Coutinho e o Vasco: reencontro ainda busca um clímax

Philippe Coutinho voltou ao Vasco cercado de expectativas. Para muitos torcedores, a imagem do garoto formado em São Januário, que brilhou na Europa e vestiu a camisa da Seleção, trazia a promessa de um retorno triunfal, quase como um capítulo final de redenção. Mas a realidade, até aqui, é menos romântica e mais desafiadora.

Entre nostalgia e realidade

O Coutinho que a torcida reencontrou não é mais o jovem explosivo que despontou em 2009. O tempo, as lesões e as idas e vindas em clubes internacionais moldaram um jogador diferente: ainda talentoso, ainda decisivo em lampejos, mas mais consciente de suas limitações físicas.

O Vasco, por sua vez, não é o mesmo clube que o revelou. Hoje, busca afirmação no cenário nacional, equilibrando tradição com a necessidade urgente de resultados.


Coutinho comemorando gol em sua volta pelo Vasco (foto: reprodução/x/@brasiledition)

Essa colisão entre passado e presente cria um paradoxo: Coutinho é, ao mesmo tempo, símbolo de esperança e lembrança de um potencial que talvez nunca tenha atingido o auge em São Januário.

O papel de liderança silenciosa

Se antes esperavam dele dribles desconcertantes e gols decisivos, hoje Coutinho pode entregar algo menos evidente, mas igualmente valioso: liderança técnica e emocional. Ele conhece a pressão de jogar sob holofotes, sabe lidar com críticas e pode ser uma bússola para jovens atletas que buscam espaço no elenco. Mais do que “decidir sozinho”, o meia pode se tornar o elo entre gerações dentro do Vasco.

O ápice que pode ser reinventado

É verdade que Coutinho ainda não alcançou seu clímax no clube. Mas talvez a narrativa não precise ser sobre “atingir o auge perdido”, e sim sobre reinventá-lo. O ápice pode estar menos na estatística e mais no impacto coletivo, no passe que inicia a jogada, no posicionamento que organiza o time, na experiência que guia os mais novos.

No fim, a trajetória de Coutinho pelo Vasco não precisa repetir a promessa da juventude. Ela pode escrever um novo capítulo: o da maturidade, do equilíbrio e da entrega possível. E, quem sabe, é justamente esse papel menos óbvio que marcará sua passagem como definitiva.

Vasco vence CSA em São Januário e avança às quartas-de-final da Copa do Brasil

Diante de uma grande festa da torcida em São Januário, o Vasco conseguiu uma vitória importante sobre o CSA pelas oitavas-de-final da Copa do Brasil por 3 a 1. Os gols do Cruzmaltino foram marcados por Rayan, Coutinho e Tchê Tchê, com Brayann descontando para o Azulão.

Com a vitória, os vascaínos não apenas confirmaram a vaga nas quartas-de-final e uma quantia milionária da CBF, como também encerraram uma série de 7 jogos sem vencer na temporada. A última vitória da equipe comandada por Fernando Diniz havia sido diante do São Paulo, no Morubmis, dia 12 de junho.


Festa da torcida vascaína antes da bola rolar (Vídeo: Reprodução/YouTube/Lance!)

Já o CSA se despede da competição e volta as suas atenções à Série C do Campeonato Brasileiro e a semifinal da Copa do Nordeste. Pela competição nacional, os alagoanos enfrentam Itabaiana, Ituano, Ponte Preta e Brusque pelas últimas quatro rodadas. Já na competição regional, o duelo que define vaga na decisão do torneio será diante do Confiança.

Escalações

Fernando Diniz escalou o Vasco no 4-3-3 e mandou à campo: Léo Jardim; PH, Hugo Moura, Lucas Freitas e Lucas  Piton; Jair (Mateus Carvalho), Tchê Tchê (Thiago Mendes) e Coutinho (David); Rayan (Puma Rodriguez), Nuno Moreira (Garré) e Vegetti.

