Ministério da Saúde inicia distribuição de antídoto contra intoxicação por metanol

O Ministério da Saúde começou a distribuir nesta quinta-feira (9) o antídoto fomepizol, utilizado no tratamento de intoxicações por metanol, substância presente em bebidas adulteradas que já provocou mortes no país.

O primeiro lote, com 2,5 mil doses, teve prioridade para São Paulo, que recebeu 288 ampolas, devido ao maior número de casos e óbitos registrados. Outros estados, como Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Piauí, Espírito Santo, Goiás, Acre, Paraíba e Rondônia, também receberão o medicamento.

A aquisição do fomepizol é inédita no Brasil e ocorreu oito dias após o ministro da Saúde acionar o Fundo Estratégico da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).

Tratamento e aplicação do antídoto

De acordo com a secretaria nacional de vigilância em saúde, Mariângela Simão, os profissionais de saúde foram treinados para manipular o fomepizol, medicamento raro devido à baixa produção mundial. Ele atua impedindo que o metanol se transforme em ácido fórmico, evitando danos graves e risco de morte.

O antídoto será utilizado apenas sob acompanhamento médico, seguindo normas técnicas que determinam seu uso em pacientes que apresentarem sintomas clínicos após ingestão de destilados adulterados, entre 6 e 72 horas, e alterações em pelo menos dois exames laboratoriais.


Drauzio Varella explica o que fazer em casos de intoxicação por metanol (Vídeo: reprodução/YouTube/Drauzio Varella)

O fomepizol se soma ao etanol farmacêutico, já utilizado pelo SUS, para tratar casos de intoxicação. O Ministério reforçou que a população não deve tentar comprar ou usar os produtos por conta própria e que mil doses do antídoto permanecerão reservadas em centro de distribuição para atender hospitais quando necessário.

Casos confirmados e distribuição

Até o momento, o Brasil registrou 259 notificações de intoxicação por metanol, com 24 casos confirmados e cinco mortes apenas em São Paulo. Paraná e Rio Grande do Sul também confirmaram casos. Com a distribuição do fomepizol, o governo espera ampliar o tratamento e reduzir o risco de mortes causadas pela ingestão da substância.

Antídoto contra intoxicação por metanol será enviado dos EUA, afirma Padilha

O Brasil deve receber nesta semana uma remessa de Fomepizol, antídoto usado no tratamento de intoxicações por metanol. O medicamento, considerado referência internacional, será importado em caráter emergencial, já que ainda não possui registro no país. A carga, enviada pelos Estados Unidos, inclui 2.500 ampolas adquiridas pelo Ministério da Saúde e outras 100 doadas pelo fabricante. O material será recebido em um galpão no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, e distribuído aos Centros de Informação e Assistência Toxicológica dos estados.

Importação emergencial

As doses de Fomepizol foram compradas da farmacêutica japonesa Daiichi-Sankyo, por meio de uma parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), que possibilitou a aquisição imediata. Segundo o ministro Alexandre Padilha, cada paciente costuma utilizar de duas a quatro ampolas do medicamento. Até agora, o medicamento ainda não teve solicitação de registro no Brasil.


Antídoto para casos de intoxicação por metanol (Foto: reprodução/Matheus Landim/GOVBA)

Ao comentar a evolução dos casos de intoxicação por metanol no Brasil, o ministro Alexandre Padilha informou que, entre domingo e segunda-feira, não houve novas confirmações, com exceção de São Paulo, que ainda não havia atualizado seus dados até as 17h30.

O país registra 16 casos confirmados de intoxicação por metanol: 14 em São Paulo e 2 no Paraná. Segundo o ministro Alexandre Padilha, entre domingo e segunda-feira não houve novas confirmações, com exceção de São Paulo, que ainda não havia atualizado seus dados até as 17h30. Casos suspeitos na Bahia e no Espírito Santo foram descartados no fim de semana.

O que é o Fomepizol?

O Fomepizol é indicado para tratar intoxicações causadas por metanol e etilenoglicol, e integra a lista de medicamentos essenciais da Organização Mundial da Saúde (OMS). Reconhecido internacionalmente, o antídoto tem aprovação da FDA agência reguladora dos Estados Unidos desde 1997. É classificado como uma “droga órfã” possui produção limitada e está indisponível na maioria dos países.

O antídoto bloqueia a enzima ADH, impedindo que o metanol se torne tóxico. É aplicado por via intravenosa e não é indicado para grávidas, lactantes ou pessoas com doença renal. O metanol pode permanecer no corpo por até 71 horas.

Anvisa recorre a autoridades internacionais para trazer antídoto do metanol ao Brasil

Devido aos recentes casos de intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) acionou autoridades internacionais para trazer ao Brasil o fomepizol, medicamento usado como antídoto contra o envenenamento pela substância.

Até o momento, o país contabiliza 59 casos de intoxicação, sendo 11 confirmados em laboratório e 48 ainda em investigação. O caso acendeu um alerta sanitário e pressionou o governo a acelerar a disponibilização do remédio, que ainda não chegou ao mercado nacional.

De acordo com a Anvisa, o fomepizol não tem registro sanitário no país, o que levou à busca internacional para suprir a demanda do SUS. A agência já consultou autoridades de países como Estados Unidos, Argentina, União Europeia, México, Canadá, Japão, Reino Unido, China, Suíça e Austrália sobre a autorização para comercializar o medicamento.

Para agilizar a importação, um edital foi publicado para identificar fabricantes e distribuidores internacionais capazes de fornecer o remédio imediatamente ao Ministério da Saúde.

Medidas emergenciais e orientação à população

Enquanto busca trazer o fomepizol para o Brasil, a Anvisa identificou mais de 600 farmácias de manipulação capazes de produzir etanol com pureza médica, considerado alternativa terapêutica ao medicamento em caso de necessidade. A agência também tem apoiado a Rede Nacional de Laboratórios de Vigilância Sanitária na análise de amostras suspeitas, com três laboratórios aptos até o momento: Lacen/DF, Laboratório Municipal de São Paulo e INCQS/Fiocruz.

O Ministério da Saúde criou uma Sala de Situação extraordinária para monitorar os casos de intoxicação por metanol e coordenar as medidas necessárias, que continuará em funcionamento enquanto o risco sanitário persistir.

Enquanto o medicamento não chega, a recomendação é que, em caso de suspeita de intoxicação, a população entre em contato com o Disque-Intoxicação (0800-722-6001), serviço que conecta 13 centros especializados em todo o país.


Contaminação de bebidas alcoólicas com metanol é um problema mundial (Vídeo: reprodução/YouTube/Band Jornalismo)

Riscos da intoxicação por metanol

O metanol é um álcool usado na indústria, presente em solventes e produtos químicos, e não é seguro para consumo humano, ao contrário do etanol encontrado nas bebidas alcoólicas. Por não ter cheiro, cor ou sabor, ele pode ser misturado ilegalmente a bebidas sem que o consumidor perceba.

Quando ingerido, ele é processado pelo fígado e transformado em substâncias altamente tóxicas, como o ácido fórmico, que podem causar visão borrada, tontura, dor abdominal e respiração acelerada. Em casos graves, a intoxicação pode levar à cegueira irreversível, falência de órgãos e morte, sendo essencial atendimento médico rápido.

O fomepizol é o tratamento de referência contra a intoxicação por metanol, pois bloqueia a conversão da substância em metabólitos tóxicos, protegendo o sistema nervoso e o fígado de danos graves.