Senado dos EUA desafia Trump e aprova fim de tarifas contra Brasil

O Senado dos Estados Unidos aprovou, nesta terça-feira (28), um projeto de lei que revoga as tarifas impostas pelo presidente Donald Trump sobre produtos brasileiros como café, petróleo e suco de laranja. A proposta, apresentada pelo senador democrata Tim Kaine, da Virgínia, foi aprovada por 52 votos a 48 e ainda precisa passar pela Câmara dos Deputados, dominada por republicanos.

Mesmo com baixa chance de avançar, o texto é visto como um gesto político que expõe o descontentamento de parte do Congresso com a política comercial de Trump e busca pressionar o governo norte-americano a rever as medidas que elevaram tarifas de importação em até 50%.

Sinal de resistência

Entre os votos favoráveis, cinco senadores republicanos se juntaram aos democratas, indicando fissuras dentro do próprio partido do presidente. Mitch McConnell, Rand Paul, Thom Tillis, Lisa Murkowski e Susan Collins contrariaram a liderança republicana e apoiaram o projeto. Segundo Kaine, a votação serve para provocar um debate sobre os efeitos econômicos negativos das tarifas, que, segundo o Escritório de Orçamento do Congresso, têm contribuído para o aumento da inflação e do desemprego nos Estados Unidos.


Presidente Lula se pronuncia sobre relações econômicas entre Brasil e Estados Unidos (Vídeo: reprodução/Instagram/@lulaoficial)


Diplomacia e expectativa

A aprovação no Senado aconteceu dois dias após o encontro entre Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, em Kuala Lumpur, na Malásia, durante a cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean). Os líderes conversaram por cerca de 45 minutos e decidiram iniciar negociações bilaterais para reduzir as barreiras comerciais. Lula afirmou que “o que importa em uma negociação é olhar para o futuro” e defendeu a suspensão temporária das tarifas enquanto durarem as tratativas.

Trump, por sua vez, classificou o encontro como “muito bom” e disse que foi “uma grande honra conversar com Lula”, destacando que ambos pretendem manter o diálogo aberto para buscar soluções que beneficiem os dois países. O que se percebe é que o estabelecimento do diálogo tem levado a resoluções de movimentos positivos em torno da onda de tarifas.

29% dos brasileiros desistem de compras online por conta da “taxa das blusinhas”

Segundo o levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgado nesta segunda-feira (27), 29% dos brasileiros desistiram de concretizar alguma compra em sites internacionais por conta da chamada “taxa das blusinhas”, tarifa imposta pelo governo brasileiro em 2023 sob produtos importados adquiridos por meio de sites de comércio online.

A pesquisa também aponta que os brasileiros têm optado por adquirir produtos nacionais similares por uma questão econômica.

O que a pesquisa aponta

O levantamento da CNI aponta que o número de pessoas que desistiram de comprar em sites internacionais nos últimos 12 meses foi de 13%, em maio de 2024, para 38%. A taxa de importação fez com que 32% dos consumidores brasileiros passaram a buscar por produtos nacionais, 10 pontos percentuais a mais que o número divulgado em maio do ano passado.

A CNI também aponta que 14% dos consumidores responderam que procuram por itens similares aos de sites internacionais em lojas físicas. O número de pessoas que buscam produtos em outros sites internacionais foi de 6% para 11%, enquanto os desistentes definitivos caíram de 58% para 42%.


Entregador promove o frete das compras realizadas por meio de sites (Foto: reprodução/Sean Gallup/Getty Images Embed)

Outro fator que influencia a decisão do consumidor, segundo o levantamento, é a cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). 36% deles deixam de efetuar compras internacionais por conta do imposto. Além do ICMS, o custo do frete fez com que 45% dos consumidores desistissem da compra, enquanto 32% dão um “passo para trás” ao saber o tempo de entrega do importado.

O levantamento também evidencia que cerca de 75% dos entrevistados realizam compras importadas para uso pessoal, 10% com fins de trabalho, e outros 2% com o propósito de revenda.

A pesquisa ouviu 2.008 pessoas acima de 16 anos entre os dias 10 e 15 de outubro em todos os estados brasileiros, além do Distrito Federal. O nível de confiança é de 95%.

