[Exclusivo] Juliana Paiva conta experiência de dublar “Elio”: “O melhor dos mundos”

Uma aventura intergaláctica sobre pertencimento e a perfeição das famílias imperfeitas: essa é “Elio”, a mais nova animação da Disney Pixar, que chegou aos cinemas brasileiros no dia 19 de junho. O Lorena Magazine participou da coletiva de imprensa com os dubladores brasileiros que dão voz aos carismáticos personagens da obra e bateu um papo com a atriz Juliana Paiva, que inicia a carreira na dublagem com Olga Sólis, tia do pequeno Elio.

Durante a press, com a presença de Júlia Ribas, Zeca Rodrigues e Marcio Marconato, Juliana Paiva nos contou sobre a experiência de começar a dublar com uma personagem cheia de camadas, em uma animação com mensagens profundas e belas. A atriz, que tem carreira consagrada, em novelas como “Ti Ti Ti”, “Malhação: Intensa como a Vida”, “Totalmente Demais”, “A Força do Querer”, e filmes como  “Desenrola”,  “Rúcula com Tomate Seco” e “O Homem Perfeito”.

Olga Sólis é uma major da Força Aérea que ganha a responsabilidade repentina de praticamente se tornar mãe de seu sobrinho, Elio, após o falecimento dos pais do menino. Apesar dos desafios de conciliar os cuidados com Elio e a vida profissional, Olga só deseja que o jovem garoto encontre seu lugar no mundo e se sinta amado.

Confira a entrevista com Juliana Paiva

“Foi o melhor dos mundos! Quando eu recebi o telefonema, eu me emocionei muito, pulei com a minha mãe e festejei, porque estava nos meus planos um dia isso acontecer, só que não depende só da gente. Então, que bom que foi esse projeto, que bom que está sendo esse projeto”, começa a atriz.

“Eu acho que conforme eu fui mergulhando mais no universo de ‘Elio’, mais no universo da Olga, eu fui me apaixonando mais e entendendo todos os recados que essa animação traz. A gente está fazendo aqui, durante esse tempo de coletiva, a gente deu já algumas entrevistas antes, e a gente descobre que é uma sessão de terapia em grupo! Conforme a gente vai falando sobre o filme, a gente vai destrinchando cada vez mais mensagens. Então tem o encantamento da infância, que eu acho que o filme está esteticamente muito convidativo, muito lindo. Inclusive já falei aqui, que eu sugiro que as pessoas assistam em 3D, porque foi assim que a gente teve a nossa experiência na pré-estreia, e se torna mágico esse universo, está muito bonito, né?


Vídeo de anúncio de Juliana Paiva no elenco de "Elio" (Reprodução/Instagram/@disneystudiosbr/@julianapaiva)

Essa galáxia está linda, linda, linda. Essa galáxia está colorida, está profunda, os meteoros passando, está super divertido. Eu acho que a criançada vai pirar, mas mais do que tudo é entender que é um mergulho em si. É uma aventura sobre seu lugar no mundo, sobre pertencimento, sobre ressignificar quando a vida te dá uma rasteira. O Elio é um menino órfão, que perdeu pai e mãe criança, tão jovem. Então mexe nos sonhos, mexe em uma configuração de família que existia e agora ele vai ter que lidar com esse novo mundo sem os pais. Essa tia que tem a nobreza de acolher esse menino, mas que não estava pronta para essa maternidade precoce e que vai descobrindo sobre maternidade ao longo do filme, esse Comuniverso colorido e diverso, onde todos são aceitos e possíveis de existir, como que o mundo precisa pegar essas dicas aí com essa galera que já tá muito mais evoluída que a gente…então ‘Elio’ traz muita mensagem é uma aventura infantil, mas uma aventura de gente grande.

Eu acho que os pais que levarem as crianças tem que sair pra conversar depois, vai comer uma pizza, vai falar sobre filme, vai tentar frisar um pouco das mensagens deixadas, porque Disney Pixar faz isso com a gente. Eu me alimentei muito de várias histórias, por isso a emoção ao poder fazer esse trabalho. Acho que toda a minha entrega ali estava também muito preenchida dessa Julianinha que sabia exatamente que agora ia entrar numa aventura participando da criação desse sonho, artesanalmente, por várias mãos, construindo essa magia. Então, esse é o brilho especial desse projeto, essa alma que eu tentei doar para a Olga, e completamente encantada por tudo isso”, finaliza Juliana.

