A cantora Preta Gil, de 50 anos, iniciou nesta terça-feira (10) um tratamento experimental contra o câncer nos Estados Unidos, após ser aprovada para participar de uma pesquisa clínica em Washington. A decisão ocorreu depois do retorno da doença em agosto de 2024, com metástases identificadas em quatro locais do corpo. 

Resultados e complicações

Após ter recebido o diagnóstico de câncer no reto em janeiro de 2023, a cantora Preta Gil enfrentou uma longa batalha no Brasil, incluindo diversas sessões de quimioterapia intraperitoneal, radioterapia e cirurgias. Além disso, a cantora também acabou sofrendo com quadro de infecções urinárias recorrentes devido ao uso de sondas e, decorrente a isso, enfrentou uma sepse grave em abril de 2023, que a levou à UTI. “No quinto ciclo de quimioterapia, tive uma sepse, fui parar na UTI e quase morri”, relembrou em sua autobiografia “Preta Gil: os primeiros 50”.

No mesmo ano, em dezembro de 2023, a cantora foi submetida a uma cirurgia com duração de 21 horas e resultou na retirada de seis tumores no total, assim como parte do aparelho digestivo e do sistema linfático.
 
Entretanto, mesmo após diversos tipos de procedimento, o tratamento proposto pela equipe médica da cantora não apresentou a eficácia esperada, fazendo assim com que ela e sua equipe começassem a busca por alternativas internacionais. Após avaliações em solo americano, no “Virginia Cancer Institute”, em Washington, e no “Memorial Sloan Kettering Cancer Center”, em Nova York, Preta foi aprovada para integrar e iniciar um protocolo de pesquisa clínica com terapias inovadoras. O objetivo é testar drogas ainda em fase de desenvolvimento e compará-las com terapias já utilizadas, com base em critérios rigorosos de eficácia e segurança.

“Começo meu tratamento dia 10. Enquanto isso, vou me fortalecendo fisicamente e espiritualmente, recebendo muito amor”, escreveu Preta nas redes sociais no último dia 4 de junho.

Post de Preta Gil nas redes sociais (Foto: reprodução/Instagram/@pretagil)

Segundo ela, a escolha por terapias experimentais foi necessária diante das limitações dos tratamentos disponíveis no Brasil. “Temos que buscar alternativas, com tipos de estudos diferentes, drogas que ainda não chegaram ao país”, disse em entrevista ao programa “Domingão com Huck”.

Importância da pesquisa clínica

Especialistas apontam que os estudos como o que Preta participa são extremamente fundamentais para a evolução do tratamento no combate ao câncer. “É através dela que novos medicamentos são testados e comparados com os melhores tratamentos disponíveis. Quando se mostram superiores, esses tratamentos são incorporados à medicina tradicional e beneficiam mais pacientes. É o único caminho para avançarmos no tratamento da doença”, explicou o oncologista Fernando Maluf, do Hospital Israelita Albert Einstein.

Apesar de o Brasil ter aumentado sua participação em estudos clínicos, o especialista destacou que ainda é necessário avançar na geração de dados locais e na integração com pesquisas internacionais.

Retorno da doença

Após ter recebido alta hospitalar em fevereiro de 2024, a cantora deu início a uma fase de reabilitação domiciliar. Contudo, em agosto do mesmo ano, ela revelou que, após exames de rotina, foi diagnosticado que o câncer havia retornado com metástases em quatro locais: dois linfonodos, o peritônio e o ureter. Na época, a artista viajou a Nova York para consultar uma especialista após seus médicos brasileiros recomendarem a busca por uma segunda opinião nos EUA. Lá, foi considerada elegível para o novo protocolo experimental que deu início.

Mesmo diante do novo desafio, manteve a esperança. “Estou aqui firme e forte. Em breve estarei em casa, se Deus quiser”, disse em vídeo compartilhado após o Réveillon, em que foi homenageada por Ivete Sangalo em Copacabana.

Rede de apoio

Desde que recebeu o seu primeiro diagnóstico, Preta tem compartilhado sua então jornada de tratamento e reabilitação nas redes sociais, e tem recebido apoio massivo de fãs, amigos e familiares. Gilberto Gil, pai da cantora, destacou em entrevista recente a força da corrente de solidariedade. “É tanta gente torcendo, orando… Isso ajuda, sim”, afirmou, emocionado.

Segundo o músico, essa mobilização é um reflexo da famosa afetividade brasileira e tem papel importante no processo de recuperação da filha. “Estamos todos com ela o tempo todo”, reforçou.

Post de Preta Gil com o pai Gilberto Gil nas redes sociais (Foto: reprodução/Instagram/@pretagil)

A cantora também reconheceu a importância desse suporte emocional. “Amo todos vocês. Obrigada por todas as mensagens diárias, orações e energia positiva. Vocês me curam”, afirmou em suas redes sociais.

Força e otimismo

A cantora segue nos Estados Unidos, sendo mantida em observação pela sua equipe médica, mas conta que permanece otimista e com fé, mesmo em meio ao tratamento. Nas redes sociais, ela contou que pretende retomar a sua rotina de trabalho assim que possível e agradeceu novamente as mensagens de apoio e carinho que tem recebido e destacou a importância do apoio de todos.