NYFW propõe novos caminhos e renova expectativas para o verão 2026

Embora a Semana de Moda de Nova York seja conhecida por sua discrição em comparação com outros grandes circuitos, a edição Verão 2026 provou que subestimar sua força criativa é um erro. Com desfiles que investiram em narrativas visuais impactantes, provocações estéticas e novas interações entre forma e conceito, a NYFW não apenas apresentou tendências, mas também forneceu indicações importantes sobre os caminhos que a moda deve seguir nas próximas temporadas.

Estilistas como Collina Strada, Khaite e Prabal Gurung exibiram coleções que harmonizam emoção, identidade e sofisticação, indicando uma temporada que valoriza o impacto sensível tanto quanto o visual.

Propostas autorais marcam temporada em NY

A edição de verão de 2026 da NYFW destacou a perspectiva autoral de criadores que investem na criação de uma moda com propósito. Por exemplo, Collina Strada converteu as sombras — de fato — em um componente poético de sua história, abordando temas de identidade e percepção em uma coleção que provoca reflexão.

Por outro lado, Khaite optou por uma estética sofisticada e estruturada, refletindo o chique nova-iorquino em peças com cortes precisos, tecidos de alta qualidade e silhuetas que combinam poder e leveza. A diversidade criativa da semana, que se afasta do convencional e apresenta novos códigos visuais para o verão, é destacada pelo contraste entre essas propostas.


A maison Collina Strada na Semana de Moda de Nova York (Foto: reprodução/Victor VIRGILE/Gamma-Rapho via Getty Images Embed)

Emoção, diversidade e bastidores bem conduzidos

Essa temporada também foi marcada por momentos emocionantes. O desfile de Prabal Gurung foi encerrado de forma emocionante com a presença marcante de Dominique Jackson, destacando o compromisso da moda com a representatividade e a performance como meio de expressão. Além das passarelas, personalidades como Malina Gilchrist, atuando nos bastidores como editora e stylist, evidenciaram a importância da curadoria e da direção criativa para converter coleções em narrativas coerentes. Esses bastidores cuidadosamente organizados contribuem para a relevância da NYFW, mesmo que ela seja menos chamativa do que outras capitais da moda.


Prabal Gurung e modelos na Semana de Moda de Nova York (Foto: reprodução/Taylor Hill/WireImage/Getty Images Embed)

A Semana de Moda de Nova York destaca que não é necessário aguardar Paris ou Milão para ver novidades. Quando estilistas, modelos, editores e criativos se unem em torno de propostas autênticas e sensíveis, o resultado é uma temporada repleta de conteúdo e significado. O Verão 2026 exibido na NYFW evidencia que há espaço para emoção, complexidade e novas histórias na indústria e que o público está preparado para se conectar com uma moda que transcende o superficial. Embora a cidade possa preservar seu perfil mais reservado, é inegável que as decisões tomadas lá influenciam o futuro da moda mundial.

PatBO leva Latinidade à Passarela em Nova York

Durante a Semana de Moda em Nova York, a PatBO exalta sua herança e expressão cultural ao lançar a coleção “Alma Latina” para o verão de 2026. A única marca brasileira no calendário oficial, a grife de Patricia Bonaldi apresenta bordados, franjas e estampas inspiradas em ícones latino-americanos, em um ato de pertencimento que valoriza o orgulho, a ancestralidade e a feminilidade em destaque.

Estética, Inspiração e Narrativa Cultural

Patricia Bonaldi faz alusão a personalidades como Carmen Miranda, Frida Kahlo, Elza Soares e Shakira, entre outras, incorporando elementos da cultura latina. A coleção transcende o aspecto visual, incorporando bordados artesanais, realizados com a precisão já reconhecida da marca, assumem o papel principal ao lado de franjas que se movem como uma extensão do corpo humano, dando vida à história de mulheres que lutam, criam e se reinventam todos os dias.

A opção por modelagens que evocam os anos 80 fortalece ainda mais a conexão entre passado e presente, tradição e modernidade, trazendo volume, contrastes e um clima festivo.