Elenco de vozes brasileiras

No Brasil, o time de vozes tem o jovem ator e dublador Lorenzo Tiroli como o protagonista Elio, após ter participado do elenco de “Dragon Ball Drama” e “Skeleton Crew”, do universo de “Star Wars”. O veterano Zeca Rodrigues, que tem mais de duas décadas de carreira e papéis em produções como “Eternos”, “Zootopia” e muitas outras obras, dá voz a Lorde Grigon, um senhor da guerra que comanda o planeta Hylurg, que tenta desesperadamente fazer parte do Comuniverso. Juliana Paiva, em sua primeira dublagem, vive Olga Sólis, a tia de Elio, uma brilhante major da Força Aérea.


Marcio Marconato, Juliana Paiva, Zeca Rodrigues e Júlia Ribas (Foto: reprodução/Bc Biz/Disney Pixar)

Júlia Ribas vive a Embaixadora Questa,  líder do planeta Gom e uma dos membros de mais alto escalão do Comuniverso, capaz de ler mentes. A dubladora é nome consagrado no país, já tendo integrado elencos de produções como “Fábrica de Sonhos”, “Loki” e “Percy Jackson e os Olimpianos”. Já Marcio Marconato dubla o Embaixador Helix, um dos membros mais antigos do senado intergaláctico. O dublador já esteve em obras como “Viva, A Vida É Uma Festa”, “Elementos”, “Homem-Formiga”, entre outras.

Integram o elenco ainda Danylo Miazato (Glordon), Marcelo Pissardini (Embaixador Tegmen), Shallana Costa (Embaixadora Turais), Flora Paulita (Embaixadora Mira) e mais.

Trama de “Elio”

Elio é diferente das outras crianças. O menino de 11 anos perdeu os pais e passou a ser criado pela tia, a major da Força Aérea, Olga. Sem amigos e considerado esquisito, Elio tinha apenas um grande interesse: conhecer o Universo, ser abduzido para fora da Terra. O garoto sentia que sua vida seria melhor fora da Terra, sentia que seu lugar no mundo não era aqui, e que poderia se sentir pertencente em outro lugar, outra galáxia.


Assista ao trailer de "Elio" (Reprodução/YouTube/Walt Disney Studios BR)

Por séculos o ser humano busca se comunicar com possíveis formas de vida extraterrestre, mas não era previsto que o universo respondesse logo a Elio! O maior desejo da criança é atendido quando ele é abduzido para o Comuniverso, uma organização interplanetária com representantes de galáxias distantes. Em uma desventura, Elio conhece seu primeiro amigo, o príncipe Glordon, e tem a responsabilidade de impedir uma guerra intergaláctica, e passa por seu maior desafio: descobrir o lugar onde ele realmente deveria estar!

 

 

Juliette rejeita convite de dublagem após exigência para “neutralizar” sotaque

Juliette, campeã do BBB 21 e atualmente apresentadora e cantora, revelou ter recusado uma proposta para dublar uma princesa em um filme internacional. A influenciadora teria se emocionado ao receber o convite, mas ao chegar no estúdio foi informada de que precisaria “neutralizar” seu sotaque paraibano. Juliette respondeu que não aceitaria a mudança, pois seu sotaque, segundo ela, é parte integral de sua trajetória e identidade.

O pedido para alterar a forma de falar gerou grande comoção. Juliette explicou que escolheu ser ela mesma, com a voz que conquistou seu público, e não aceitou o que chamou de tentativa de padronização. Em vez disso, outra pessoa com “sotaque neutro” foi escalada para a função.

Resistência cultural

Em sua participação no programa Saia Justa (GNT), Juliette contou que chegou a chorar com a situação: “Não tem como eu neutralizar porque não existe sotaque neutro”, disse ela, explicando que escolheram outra voz que se adequava ao padrão linguístico que queriam. Ela afirmou que seu sotaque nordestino a levou até ali, e que recusar foi uma forma de honrar suas raízes e inspirar crianças que se identificam com essa fala.

O episódio reacendeu o debate sobre preconceito linguístico no Brasil e a exigência reflete um viés cultural que invisibiliza as falas regionais.

Segundo a apresentadora, a resposta foi direta: “Se vocês querem a minha voz, a minha voz precisa trazer a minha raiz, quem eu sou”, completou.


Relato de Juliette no programa Saia Justa (Vídeo: reprodução/Instagram/@gnt)

Na internet, internautas reforçaram essa ideia, argumentando que pedir para alguém abandonar seu sotaque é pedir que renuncie à própria identidade.

Muito além da dublagem

Para além do campo artístico, Juliette associou o pedido à xenofobia linguística, lembrando que sotaques nordestinos ainda enfrentam representação caricata e invisibilização em diversas áreas. Ela também ressaltou que é comum profissional de mídia e cultura anular suas origens para alcançar aceitação nacional, o que teria efeito propagador de um padrão homogêneo e excludente.