Por sua vez, Márcio Fernandes escalou o CSA no 4-2-3-1, com: Gabriel Félix; Felipe Albuquerque, Betão, Islan e Enzo; Camacho (Léo Costa), Gustavo Nicola, Brayann, Silas (Baianinho) e Guilherme Cachoeira (Marcelinho); Tiago Marques (Igor Bahia).

Primeiro tempo

Jogando em casa, o Vasco tomou a iniciativa da partida. A equipe carioca cercou a área do CSA e levou perigo em finalização cruzada de Lucas Piton, aos 8 minutos, que a defesa azulina afastou no susto.

Aos 14 minutos, o Gigante da Colina voltou a levar perigo. Após cruzamento de Coutinho pela esquerda, Rayan subiu sozinho, no meio da zaga da equipe alagoana, mas o desvio não foi suficiente para a direção do gol à bola.

A pressão vascaína foi tanta que a defesa do Azulão não resistiu. Aos 20 minutos, após cruzamento de Piton pelo lado esquerdo, Islan afastou mal e a bola sobrou para Rayan que encheu o pé e abriu o placar na Colina: 1 a 0 Vasco.

O gol inflamou a torcida e aumentou a confiança da equipe da casa. Tanto que logo na saída de bola, o Cruzmaltino teve outra grande chance, dessa vez com Nuno Moreira, que aproveitou jogada individual de Rayan, mas finalizou para fora.

A primeira grande ameaça do CSA saiu aos 25 minutos. Após lançamento de Brayann para Cachoeira, o camisa 11 saiu cara a cara com Léo Jardim e colocou a bola no fundo da rede. Contudo, o assistente anulou o gol por impedimento, que foi confirmado pelo VAR, posteriormente.

O susto foi passageiro e o Vasco voltou a dominar as ações. Aos 30 minutos, Rayan (novamente) finalizou de fora área, Gabriel Félix bateu roupa e Coutinho, atento ao rebote, só empurrou para o gol alagoano para ampliar: 2 a 0.

A equipe de Fernando Diniz seguiu dominante e não deu tempo e espaço para os visitantes respirarem. Aos 37 minutos, foi a vez de Jair levar perigo em chute de fora da área que beliscou a trave esquerda de Gabriel Félix. Dois minutos depois, Rayan, também de longa distância, fez o goleiro do CSA fazer boa defesa.

Mas o Vasco estava insaciável em São Januário. Aos 44 minutos, Piton cruzou da esquerda para Tchê Tchê que teve a tranquilidade de driblar Betão, finalizar sem chances para Félix e coroar um !º tempo de almanaque: 3 a 0.


 

Tchê Tchê marca o 3º gol do Vasco em São Januário (Vídeo: Reprodução/YouTube/Jon Sports Brasil)

Segundo tempo

A segunda etapa começou de um jeito completamente diferente da primeira. Márcio Fernandes colocou Baianinho na vaga de Silas e o Azulão voltou pressionando.

Aos 3 minutos, Brayann acionou Cachoeira que cruzou rasteiro para Baianinho escorar com perigo. Um minuto depois, a dobradinha funcionou. Cachoeira cobrou escanteio na cabeça de Brayann, que testou à queima roupa, sem chance para Léo Jardim e diminuiu para os alagoanos: 3 a 1.

O Azulão cresceu na partida e ganhou confiança para chegar com mais perigo à área do Vasco. Conforme o CSA ganhou terreno, a torcida vascaína ficou mais apreensiva em São Januário.

Aos 17 minutos, Brayann fez linda jogada e serviu Tiago Marques. O artilheiro arrancou em velocidade, cortou PH e finalizou com enorme perigo.

Visivelmente incomodado com a postura do time na segunda metade do jogo, Fernando Diniz promoveu as entradas de Garré e David nas vagas de Coutinho e Nuno Moreira, para dar mais fôlego ao ataque da equipe carioca.

