Elon Musk e Donald Trump reacendem rivalidade com críticas públicas

A relação entre Elon Musk e Donald Trump voltou ao centro das atenções após uma nova rodada de declarações públicas entre os dois, indicando o aprofundamento de um distanciamento que já vinha se desenhando desde meados de 2024. Os dois, que já mantiveram uma relação de colaboração política e empresarial, agora protagonizam um embate que ganhou contornos mais diretos nos últimos dias.

A fala de Trump e a resposta de Musk

Durante um pronunciamento recente, Donald Trump mencionou Elon Musk de forma crítica, sugerindo que o bilionário deveria “ter mais cuidado” com sua atuação pública. Ele também fez referência à possibilidade de Musk ser alvo de medidas governamentais caso continue a se opor a certas propostas econômicas, como o pacote de cortes fiscais e de gastos públicos que vem sendo defendido por aliados do ex-presidente.

Em resposta, Musk utilizou a plataforma X, da qual é proprietário, para afirmar que pretende apoiar financeiramente candidatos que se oponham ao projeto fiscal promovido por Trump. Segundo ele, congressistas que apoiarem a proposta enfrentarão resistência nas prévias republicanas. A mensagem foi clara: o empresário deseja influenciar o cenário do partido.

Encontro entre Trump e Musk na CNN (foto/reprodução/x/@ElonMuskNews47)

O histórico da ruptura

Musk e Trump já haviam trocado farpas anteriormente. Em 2024, Musk demonstrou apoio crítico ao presidente, chegando a se reunir com ele em eventos de bastidores políticos. No entanto, a relação começou a se desgastar com divergências em torno de políticas econômicas e ambientais, além de questões relacionadas à liberdade de expressão nas plataformas digitais.

Nos últimos meses, Musk passou a criticar publicamente o projeto orçamentário conhecido como “One Big Beautiful Bill Act”, classificando-o como um plano que pode comprometer a sustentabilidade fiscal dos EUA. A posição foi vista por aliados de Trump como um sinal de ruptura definitiva.

Repercussões e movimentações nos bastidores

Fontes próximas ao alto escalão político em Washington indicam que assessores de ambos tentaram retomar o diálogo entre as partes, mas as diferenças ideológicas e estratégicas permanecem. Enquanto Trump reforça sua base com foco em controle fiscal, Musk adota uma postura mais voltada à inovação econômica e tecnológica, com foco na preservação de investimentos privados e no incentivo ao empreendedorismo.

STF vota para a responsabilização das redes pela postagem de conteúdos ilegais

Na última quinta-feira (26), o Supremo Tribunal Federal (STF) votou pela alteração da responsabilidade das redes pelas postagens de seus usuários. As sessões de discussão sobre o tema foram estabelecidas, principalmente, por conta do artigo 19 do chamado Marco Civil Regulatório, documento criado em 2014 e que estabeleceu diretrizes para o ambiente digital no Brasil. 

Segundo os ministros do STF, o artigo 19 do Marco Civil Regulatório é inconstitucional, uma vez que a responsabilidade sobre a circulação de conteúdos ilegais somente atingia as redes se nenhuma medida tivesse sido tomada após a emissão de ordem judicial. Ou seja, antes, a responsabilização da plataforma cabia exclusivamente à atuação do Poder Judiciário. A base para o artigo era a garantia da liberdade de expressão. 

A partir de agora, a responsabilização das redes ocorre a partir de ação extrajudicial. Assim, é necessária apenas a manifestação da vítima ou de seu advogado para que a rede seja responsabilizada sobre o conteúdo. Somente em casos de, após a notificação extrajudicial, nenhuma ação seja realizada, caberá à Justiça julgar se o conteúdo é ou não irregular, e punir a plataforma pela omissão. 

As mudanças não se aplicam aos crimes contra a honra, como a difamação e calúnia. Nessas situações, prevalece a notificação judicial. Segundo o STF, essa foi uma maneira de preservar a garantia da liberdade de expressão.  


A decisão do STF amplia a responsabilidade das redes sociais | Vídeo: Reprodução/YouTube/g1

Casos de remoção proativa

Ainda na decisão, ficou estabelecido que conteúdos que promovem temas como golpe de Estado, pedofilia, discurso de ódio, racismo e incitação à violência devem ser retirados pela plataforma, independente da existência ou não de alguma notificação, seja ela extrajudicial ou pela Justiça. 

Votos dos ministros

Votaram a favor da alteração do artigo 19 os ministros Flávio Dino, Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes, Cristiano Zanin, Luiz Fux, Dias Toffoli, Luís Roberto Barroso e Cármen Lúcia, argumentando sobre a necessidade de atualização do Marco Civil Regulatório após as transformações ocorridas na relação entre usuários e redes ao longo do tempo. 

Já Nunes Marques, André Mendonça e Edson Fachin defenderam a manutenção das regras estabelecidas em 2014. A base para os votos foram a garantia da liberdade de expressão, e a responsabilização do usuário, não da plataforma.