O Vasco saiu de campo com um resultado desastroso na noite de terça-feira (15), ao ser goleado por 4 a 0 pelo Independiente Del Valle, no Equador, no jogo de ida dos playoffs da Copa Sul-Americana. O placar acende o sinal de alerta em São Januário e escancara o abismo entre o investimento feito pela equipe carioca e o desempenho apresentado dentro das quatro linhas.

Valor de mercado não se refletiu em campo

Apesar de contar com um elenco estimado em mais de R$ 560 milhões, o Vasco não conseguiu transformar sua superioridade econômica em desempenho dentro de campo. O Independiente Del Valle, com uma equipe avaliada em cerca de R$ 145 milhões, conseguiu se impor e aplicar uma goleada histórica. A diferença entre os dois clubes, em termos de valor de mercado, é de quase quatro vezes, segundo dados da plataforma especializada Transfermarkt.

Na lista dos times mais valiosos da atual Copa Sul-Americana, considerando tanto os que disputam os playoffs quanto os já classificados às oitavas de final, o Vasco figura como o quinto elenco mais caro, ficando atrás apenas de outros representantes do Brasil: Bahia, Atlético-MG, Fluminense e Grêmio. A distância para outros clubes sul-americanos também chama atenção. O Independiente da Argentina aparece logo atrás do time carioca, com valor de mercado próximo a R$ 383 milhões, ou seja, mais de R$ 170 milhões a menos que o Vasco.

Derrota afeta projeções financeiras na temporada

A pesada derrota na ida dos playoffs da Sul-Americana pode gerar impactos além do campo para o Vasco. A competição era vista pela diretoria como uma das principais fontes de receita em 2025, especialmente após o aumento das premiações promovido pela Conmebol. O título do torneio continental, por exemplo, renderá ao campeão cerca de R$ 37 milhões.

Por chegar a esta fase da disputa, o Cruz-Maltino já assegurou US$ 500 mil (aproximadamente R$ 2,8 milhões). Caso consiga a classificação para as oitavas de final, o clube ainda teria direito a mais US$ 600 mil (em torno de R$ 3,4 milhões). No entanto, o resultado adverso por 4 a 0 fora de casa coloca em risco a continuidade do time na competição, o que também reduz as chances de garantir premiações mais robustas e de manter o clube em evidência no cenário internacional.

Post do Independiente após a vitória (Foto: reprodução/Instagram/@independientedelvalle)

Vasco acumula vexames em competições internacionais nos últimos anos

Desde 2018, o Vasco acumula campanhas decepcionantes e sem grandes avanços nas competições continentais organizadas pela Conmebol. A equipe voltou à Copa Libertadores e à Copa Sul-Americana nesse período, mas não conseguiu passar das fases intermediárias nem construir desempenhos de destaque.

Na Libertadores de 2018, o clube carioca superou Universidad de Concepción (CHI) e Jorge Wilstermann (BOL) nas fases preliminares, mas acabou eliminado ainda na fase de grupos, ao enfrentar Cruzeiro, Racing (ARG) e Universidad de Chile. O desempenho foi abaixo do esperado e incluiu duas goleadas sofridas por 4 a 0, contra Racing e Cruzeiro. A eliminação precoce gerou críticas, principalmente em relação à instabilidade defensiva.

Na sequência daquele ano, o Vasco caiu nas oitavas de final da Sul-Americana, ao reencontrar o Jorge Wilstermann. A classificação foi decidida nos pênaltis, após um confronto marcado por extremos: derrota por 4 a 0 fora de casa e vitória pelo mesmo placar em São Januário. A eliminação evidenciou novamente as dificuldades do time em atuar longe do Rio de Janeiro.

Na Sul-Americana de 2020, o Cruz-Maltino eliminou o Oriente Petrolero na primeira fase, mas foi superado pelo Defensa y Justicia, da Argentina, com empate por 1 a 1 no Rio e derrota por 1 a 0 fora de casa. O time argentino, inclusive, viria a ser o campeão daquela edição, o que diminuiu um pouco o impacto da queda vascaína.

Esses resultados mostram a dura realidade do Vasco nas competições internacionais nos últimos anos, com eliminações precoces e atuações abaixo do esperado. Agora, o clube enfrenta um desafio importante em casa para tentar virar a situação e mostrar que ainda tem força para competir no cenário continental.