Taxa das blusinhas

Lançado em 2023, o Programa Remessa Conforme, conhecido popularmente como “taxa das blusinhas” certifica empresas de comércio online e estabelece uma tributação adicional. Em compras de até US$ 50, é cobrada uma tarifa adicional de 20% de imposto federal e 17% de imposto estadual. Caso a compra seja acima de US$ 50, o imposto federal é de 60%, enquanto o ICMS cobrado é de 17%.

Lula convida Trump para aniversário e promete “pedacinho de bolo”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou neste sábado (25), durante um evento público, que convidaria o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para comer um pedaço de bolo em comemoração ao seu aniversário de 80 anos. A declaração, feita em tom bem-humorado, arrancou risos do público presente. Lula completa 80 anos na próxima segunda-feira (27).

Lula provoca risadas ao convidar Trump

Em tom de brincadeira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que convidaria o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para dividir um pedaço de bolo em comemoração ao seu aniversário de 80 anos. A declaração descontraída arrancou risadas do público presente.


Presidente Lula participando da abertura do Fórum Mundial de alimentação (Foto: reprodução/ Instagram/@lulaoficial)

Em tom bem-humorado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o líder americano Donald Trump, “poderia provar um pedaço de bolo”. O comentário foi feito durante conversa com jornalistas, em meio aos preparativos para um possível encontro entre os dois em uma agenda internacional paralela.

O encontro deve ocorrer durante a passagem dos líderes pela Ásia. A possibilidade ganhou destaque após Trump mencionar a reunião em conversa com jornalistas a bordo do Air Force One, a caminho da Malásia.

Até o momento, nem o governo brasileiro, nem a Casa Branca, haviam oficializado o encontro. A expectativa é que Lula e Trump discutam temas econômicos e diplomáticos, incluindo o aumento das tarifas sobre produtos brasileiros e as sanções aplicadas a autoridades do país, entre elas ministros do STF e integrantes do programa Mais Médicos.

Presidente espera que encontro com o Trump aconteça

Durante sua passagem por Kuala Lumpur, na Malásia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manifestou o desejo de se encontrar com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante a cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN). O petista afirmou acreditar que o diálogo poderá abrir caminho para superar os impasses diplomáticos e econômicos entre Brasil e Estados Unidos, contribuindo para a resolução de divergências entre os dois países.

Lula afirmou estar confiante em um desfecho positivo nas negociações. Segundo ele, ainda não há condições impostas por nenhuma das partes, mas a intenção é discutir os pontos de divergência de forma aberta. O presidente reforçou que mantém o otimismo e acredita que o diálogo poderá resultar em um entendimento satisfatório para ambos os lados.

O presidente fez a declaração a jornalistas em frente ao hotel em que está hospedado, poucas horas depois de Donald Trump anunciar, durante conversa com a imprensa a bordo do Air Force One, que o encontro deve ocorrer em breve. O líder americano também sinalizou que poderia reconsiderar o aumento das tarifas sobre produtos brasileiros, dependendo das condições negociadas.

Donald Trump respondeu afirmativamente quando questionado sobre a possibilidade de se reunir com Lula, durante entrevista a jornalistas a bordo do avião da Força Aérea americana a caminho da Ásia. Questionado sobre a revisão das tarifas sobre produtos brasileiros, o presidente americano disse que isso poderia ocorrer “nas condições adequadas”.

O encontro, o primeiro entre os líderes desde o aumento de 50% nas tarifas imposto pelos Estados Unidos, será realizado à margem das reuniões da Asean e é encarado por ambos os governos como uma chance de estreitar novamente os laços diplomáticos. Este será o primeiro encontro formal entre Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump desde a posse do presidente americano e o início da crise causada pela sobretaxa de 50% aplicada pelo governo dos EUA sobre produtos brasileiros.

Espera-se que a reunião sirva como uma oportunidade para reconstruir a relação bilateral, abalada desde a imposição do aumento das tarifas. Os líderes vêm aproximando posições desde setembro. Durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York, Lula e Trump se encontraram e ressaltaram a boa relação pessoal entre eles.

A expectativa é que esses temas estejam na pauta do encontro. Em entrevista coletiva na Indonésia, o presidente brasileiro confirmou que pretende tratar dos assuntos livremente, sem restrições.

