personalidade. A Saint Laurent elevou o acessório a um traço preciso no rosto. E a Balenciaga, sempre fiel ao desconforto proposital, inseriu o “feio sofisticado” em mais uma narrativa de impacto cultural.


MiuMiu é uma das marcas que sempre deram espaço a essa estética (Foto: reprodução/Instagram/@parilux.auth)


O que une essas leituras é a recusa ao óbvio. O ugly chic não busca agradar, busca provocar. Ele desafia a ideia de que beleza depende de simetria, equilíbrio ou ostentação. Os óculos finíssimos cumprem exatamente esse papel: subvertem expectativas, dispensam glamour explícito e, paradoxalmente, tornam-se irresistíveis por isso.

Se 2025 tem uma assinatura estética, ela passa por essa pergunta silenciosa que esses óculos evocam: é possível ser marcante sem parecer que se tentou demais? Na moda atual, a resposta é um sim calculado e extremamente elegante.