 


Desfile verão 2026 PatBO na Semana de Moda de Nova York (Vídeo: reprodução/Instagram/@jasonwu)

Mangas volumosas, cinturas definidas e construções dramáticas conversam com uma feminilidade exuberante que não hesita em ocupar espaço. O espírito festivo se manifesta nos contrastes de cores e na suavidade dos tecidos, ao passo que a ancestralidade se expressa nas texturas e na linguagem visual repleta de significado.

A narrativa se concretiza na passarela por meio da combinação entre técnica e emoção, representando a mulher latina como um símbolo de força, criatividade e intensidade.

Cores, Materiais e a Flor de Lótus como Emblema

A paleta de cores da coleção “Alma Latina” percorre paisagens emblemáticas. Os tons terrosos evocam raízes, pertencimento e ligação com a ancestralidade, fazendo referência à terra como fonte e força criativa. Simultaneamente, aparecem cores vibrantes e luminosas, quase em um estado de explosão, uma celebração visual da diversidade presente nos corpos e histórias das mulheres da América Latina.

Os materiais selecionados enriquecem esse discurso sensorial: o tule, o tafetá e as rendas bordadas criam uma textura densa e tátil, na qual a sofisticação técnica se encontra com a expressão artesanal. Na moda contemporânea, os detalhes feitos à mão, como aviamentos exclusivos, destacam a importância do trabalho manual como instrumento de identidade e resistência.

 


Modelos em desfile para PatBO verão 2026 na NYFW (Foto: reprodução/Instagram/@nyfw)

Dentre os símbolos da coleção, a flor de lótus se destaca como emblema. Presente tanto nas vestimentas quanto na nova coleção de calçados da marca, a flor simboliza não só o florescimento feminino, mas também a habilidade de emergir com beleza e força mesmo diante de situações adversas.

Com “Alma Latina”, PatBO declara que pertencimento e autenticidade não são tendências passageiras, mas pilares da expressão cultural. Ao apresentar sua visão na NYFW, Patricia Bonaldi não só exibe peças, mas também compartilha histórias que ressoam com aqueles que buscam ver sua identidade refletida na moda. A nova coleção e a linha de acessórios destacam que a marca brasileira segue ultrapassando limites, mantendo suas origens e sua força poética.

Quinto dia da NYFW traz as principais tendências da temporada

O quinto dia da Semana de Moda de Nova York, realizado na última terça-feira (16), sintetizou a energia e a diversidade que fazem do evento um dos mais importantes do calendário internacional. Entre mais de 60 desfiles, a passarela foi palco de propostas que transitaram entre a sobriedade minimalista e a exuberância de cores e texturas.

A edição de verão 2026 confirmou que a NYFW segue como um dos principais palcos da moda internacional, reunindo diferentes propostas e visões criativas.

Coach aposta em maturidade sem perder irreverência

Famosa por sua imagem jovem e descolada, a Coach surpreendeu ao apresentar uma coleção mais sóbria, pensada para um público mais maduro. A marca trouxe silhuetas alongadas, alfaiataria ampla e uma cartela de tons neutros, traduzindo a verticalidade das grandes cidades em peças sofisticadas.


Coach para a NYFW (Foto: reprodução/Taylor Hill/Getty Images Embed)

Mesmo com essa virada, o DNA irreverente da grife permaneceu. Elementos como tecidos puídos, jeans manchados e gravatas usadas de forma deslocada garantiram o frescor característico da marca. 

Cores e otimismo em Tory Burch

Enquanto parte das marcas nova-iorquinas seguiu o caminho do minimalismo, a Tory Burch apostou na cor e na sua identidade. A estilista apresentou criações que dialogam com os anos 1990 (época em que iniciou sua trajetória) e o presente.


Tory Burch para a NYFW (Foto: reprodução/Instagram/@toryburch)

As criações chamaram atenção pela abordagem criativa: colarinhos inspirados no origami, tricôs com bordados manuais e jaquetas adaptáveis com zíperes sutis. Para a estilista, a coleção representa um respiro de otimismo em meio à predominância de neutralidade na temporada.

