Richard Quinn mais uma vez provou porque é um dos nomes mais aguardados da London Fashion Week. O estilista britânico levou para a temporada de verão 2026 um espetáculo que atravessa memórias do glamour old school e o reinterpreta com sua assinatura maximalista.
Quem deu o tom da noite foi Naomi Campbell, que surgiu para abrir o desfile ao som de uma orquestra ao vivo. Com vestido longo de veludo preto, decote profundo e uma camélia branca estrategicamente posicionada no colo, a supermodelo reforçou a atmosfera de reverência e teatralidade que se seguiria. O gesto não foi por acaso: pela quarta vez consecutiva, Quinn abriu sua coleção com o símbolo floral, consolidando um ritual já esperado e carregado de significado.
Entre o drama couture e o altar moderno
A passarela de Quinn se desenrolou como uma sucessão de quadros luxuosos, marcada por silhuetas esculpidas, saias volumosas, flores oversized e laços imponentes. Bordados minuciosos, aplicações de cristais e luvas longas em preto criaram um contraste impactante com tons pastel e vermelho vibrante, evocando a ousadia dos anos 1980. A trilha orquestrada potencializou o clima de espetáculo, transformando cada entrada em um ato de uma peça de teatro couture.
Naomi Campbell abre desfile da coleção primavera verão 2026 de Richard Quinn no LFW (Vídeo: reprodução/Instagram/@naomicampbell_thebest)
O momento mais esperado veio com as noivas: 14 vestidos nupciais cruzaram a passarela em interpretações diversas, indo de minis bordados com delicadeza artesanal a sobreposições grandiosas de renda. Nesse trecho, Quinn explorou desde a leveza de transparências até camadas estruturadas, borrando a linha entre a passarela e o altar.
Looks do desfile da coleção primavera verão 2026 de Richard Quinn no LFW (Vídeo: reprodução/Instagram/@hypnotique)
A coleção também reverenciou a história da alta-costura: modelos rodados lembravam Dior nos anos 1950, vestidos sereia remetiam a Givenchy, enquanto peças coluna e capas estruturadas ecoavam Balenciaga e até Karl Lagerfeld em sua fase Chanel. Essa homenagem explícita a couturiers do passado mostra a habilidade de Quinn em dialogar com a tradição sem perder sua própria identidade.
Glamour atemporal para um público fiel
Mais do que uma coleção, Quinn apresentou um manifesto sobre a permanência do glamour. Se no início da carreira ele subvertia códigos com látex e ironia quase fetichista, hoje prefere entregar sofisticação atemporal a uma clientela que busca exclusividade para galas, tapetes vermelhos e casamentos de alta sociedade.
Looks do desfile da coleção primavera verão 2026 de Richard Quinn no LFW (Vídeo: reprodução/Instagram/@ideservecouture)
Ainda assim, seu toque teatral continua presente. Os penteados volumosos assinados por Sam McKnight, inspirados nos anos 80, reforçaram a aura maximalista. Cada look foi construído para emocionar, surpreender e se eternizar em fotografias — afinal, Quinn entende que na era das redes sociais, a imagem é tão poderosa quanto o vestido em si.
Ao celebrar o clássico sem medo de parecer tradicional, Richard Quinn mostra que a verdadeira revolução pode estar justamente na elegância. Sua moda é feita para ser lembrada, desejada e celebrada — tanto no altar quanto na passarela.