Presidente Trump promete acordo para conter escalada no valor da carne bovina nos EUA

O governo de Donald Trump tenta agir diante da escalada no preço da carne bovina, que vem pressionando a inflação e afetando diretamente o bolso dos consumidores americanos. Em meio a críticas e à queda na confiança dos norte-americanos na economia, o presidente afirmou que tem um acordo em fase final que poderá reduzir os custos do produto em breve, mas não revelou detalhes sobre as medidas envolvidas.

Números oficiais divulgados

Segundo o Bureau of Labor Statistics (BLS), o preço médio da carne moída atingiu em agosto o recorde de US$ 6,31 por libra, o equivalente a cerca de R$ 36,50, acumulando alta de 14% desde o início do ano. O aumento supera com folga a inflação geral dos Estados Unidos, que ficou em 2,9% no período, e a dos alimentos vendidos em supermercados, de 2,7%.

Fatores apontados por analistas

Analistas do setor apontam que o principal fator por trás do encarecimento da carne é a escassez de gado, resultado de uma combinação de seca prolongada, aumento de custos de produção e dificuldades de mão de obra. Segundo o Departamento de Agricultura (USDA), o abate semanal de gado entre julho e agosto caiu para o menor nível em dez anos, o que reduziu a oferta no mercado interno. Além disso, as exportações de carne bovina recuaram 19% em julho, somando 95,7 mil toneladas, enquanto as importações cresceram 13% em junho, demonstrando um descompasso que preocupa o setor.


Um "açougue" americano (Foto: reprodução/Bloomberg/Getty Images Embed)

Impactos e possível alívio

A disparada dos preços da carne tem peso simbólico na inflação americana, historicamente sensível ao custo dos alimentos. Em agosto, o índice de preços ao consumidor para produtos alimentícios avançou 0,4% em relação a julho, puxado principalmente pelas carnes e vegetais frescos.

O aumento impacta a percepção pública sobre a economia: segundo pesquisa da Universidade de Michigan, a confiança dos consumidores caiu pelo terceiro mês consecutivo, e as expectativas de inflação para o próximo ano subiram para 4,6%.

Enquanto Trump promete “trabalhar sua mágica” para baixar os preços, economistas afirmam que um alívio duradouro dependerá de condições climáticas mais favoráveis e da recuperação da produção de gado, fatores que estão além do controle imediato do governo.

Atividades do governo dos EUA podem paralisar devido a ‘Shutdown’

O governo federal dos Estados Unidos está à beira de uma paralisação parcial (shutdown) por falta de financiamento, com risco de começar já na quarta-feira, 1º de outubro. O impasse ocorre porque o Congresso não conseguiu aprovar o financiamento necessário antes do fim do ano fiscal, que se encerra à meia-noite desta terça-feira (30).

Com o prazo esgotando, a probabilidade de um shutdown parcial é considerada alta, chegando a 79% no mercado de apostas Polymarket. Reuniões de emergência na Casa Branca nesta segunda-feira (29) com o Presidente Donald Trump e líderes do Congresso terminaram sem acordo.

O que causa o risco de Shutdown

O shutdown é acionado quando o Congresso não aprova as 12 leis anuais de apropriação ou, pelo menos, uma lei temporária de continuidade orçamentária (Continuing Resolution – CR) para manter as operações do governo. A paralisação interrompe o financiamento de agências consideradas “não essenciais”.

O atual impasse é profundamente político, centrado em duas grandes disputas.

Saúde e o ACA (Obamacare)

Democratas exigem que qualquer CR inclua a extensão dos subsídios que ajudam milhões de americanos de baixa renda a pagar por seguros de saúde. O Vice-Presidente JD Vance acusa os Democratas de “segurar o governo refém” por essas demandas.

Cortes de gastos

Os Republicanos, que controlam a Casa Branca e o Congresso, buscam cortes de gastos de US$1 trilhão e a eliminação de agências que consideram “redundantes”. Os Democratas acusam a sigla de “crueldade” ao priorizar cortes em detrimento de programas sociais e saúde.

Líderes de ambos os partidos se culpam publicamente. Republicanos usam a hashtag #SchumerShutdown, enquanto Democratas afirmam que o GOP está travando uma “luta pela saúde do povo americano”.


