Gaby Amarantos faz da moda uma expressão de orgulho amazônico

Quando a moda encontra território e ancestralidade, o resultado foge do óbvio. Foi exatamente isso que aconteceu com Gaby Amarantos no cenário do Global Citizen. A cantora paraense decidiu vestir produção assinada por uma dupla de estilistas do Pará para uma ocasião que tinha tudo para ser apenas mais um look de festival. O lindíssimo look da cantora se inspirou em “Deusas Amazônicas”

A criação, dialogava com a estética amazônica: ele trazia cortes amplos, camadas que lembravam mantos, estampas com elementos da floresta e acessórios que evocavam joias tribais modernizadas. O styling não era apenas sobre “estar bonita para o evento”, mas era sobre “mostrar uma história”. A escolha da dupla paraense reforça a presença da moda regional no grande palco global, fora dos grandes centros que geralmente definem tendências. 

Moda que representa cultura e lugar

Quando Gaby desfilou por aquele palco, não se tratava apenas de uma cantora paraense utilizando a moda: era uma artista que usa a moda como extensão da própria origem. E para quem acompanha o movimento da moda brasileira, o que ela faz é simbólico. Ela trouxe o Pará para o tapete vermelho (ou para o palco da Global Citizen) com orgulho, sem vestígios de apropriação. A escolha da dupla paraense dá força à afirmação de que a moda autoral nacional pode dialogar com acontecimentos internacionais. 


Apresentação de Gaby Amarantos no Global Citizen (Foto: reprodução/Instagram/@glblctzn)


Os acessórios, por sua vez, reforçavam a narrativa: brincos grandes lembravam artefatos das comunidades amazônicas; a paleta de cores misturava verde musgo, dourado e terra, como uma lembrança visual à floresta. E ali estava Gaby, não como figurante de moda global, mas como protagonista da sua própria estética. 

O que o look diz ao público e à moda

Para o público que acompanha e para a indústria que a observa, o look de Gaby deixa recados importantes. Primeiramente, que moda não é só consumo, é também identidade. Em segundo lugar, que muito além de São Paulo e Rio, o Brasil também pode gerar narrativas fortes de estilo. A cantora, ao apostar nessa dupla do Pará, reacende o holofote sobre talentos regionais e sobre a necessidade de redesenhar a moda no país. 

No fim das contas, o que ficou não foi apenas um vestido bonito para um evento global, mas uma afirmação de lugar, origem, e estética própria. Gaby reforça que moda, para ela, é voz e corporeidade, e que quando você entende isso, um look vira o próprio manifesto.

Confira tudo que aconteceu no Festival Global Citizen Amazônia

Abrindo simbolicamente a Conferência das Nações Unidas sobres as Mudanças Climáticas (COP 30) com o objetivo de reunir 1 bilhão de dólares para investimentos na defesa da Amazônia, o Festival Global Citizen recebeu Regina Casé para o início da programação enquanto uma chuva grossa cobria o local, o estádio Mangueirão, em Belém do Pará. O evento ocorreu no sábado, primeiro dia de novembro.

Artistas do mundo da música, ativistas, políticos e representantes de povos indígenas dividiram o mesmo palco por uma noite mobilizando fundos para ações de plantio, restauração e renaturalização da Amazônia antes que a COP 30 se inicie.

Entre os dias 10 e 21 deste mês, a COP 30 reunirá líderes de vários países para discutir sobre as crises das mudanças climáticas e o bem da floresta amazônica.

Abertura

A primeira atração da noite foi Gaby Amarantos que familiarizada com sua terra natal, apresentou pela primeira vez ao vivo seu novo álbum “Rock doido” que carrega a cultura paraense com o gênero musical tecnobrega, comum nas periferias de Belém. “Foguinho”, “Abraço” e “Crina negra” foram algumas das músicas apresentadas com muito carinho pela cantora.


Gaby Amarantos do palco do Festival Global Citizen (Vídeo: reprodução/Instagram/@multishow)

Charlie Puth veio logo depois e com uma apresentação curta de camisa social e gravata, o estadunidense de 33 anos recebeu comentários brincalhões nas redes sociais. “Parece um estagiário” ironizou um dos internautas durante as três músicas que Puth cantou, incluindo “See you again” sua canção mais famosa, feita em parceria com Wiz Khalifa para Velozes e Furiosos 7 em tributo ao falecimento de Paul Walker na época.