Percebendo o bom momento do time, Márcio Fernandes promoveu a entrada de mais um atacante. Marcelinho foi à campo, na vaga de Guilherme Cachoeira, já desgastado fisicamente.

Mesmo no controle da partida, o CSA por pouco não se complicou. Aos 27 minutos, o goleiro Gabriel Félix foi sair jogando e deu um presente para Garré. Contudo, o argentino demorou a se decidir e quando finalizou, a bola foi em cima do arqueiro azulino, que corrigiu o próprio erro.

O CSA seguiu pressionando e, em cobrança de falta aos 35 minutos, Brayann quase diminuiu mais uma vez, mas a bola passou tirando tinta da trave de Léo Jardim.

O Vasco, então, passou a administrar a vantagem e tentar ficar mais com a bola. Garré ainda levou perigo à Gabriel Félix em duas finalizações que o camisa 1 do Azulão espalmou, mas o placar não foi mais alterado: 3 a 1 Vasco e classificação confirmada para as quartas-de-final da Copa do Brasil.


Vasco 3X1 CSA melhores momentos (Vídeo: Reprodução/YouTube/GE)

Próxima fase

Com a classificação confirmada, o Vasco embolsou R$4.740.750,00 e agora espera o sorteio, na próxima terça-feira (12), na sede da CBF, para conhecer seu próximo adversário na competição.

Os possíveis rivais da equipe carioca nas quartas são: Athletico-PR, Atlético-MG, Bahia, Botafogo, Corinthians, Fluminense e CRB/Cruzeiro (que se enfrentam em Maceió). As equipes classificadas vão estar em pote único e não há restrições de confrontos.

Vasco busca continuar com Phellipe Coutinho até o fim do ano

O meia Phellipe Coutinho pertence ao Aston Villa, da Inglaterra, com quem tem vínculo até junho de 2026. O Vasco busca uma rescisão entre o jogador e o clube inglês, o que permitiria a assinatura de um contrato definitivo com o time carioca.

Caso essa possibilidade não se concretize, o Vasco considera a prorrogação do empréstimo até dezembro de 2025, o que daria ao clube carioca mais 6 meses com uma importante peça para o elenco.

Desempenho e relação com o clube

Desde que retornou ao Vasco, em julho de 2024, Coutinho participou de 26 partidas, marcou 5 gols e deu 3 assistências. Dentro do elenco, mantém bom relacionamento com a comissão técnica e tem atuado regularmente nas competições disputadas pelo clube, o que pesa muito para uma possível permanência, sem contar que o jogador é muito bem-visto pela torcida, como um ídolo.


Coutinho jogando pelo Vasco da Gama na sul-americana.(reprodução/foto/x/@SofascoreBR)

Vontade do atleta

Pessoas próximas à negociação afirmam que o jogador tem interesse em permanecer no Vasco. Ele voltou a morar no Rio de Janeiro e, recentemente, criou o Instituto Philippe Coutinho, com sede na cidade. As conversas seguem em andamento, com a participação do estafe do atleta, da diretoria do Vasco e de representantes do Aston Villa, jogador está trabalhando firmemente na possibilidade de rescisão, para ficar no vasco em definitivo.

A diretoria do cruz-maltino, que achava que era muito distante isso, hoje vê cada vez mais próxima à chance de ter em definitivo o meio-campista.

Próximos passos

O clube trabalha com duas frentes: aguarda um desfecho com o Aston Villa sobre a possibilidade de rescisão amigável, e, em paralelo, avalia a extensão do empréstimo como alternativa. Internamente, a permanência do jogador até o fim do ano é considerada viável do ponto de vista esportivo e administrativo, o que antes estava distante e era considerado um sonho, hoje é uma realidade do clube.

Clube aguarda o final do mundial e a abertura da janela de transferências para discutir melhor esse caso.