Líder da Câmara dos Representantes dos EUA, Hakeem Jeffries e líder da minoria no Senado, Chuck Schumer (esq.)(Foto: reprodução/BRENDAN SMIALOWSKI/AFP/Getty Images Embed)

Impactos diretos da paralisação

Se o Congresso não agir até a meia-noite, a partir de 1º de outubro, o país enfrentará uma série de disrupções, como:

Cerca de 2 milhões de funcionários “não essenciais” podem ser colocados em licença não remunerada (furlough). Funcionários essenciais (controle de tráfego aéreo, alfândega) continuam trabalhando, mas sem receber salário até o fim do impasse.

Fechamento de parques nacionais e museus (como o Smithsonian), atraso no processamento de vistos e passaportes, e suspensão de novas pesquisas no NIH (Institutos Nacionais de Saúde).

A Receita Federal (IRS) pode atrasar o processamento de reembolsos de impostos. Veteranos e agricultores podem enfrentar atrasos em benefícios e empréstimos federais.

Pagamentos de benefícios de Social Security (aposentadoria) e Medicare continuam, mas o processamento de novos pedidos pode parar ou ser severamente atrasado.

Economia e mercado

Embora shutdowns sejam eventos políticos recorrentes, eles têm um custo econômico real. O último grande shutdown (2018-2019) durou 35 dias e custou cerca de US$3 bilhões à economia americana.

A incerteza política já causa volatilidade. O risco fez com que o termo “Government Shutdown” fosse um dos assuntos mais comentados no X (antigo Twitter) e levou a uma compra agressiva de calls no índice VIX (o “medidor de medo” do mercado), sinalizando pânico entre investidores. Mercados de ações e criptomoedas podem cair inicialmente.

Uma das consequências mais graves é a suspensão da divulgação de dados econômicos essenciais, como o relatório mensal de emprego (Payroll) e os dados de inflação, deixando o Federal Reserve (Fed) e os mercados sem informações vitais para tomar decisões.

A instabilidade reforça preocupações sobre a governabilidade dos EUA, o que pode levar as agências de classificação de risco a rebaixar a nota de crédito do país.

O país aguarda agora um acordo de última hora, que pode vir na forma de uma CR curta, mas as negociações seguem tensas. Se a paralisação ocorrer, o tempo médio de duração, embora incerto, geralmente não ultrapassa poucas semanas.

Desemprego recua e atinge 5,6%, o menor nível já registrado pelo IBGE

O Brasil alcançou em julho uma das marcas mais expressivas desde o início da série histórica da Pnad Contínua, em 2012. A taxa de desemprego recuou para 5,6% no trimestre encerrado, resultado que representa a menor proporção de desocupados já registrada pelo IBGE. No trimestre anterior, encerrado em abril, o índice estava em 6,6%, enquanto no mesmo período de 2024 havia sido de 6,9%.

A redução da desocupação corresponde a cerca de 1 milhão de pessoas a menos em busca de trabalho em comparação com o trimestre anterior. Ao todo, o número de desocupados chegou a 6,11 milhões, o menor patamar desde o fim de 2013. Esse cenário reforça o avanço da inserção de trabalhadores no mercado, com destaque para setores ligados à administração pública, educação, saúde e serviços sociais, que sozinhos geraram mais de 500 mil vagas.

Outro fator relevante foi a expansão da ocupação formal. O número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado chegou a 39,1 milhões, o maior já registrado. Esse crescimento ajudou a reduzir o desemprego e deu mais robustez ao mercado de trabalho brasileiro, que se mantém resiliente mesmo em um contexto de desaceleração econômica gradual.


Comparativo dos índices de desemprego por regiões no Brasil em 2023 (Foto: Reprodução/Instagram/@minutosdevalor)

Informalidade perde espaço, mas se mantém elevada

Apesar da melhora dos indicadores, a informalidade ainda responde por uma parcela significativa do mercado. O levantamento do IBGE aponta que 38,8 milhões de brasileiros estão em ocupações informais, seja como empregados sem carteira assinada, seja como trabalhadores por conta própria. O total representa 37,8% da população ocupada, uma leve queda em relação ao mesmo período de 2024, quando o índice estava em 38,7%.