Minimalismo escandinavo na Toteme

A Toteme reafirmou seu minimalismo característico ao apresentar a coleção no icônico Pool Room do restaurante Four Seasons. Para a diretora criativa Elin Kling, tratou-se de uma busca por uma “beleza imperfeita”. Modelagens fluidas, tricôs de trama compacta e couros com acabamento lavado compuseram produções que transmitiam espontaneidade, mas preservavam um ar refinado.


Toteme para a NYFW 2026 (Foto: reprodução/Instagram/@toteme)

A cartela de preto e branco ganhou suavidade com nuances peroladas e rendas delicadas, inspiradas em memórias pessoais da estilista. O resultado foi um diálogo harmonioso entre a austeridade escandinava e a leveza cosmopolita de Nova York.

Contrastes que definem a temporada

Entre estreias de novos nomes, como Henry Zankov e Diotima, de Rachel Scott, e apresentações de grifes já consolidadas, a Semana de Moda de Nova York reforçou sua diversidade de propostas. Os desfiles evidenciaram tanto experimentações criativas quanto leituras mais clássicas, compondo um panorama variado da temporada.

Criada em 1943 como “Press Week” pela publicitária Eleanor Lambert, em meio à Segunda Guerra Mundial, a NYFW consolidou-se ao longo das décadas como uma das principais semanas de moda do calendário internacional. O quinto dia da edição de verão 2026 manteve esse posicionamento, reunindo diferentes estilos e visões criativas sob o olhar da indústria global.

NYFW: confira os destaques dos desfiles para as coleções verão 2026

No último domingo (15), aconteceu o quarto dia de desfiles para a NYFW, um dos eventos de moda mais esperados do ano. Os desfiles das coleções ready-to-wear apresentados, tiveram destaque pela ousadia e criatividade dos designers. Ulla Johnson e Jason Wu se inspiraram em artistas importantes dos anos 1950 a 1970. Enquanto isso, a Monse criou uma coleção para comemorar uma década de existência.

Ulla Johnson e o expressionismo abstrato

Para sua apresentação na NYFW, a marca homônima Ulla Johnson se inspirou nos quadros da artista expressionista Helen Frankenthaler. O desfile aconteceu no Upper East Side, em Nova York, mesmo local de nascimento da artista. As peças desfiladas apresentaram as cores aquarelas em tons pastéis, que também eram presentes nas obras de Frankenthaler.


Desfile da marca homônima Ulla Johnson no NYFW (Vídeo: reprodução/Instagram/@ullajohson)

Além das aquarelas presentes nas estampas de alguns vestidos, algumas peças também eram monocromáticas, com cores neutras, apresentando franjas e penas. Algumas peças com penas, foram pintadas a mão, dando mais volume e movimento nos tops, saias e cintos. A designer também apresentou três novas bolsas para a coleção.

Jason Wu homenageia Robert Rauschenberg

A marca homônima JasonWu também se inspirou na arte expressionista abstrata e no pop art para sua coleção. Em colaboração com a Fundação Robert Rauschenberg, comemorando o centenário da fundação, a marca apresentou uma coleção elegante e inovadora no NYFW. Wu acessou o arquivo das obras de Rauschenberg para sua inspiração, explorando a arte da colagem junto a moda.



Com colagens e mantas de retalhos nas peças, Wu apresentou uma coleção que apresentava assimetria e diversas texturas, como uma forma de homenagem às obras de Rauschenberg, que misturava materiais diferentes e incomuns em suas obras, como papelão.

Monse celebra uma década de existência

Comemorando o seu 10º aniversário, a Monse se inspirou em seus próprios looks clássicos para criar uma coleção elegante e sofisticada no NYFW. O artesanato e as silhuetas são parte da coleção, mostrando a história da maison e o que a faz ser o que é atualmente.



As peças de alfaiataria deram um toque de workwear para a coleção, com blazer e trenchcoats. Além disso, os sapatos usados fazem parte da collab Monse x Sperry. As bolsas grandes e vestidos leves, mostram um lado com inspiração em viagens, com peças confortáveis. As cores apresentadas variavam entre tons neutros, como marrom, cinza, azul-marinho, verde-escuro e amarelo girassol.