O Brasil viveu um apagão de grandes proporções na madrugada desta terça-feira (14), afetando 24 estados e o Distrito Federal, e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) informou que irá concluir em até 30 dias o relatório técnico que investigará as causas do blecaute. Em reunião com o ministro Alexandre Silveira, da Ministério de Minas e Energia (MME), foi definido que o documento — denominado Relatório de Análise de Perturbação (RAP) — vai apontar os fatores que levaram ao apagão, o impacto sobre o sistema e as correções necessárias para evitar repetição.
Impacto imediato e região mais afetada
O incidente foi desencadeado por um incêndio em um reator da subestação de Bateias, no Paraná, que apagou parte da linha de transmissão de 500 kV e desconectou a região Sul do restante do país. O desligamento controlado de cerca de 10 GW de carga foi necessário para evitar que o efeito se propagasse, segundo o ONS. São Paulo foi o estado mais atingido em termos de volume, com interrupção de aproximadamente 2,6 GW, seguido por Minas Gerais (1,2 GW) e Rio de Janeiro (900 MW). Apesar da complexidade, o sistema conseguiu restabelecer a maior parte da energia em menos de uma hora nas regiões Norte, Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste; a recuperação total demorou até cerca de duas horas.
Fiação elétrica (Foto: reprodução/Europa Press News/Getty Images Embed)
Investigação em curso e consequências para o setor elétrico
O RAP exigido pelo ONS e pelo MME servirá não apenas para identificar o que ocasionou o apagão, mas também para recomendar ações estruturais que fortaleçam o sistema elétrico nacional. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) foi acionada para fiscalizar o caso, e equipes técnicas foram enviadas à subestação de Bateias para realizar inspeções detalhadas. O episódio evidencia que, embora o sistema elétrico brasileiro tenha demonstrado agilidade na recuperação, ele ainda apresenta vulnerabilidades que precisam ser enfrentadas.
Especialistas destacam que a falta de investimentos em manutenção, a sobrecarga das linhas de transmissão e o envelhecimento da infraestrutura tornam o sistema mais suscetível a falhas em larga escala. Além disso, o relatório poderá indicar se há necessidade de atualização tecnológica e protocolos mais rígidos de segurança, especialmente diante do aumento no consumo de energia e da dependência crescente de fontes interligadas. O governo pretende usar as conclusões para revisar políticas energéticas e garantir maior estabilidade ao abastecimento nacional.
