Negócio entre Flamengo e Saúl provoca reação inesperada na Europa

A possibilidade de Saúl Ñíguez vestir a camisa do Flamengo surpreendeu muita gente fora do Brasil. Enquanto os torcedores rubro-negros veem a chegada do espanhol como um reforço de peso, europeus reagiram com espanto — e até certo tom de superioridade — ao saber que o jogador pode trocar o futebol europeu pela América do Sul. A repercussão escancarou o abismo de percepção entre os dois continentes quando o assunto é prestígio no futebol. As reações revelam muito sobre como o futebol sul-americano ainda é visto fora do continente.

Após encerrar seu vínculo com o Trabzonspor, da Turquia, Saúl Ñíguez tem negociações avançadas para vestir a camisa do Flamengo. Aos 30 anos, o meio-campista espanhol está perto de fechar contrato até 2027 com o clube carioca. A movimentação no mercado causou surpresa, especialmente entre torcedores europeus, que reagiram com espanto e descrença ao ver um nome tão conhecido cogitando atuar no futebol brasileiro.

Choque cultural e preconceito com o futebol sul-americano

As redes sociais foram tomadas por comentários de torcedores europeus que demonstraram surpresa e, em alguns casos, desdém. Muitos não compreendem como um atleta com carreira consolidada em grandes centros optaria por jogar no Brasil, mesmo em um clube como o Flamengo. A repercussão evidenciou a visão limitada que parte do público europeu ainda tem sobre o futebol sul-americano.

Frases como “Isso é brincadeira, né?” ou “Por que ele faria isso?” ilustram a incredulidade de muitos torcedores estrangeiros. Enquanto isso, brasileiros rebatem com orgulho: para muitos, jogar no Flamengo representa status, visibilidade e competitividade — algo que, talvez, os europeus estejam subestimando.

Saúl chega com currículo de peso

Saúl Ñíguez não é um nome qualquer. Cria do Atlético de Madrid, soma mais de 400 partidas pelo clube e coleciona títulos importantes, como La Liga e Europa League. Mesmo com passagem discreta pelo Chelsea, manteve-se como um meio-campista versátil e respeitado no cenário europeu.


Saúl chega no Flamengo com um currículo de peso (Vídeo: reprodução/Instagram/@atleticodemadrid)

Sua possível chegada ao Flamengo representa mais do que uma contratação: é um símbolo do novo momento do futebol brasileiro, que volta a atrair atletas renomados do Velho Continente. A negociação, se concretizada, pode abrir caminho para novos movimentos semelhantes.

A reação europeia diante do possível acerto entre Flamengo e Saúl Ñíguez diz mais sobre o preconceito e o desconhecimento do futebol brasileiro do que sobre o jogador em si. Para o Rubro-Negro, a contratação é estratégica; para Saúl, pode ser uma reinvenção. E, no fim, talvez a descrença europeia se transforme em respeito — mais uma vez.

Corinthians resiste como último brasileiro a derrotar um europeu no Mundial

Os times brasileiros continuam sem conseguir vencer representantes da Europa no Mundial de Clubes da Fifa. Na rodada de abertura da edição atual, Palmeiras e Fluminense até mostraram solidez, mas ficaram no empate por 0 a 0 contra Porto e Borussia Dortmund. Com isso, o tabu permanece: desde 2012, quando o Corinthians derrotou o Chelsea e levantou o troféu, nenhuma equipe do Brasil conseguiu repetir o feito diante dos gigantes europeus.

Fracassos recentes e esperança nos novos confrontos

Desde o título corintiano, os clubes brasileiros vêm colecionando decepções no Mundial de Clubes. Em diversas edições, a chance de encarar um europeu sequer existiu: Atlético-MG, em 2013, Palmeiras, em 2020, Flamengo, em 2022, e mais recentemente o Botafogo, em 2024, foram eliminados antes da final. Em outras oportunidades, o desafio foi completo, mas o resultado, amargo: o Grêmio foi superado pelo Real Madrid em 2017, o Flamengo caiu diante do Liverpool em 2019, e o Palmeiras voltou a perder, desta vez para o Chelsea, na final de 2022.

O desempenho oscilante dos representantes brasileiros mostra o quanto o abismo técnico e estrutural entre América do Sul e Europa se tornou evidente nos últimos anos. Ainda assim, há expectativa por uma reviravolta em 2025. Nesta edição, Botafogo e Flamengo terão novamente a chance de enfrentar clubes da elite europeia. O time carioca alvinegro encara PSG e Atlético de Madrid logo na fase de grupos, enquanto o rubro-negro reencontrará o Chelsea, em duelo que promete ser recheado de simbolismo e rivalidade. Se avançarem, outros confrontos contra gigantes da Europa poderão acontecer no mata-mata, e o tão aguardado fim do tabu pode, enfim, estar ao alcance.


Cássio com o troféu do Mundial (Foto:reprodução/Kazuhiro Nogi/Getty Imagens Embed)

O jogo que entrou para a história do Mundial

No dia 16 de dezembro de 2012, o Corinthians escreveu um dos capítulos mais marcantes de sua história ao derrotar o Chelsea por 1 a 0 e conquistar o bicampeonato mundial. O palco da decisão foi o Estádio Internacional de Yokohama, no Japão, o mesmo onde o clube havia vencido o Vasco na final da primeira edição do torneio, em 2000.

Comandado por Tite, o Corinthians entrou em campo com uma formação sólida e experiente: Cássio; Alessandro, Chicão, Paulo André e Fábio Santos; Ralf e Paulinho; Jorge Henrique, Danilo e Emerson Sheik (depois substituído por Wallace); e Paolo Guerrero (substituído por Martínez). Do outro lado, o Chelsea, campeão europeu daquele ano, contava com estrelas do futebol mundial, como Petr Cech, David Luiz, Ramires, Frank Lampard, Fernando Torres e Eden Hazard.

A partida foi equilibrada, com momentos de tensão dos dois lados. O goleiro Cássio teve uma atuação impecável e garantiu o placar zerado até que, aos 23 minutos do segundo tempo, Paolo Guerrero aproveitou uma sobra dentro da área e, de cabeça, mandou para o fundo das redes. O gol solitário foi suficiente para garantir a vitória e selar o segundo título mundial do clube paulista.

A conquista reforçou a imagem de um Corinthians competitivo, que se destacou pela organização tática, força defensiva e entrega coletiva. Desde então, nenhum outro time brasileiro conseguiu repetir o feito diante de um adversário europeu no Mundial de Clubes, o que transformou aquela campanha em um símbolo de resistência sul-americana em tempos de domínio europeu na competição.