O trabalho por conta própria, em especial, vem crescendo. No trimestre encerrado em julho, 25,9 milhões de pessoas se enquadravam nessa categoria, recorde da série histórica. Esse aumento mostra que, embora a formalização esteja avançando, a busca por alternativas de renda fora do vínculo empregatício ainda é expressiva.

Para analistas do IBGE, o movimento atual reflete um mercado em reestruturação. A expansão de empregos formais, embora significativa, não elimina a relevância da informalidade como porta de entrada ou complemento de renda. Mesmo assim, a queda da taxa geral de informalidade indica que há espaço para maior estabilidade no emprego e avanços no nível de proteção social.

Renda cresce e sustenta consumo das famílias

O bom desempenho do mercado de trabalho se refletiu também no crescimento da renda. O rendimento médio habitual do trabalhador foi estimado em R$ 3.484 no trimestre, aumento de 1,3% em relação ao período anterior e de 3,8% em comparação com o mesmo trimestre de 2024. Já a massa de rendimentos alcançou R$ 352,3 bilhões, um novo recorde, com alta de 6,4% no acumulado de um ano.

Esse fortalecimento da renda tem efeito direto sobre o consumo das famílias, especialmente em setores mais sensíveis à demanda, como comércio e serviços. Segundo economistas, a expansão da massa salarial ajuda a sustentar a economia mesmo em um cenário de juros elevados, contribuindo também para conter a inflação de serviços.

No entanto, especialistas alertam que a fase de forte expansão pode estar próxima da estabilização. O número de ocupados atingiu 102,4 milhões, recorde histórico, mas tende a mostrar sinais de acomodação nos próximos meses. Ainda assim, a queda do desemprego, a melhora da formalização e a alta na renda consolidam um retrato positivo do mercado de trabalho brasileiro em 2025.

Alckmin afasta conexão entre decisão do STF aplicada a Bolsonaro e tarifa dos EUA

Geraldo Alckmin marcou presença no 1º Congresso Datagro Prefeitos do Agro, realizado na última sexta-feira (12) em Sorriso, no Mato Grosso. Em meio a debates sobre o futuro do agronegócio, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, aproveitou o encontro para rejeitar a ideia de que a recente condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro tenha influência sobre as medidas tarifárias aplicadas pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros.

Decisões judiciais e comércio

De acordo com Alckmin, decisões judiciais e políticas de comércio exterior não se confundem. Ele frisou que os impostos de importação e exportação fazem parte da regulação econômica e não têm relação com julgamentos internos. Ele ainda destacou que o governo federal mantém diálogo aberto a fim de avançar nas negociações para mitigar os entraves que limitam o acesso dos produtos nacionais ao mercado internacional.


Vídeo de apresentação do evento em Sorriso (MT) (Vídeo: reprodução/Instagram/@prefeituradesorriso)

Condenação de Bolsonaro

A condenação de Bolsonaro, no entanto, ultrapassou fronteiras. Do lado norte-americano, o presidente Donald Trump reagiu de forma negativa, demonstrando desconforto com a decisão do STF. Em entrevista, fez comparação entre a situação de Bolsonaro e o episódio envolvendo as tentativas de incriminá-lo nos Estados Unidos e teceu elogios ao ex-presidente.

A reação oficial em Washington também veio à tona pelo secretário do Departamento de Estado, Marco Rubio, que classificou o julgamento como uma “perseguição política” com falas que apontam para uma possível retaliação por parte do governo norte-americano. Suas declarações foram críticas claras aos ministros do Supremo Tribunal Federal brasileiro, tensionando ainda mais o debate internacional.

Brasil não é obstáculo econômico

Em Sorriso, Alckmin reafirmou que o Brasil não é obstáculo à economia norte-americana, e sim um parceiro positivo para a balança comercial americana. Ele também lembrou que a tarifa média aplicada aos produtos vindos dos EUA é de apenas 2,7%, e que a maioria deles já entra no país com taxa zero. O vice-presidente ainda citou avanços recentes, como a retirada da celulose da lista de produtos com alíquota elevada e medidas que atenuaram perdas de competitividade do aço e do alumínio brasileiros.