As aparições rápidas seguiram-se com Gilberto Gil que apresentou “Palco”, “Tempo rei” e “Toda menina baiana” trazendo de volta o astral da plateia. Aos 83 anos, o artista baiano cantou ao lado de uma banda de baixo, bateria e guitarra.

Arriscando um português

Chris Martin, vocalista do Coldplay, subiu ao palco preparado com os maiores sucessos de sua banda nas mãos. Descalço e com um violão, Chris cantou “Paradise”, “Viva la vida” e “A sky full of stars”.

“Boa noite meus amigos, muito bom estar aqui com vocês” disse o cantor britânico em português, lendo em um papelzinho. A tentativa fofa foi o suficiente para cativar o público.

Martin continuou no evento com muita empolgação. Durante a apresentação de Seu Jorge, que tocou “Mina do condomínio”, “Burguesinha” e “Felicidade”, Chris permaneceu na percussão ao lado do carioca de 55 anos.


Melhores momentos do Global Citizen Amazônia (Vídeo: reprodução/Youtube/@MusicaMultishow)

Encerrando no baile funk

Quem estava no festival pôde ver Anitta sendo convidada para cantar “Viva la vida” ao lado do líder do Coldplay, mas sua volta foi mais tarde como headliner do evento. Com cores e aparelhagens de som típicas de Belém, Anitta abriu seu com em uma releitura de “Show das poderosas” com uma versão no tecnobrega.

O festival foi encerrado com baile funk com “Joga pra lua”, “Savage funk” e a parceria entre Anitta e Pedro Sampaio, “No chão novinha”. Antes mesmo do fim, o Global Citizen havia reunido as doações por volta de US$ 1 bilhão necessários para as causas da Amazônia.

The Weeknd cancela show no Global Citizen; entenda

O cantor canadense The Weeknd cancelou o show que iria realizar no festival Global Citizen, que acontece no sábado (27) no Central Park, em Nova York. O artista anunciou a decisão em suas redes sociais. A organização do evento confirmou que The Weeknd não estaria presente e anunciou a rapper Cardi B como substituta, que está em evidência após o lançamento de seu segundo álbum, ‘AM I THE DRAMA?‘.

“Eu lamento informar que, devido a motivos pessoais, estou incapaz de me apresentar no Global Citizen. Obrigado a meus fãs por agirem com eles, porque acredito profundamente nessa missão. Obrigado pela compreensão e pelo apoio”, escreveu o cantor em seu Instagram.

Festival terá programação de peso

Apesar da saída de um dos principais nomes do line-up, o Global Citizen mantém um elenco de grandes artistas internacionais. O evento contará com apresentações de Shakira, Tyla, Ayra Starr, Mariah the Scientist, Camilo e Elyanna, além da presença de Cardi B.

A condução ficará a cargo do ator Hugh Jackman, que já participou de edições anteriores do festival e é conhecido por apoiar causas sociais e ambientais. A mistura de performances musicais com discursos e mensagens de conscientização promete manter o caráter engajado que consagrou o Global Citizen como um dos principais festivais humanitários do mundo.


Anúncio de Cardi B como substituta de The Weeknd no Global Citizen (Foto: reprodução/Instagram/@glblctzn)

Edição inédita no Brasil

Uma das novidades mais aguardadas é a primeira edição brasileira do festival, no dia 1º de novembro, no Mangueirão, em Belém. Entre as atrações confirmadas estão Anitta, Seu Jorge, Gaby Amarantos e Chris Martin, vocalista do Coldplay. O evento também contará com lideranças indígenas, como Chief Raoni Metuktire, símbolo da luta pela preservação da floresta e voz ativa no debate climático.

Meta global e impacto social

O objetivo do festival é arrecadar US$ 1 bilhão para financiar a proteção e a restauração da Floresta Amazônica, além de articular acordos para uma transição energética justa em todo o mundo. Outro ponto essencial é o apoio às comunidades que vivem na linha de frente da crise climática.