Frente ao aumento de tarifas que alcançam até 50% em alguns setores, o governo brasileiro anunciou um pacote de R$ 40 bilhões em crédito para dar suporte aos exportadores. A iniciativa inclui juros reduzidos para financiamento, estímulo a compras públicas de alimentos e bebidas e ainda a prorrogação de benefícios fiscais voltados à exportação.

Antes de encerrar sua participação, Alckmin destacou a importância de diversificar mercados. Ele falou da abertura para a venda de farinha de origem animal para o México e revelou uma possível ida à Índia ainda neste mês, reforçando que o governo objetiva encontrar soluções permanentes a fim de proteger e expandir o comércio exterior brasileiro.

EUA criam caução obrigatória para vistos em novo programa piloto

País liderado por Donald Trump cria uma medida que tem o objetivo de reduzir a permanência irregular de estrangeiros no país e valerá apenas para cidadãos de países com histórico elevado de descumprimento de prazos migratórios.


Caução nos Estados Unidos (Foto: reprodução/Moor Studio/Getty Images Embed)

Seu funcionamento

O valor será exigido antes da emissão do visto e funcionará como uma garantia reembolsável: caso o visitante deixe os EUA dentro do período legal, o dinheiro será devolvido. Segundo o Departamento de Estado, os solicitantes afetados serão notificados no momento da entrevista consular. A iniciativa faz parte de um programa experimental com duração de três anos, com foco em vistos das categorias B1 e B2, que cobrem viagens de negócios e turismo. A expectativa é avaliar se a caução ajuda a desencorajar a permanência ilegal.

Apenas os visitantes

A medida será aplicada apenas a cidadãos de países com alta taxa de descumprimento migratório — ou seja, onde muitos visitantes permanecem nos EUA após o vencimento do visto. Os nomes desses países ainda não foram oficialmente divulgados. Críticos apontam que a medida pode criar barreiras financeiras para viajantes de países mais pobres, além de levantar preocupações sobre discriminação. Já o governo americano afirma que se trata de uma tentativa de reforçar o cumprimento das leis migratórias.

Brasil enfrenta semana decisiva para tentar reverter tarifas dos EUA e proteger exportadores

O governo do presidente Lula enfrenta uma semana crucial para tentar conter os impactos do tarifaço anunciado pela gestão de Donald Trump. A medida norte-americana, que prevê sobretaxas de até 50% sobre produtos brasileiros, deve entrar em vigor nesta sexta-feira (1º). Diante da falta de progresso nas negociações diretas com Washington, o governo brasileiro intensifica a formulação de medidas emergenciais para amenizar os prejuízos econômicos causados pelas novas tarifas.

Auxiliares de Lula indicam que o pacote emergencial será finalizado nesta semana. A proposta inclui crédito subsidiado, compras públicas de produtos afetados e a criação de um fundo temporário com recursos privados para socorrer empresas, especialmente as de pequeno porte. A ideia é proteger a produção nacional e preservar empregos em setores-chave como o agronegócio, siderurgia e indústria de transformação, os mais ameaçados pelas novas tarifas.

O plano, que teve seus trabalhos técnicos concluídos na última semana, está sob avaliação política e deve ser validado pelo presidente antes de sexta-feira. A equipe econômica também prevê atualizações semanais sobre as medidas, coordenadas pelo vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin.

Missão parlamentar nos EUA e denúncias na OMC

Além disso, parlamentares brasileiros chegaram a Washington com a missão de dialogar com representantes dos Estados Unidos e buscar formas de evitar que as novas tarifas entrem em vigor. A missão oficial, liderada por Nelsinho Trad, e aprovada por unanimidade no Senado, busca abrir espaço para uma negociação política. Entre os parlamentares presentes estão nomes de diferentes partidos, como Teresa Cristina, Marcos Pontes e Jaques Wagner.

Em outra frente, o governo brasileiro formalizou uma denúncia na Organização Mundial do Comércio (OMC), alegando que a medida viola a soberania econômica do país. O Itamaraty acompanha os desdobramentos e deve apresentar, ainda nesta semana, um relatório com alternativas diplomáticas.

Apesar dos esforços, o cenário segue tenso. A Bloomberg revelou que o governo Trump estuda editar uma nova declaração de emergência nacional para justificar legalmente as tarifas, o que dificultaria ainda mais a reversão do quadro.


Donald Trump (Foto:reprodução/Andrew Harnik/Getty Images Embed)

Lula acusa blefe, Haddad responsabiliza bolsonaristas

Em declarações recentes, Lula comparou a estratégia de Trump a um jogo de truco, afirmando que o republicano está “blefando”. “Se ele estiver trucando, vai tomar um seis”, disse o presidente durante evento em Minas Gerais. Já o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criticou aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro por dificultarem o restabelecimento do diálogo com os EUA. Ele citou nominalmente o deputado Eduardo Bolsonaro e o influenciador Paulo Figueiredo como figuras que atuam contra os interesses comerciais do Brasil.



Desde fevereiro no exterior, o deputado Eduardo Bolsonaro tem mantido interlocução com figuras próximas ao ex-presidente Donald Trump e manifestado posicionamentos contrários à atuação de autoridades brasileiras em fóruns internacionais. Segundo ele, qualquer negociação internacional só deveria acontecer após uma “anistia ampla” aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro.

Estima-se que o novo pacote tarifário imposto pelos Estados Unidos poderá atingir diretamente mais de 10 mil companhias brasileiras, colocando em risco aproximadamente 2 milhões de postos de trabalho.

Tarifas de Trump ameaçam colapso produtivo e inovação tecnológica no Brasil

A imposição de uma tarifa de 50% sobre todas as importações brasileiras pelos Estados Unidos, anunciada pelo presidente Donald Trump, acendeu o alerta vermelho nos setores industriais de tecnologia aplicada à produção. Representantes da indústria madeireira e de pescados alertam que a medida pode paralisar cadeias produtivas inteiras, travar investimentos em inovação e dificultar o avanço da automação em processos de exportação e rastreabilidade.

Segundo Paulo Roberto Pupo, superintendente da Abimci (Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente), há uma crescente sensação de paralisia nas negociações desde a reunião com a equipe do governo Lula. “A cada dia que passa, esse cronômetro fica ainda mais vermelho”, diz Pupo, referindo-se à falta de respostas técnicas e diplomáticas. Com 100% da produção de algumas empresas voltada ao mercado norte-americano, o setor já começa a projetar férias coletivas e demissões, medidas que podem comprometer investimentos em infraestrutura digital e sistemas de controle industrial.

Impacto direto na digitalização de cadeias produtivas

Eduardo Lobo, presidente da Abipesca (Associação Brasileira das Indústrias de Pescados), também aponta os riscos sistêmicos do tarifaço para o futuro tecnológico do setor. Com 70% das exportações de pescados destinadas aos EUA e impedimentos de entrada no mercado europeu desde 2017, a tarifa representa não apenas um golpe financeiro, mas um obstáculo à implementação de soluções digitais de rastreabilidade, logística e compliance internacional.

Estamos de mãos atadas. O cenário escalou e está mais tenso. Os empresários não têm como intervir ou planejar soluções de longo prazo”, afirma Lobo. Ele enviará ao governo federal uma solicitação de linha de crédito emergencial de R$ 900 milhões para manter a operação viva. Para o setor, o pedido mais urgente é a postergação imediata da entrada em vigor da tarifa, prevista para 1º de agosto, permitindo tempo para adaptação logística e busca por alternativas digitais de escoamento.

A proposta de que o setor privado pressione os importadores americanos é vista como inviável. “O comprador dos EUA vai simplesmente substituir pelo fornecedor mais barato, sem entrar em debate político”, alerta Lobo.


Tarifaço de Trump causará impacto direto nas cadeias produtivas brasileiras (Vídeo:reprodução/YouTube/@CNNBrasil)

Reflexo na cadeia tecnológica e urgência diplomática

Além das barreiras comerciais, o impasse prejudica iniciativas tecnológicas estratégicas, como o uso de blockchain para rastreabilidade de origem, certificações digitais internacionais e digitalização da logística portuária — todas são medidas que dependem de estabilidade comercial e previsibilidade regulatória.

O empresariado pede que o governo brasileiro reforce argumentos técnicos nas negociações, destacando a complementaridade produtiva entre Brasil e EUA, que pode ser traduzida em ganhos para ambos os países. No entanto, sem uma resposta rápida, o receio é que os setores se tornem “reféns da negociação”, nas palavras de Pupo.