ANAC afirma que voos de balão não têm certificação comercial no país

Na manhã deste sábado (21), um balão de ar quente caiu em Praia Grande (SC), provocando oito mortes e 13 feridos. A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) afirmou que o piloto, Elves de Bem Crescêncio, não possuía licença válida para voos comerciais, sendo apenas habilitação para atividades esportivas. 

Segundo a Agência, “uma pessoa somente pode embarcar outra pessoa em balão livre tripulado se o usuário estiver ciente de que se trata de atividade desportiva de alto risco“.

Atualmente, segundo a ANAC, não há no Brasil qualquer operação de balonismo certificada para fins comerciais. Os balões utilizados são enquadrados como “aerodesporto”, sem garantias de aeronavegabilidade ou habilitação técnica exigida em voos pagos.

Licenciamento e prática esportiva

A ANAC reforçou que o piloto não possuía a Licença de Piloto de Balão Livre (PBL), obrigatória para voos comerciais. Em seu sistema, consta apenas um Certificado Médico Aeronáutico, válido até julho de 2026, registro que não substitui a habilitação técnica.

As aeronaves do aerodesporto não são certificadas, não havendo garantia de aeronavegabilidade. Também não existe uma habilitação técnica emitida para a prática e cabe ao desportista a responsabilidade pela segurança da operação“, declarou a Agência Nacional de Aviação Civil.


Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina no local do acidente (Foto: reprodução/CBMSC/Divulgação)

A defesa de Crescêncio afirma que ele é piloto instrutor e detém cadastro como aero desportista, com mais de 700 horas de voo e atuação em competições, condição que permite conduzir balões em contexto recreativo, porém, sem autorização para transportar passageiros pagos.

Regulamentação e riscos aos passageiros

Apesar de existirem normas que permitem voos comerciais com padrões internacionais, não há operação certificada em atividade no momento. A ANAC já havia realizado reuniões em 6 de junho com autoridades locais e o Sebrae para discutir a regulamentação do balonismo turístico na região do Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul, no entanto, as mudanças ainda não foram implementadas.

Como consequência, os passeios são oferecidos como esportivos e arriscados, sem controle rigoroso de segurança. Em nota, a ANAC reforça que, nesses casos, os participantes assumem a responsabilidade e devem estar cientes dos perigos envolvidos.

Balão cai em Santa Catarina e provoca morte de oito pessoas

Na manhã deste sábado (21), uma tragédia marcou o município de Praia Grande, localizado no extremo sul de Santa Catarina. Um balão que transportava 21 pessoas caiu após pegar fogo durante um passeio turístico. A queda resultou em oito mortes e deixou 13 pessoas feridas. O acidente ocorreu em uma região bastante conhecida pela prática de balonismo, tanto que é apelidada de “Capadócia brasileira” devido ao intenso fluxo de voos e ao relevo característico.

Ainda não se sabe exatamente o que causou o incêndio e a queda do balão. As autoridades estão investigando os motivos que levaram à tragédia. Moradores da região registraram, em vídeo, o momento em que o cesto do balão despenca em direção ao solo, em meio às chamas.


O vídeo mostra exatamente a hora que o balão despenca do céu (Vídeo: reprodução/Instagram/@praianorte_news)

Sobreviventes

Entre os 13 sobreviventes está o piloto da aeronave. Todos os feridos foram socorridos pelo Corpo de Bombeiros e pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), sendo encaminhados para unidades de saúde próximas. Cinco pessoas foram levadas ao Hospital Nossa Senhora de Fátima, no centro de Praia Grande. No local, foi montada uma operação emergencial, com reforço de médicos e profissionais de enfermagem, para atender as vítimas com agilidade.

Empresa e autoridades

O balão pertencia à empresa Sobrevoar, que atua regularmente com passeios turísticos na região. A empresa, agora, será alvo de investigações para apurar possíveis falhas técnicas ou operacionais que possam ter contribuído para o acidente.

O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello, que está em missão oficial no Japão, se pronunciou por meio de nota. Ele determinou uma força-tarefa para investigar o caso e oferecer suporte às vítimas e familiares. “Estamos todos consternados. As equipes seguem atuando nas buscas e no apoio às famílias”, declarou.

Queda Constante

Os acidentes com balões têm se tornado cada vez mais frequentes no Brasil. A tragédia que deixou oito mortos em Praia Grande, no extremo sul de Santa Catarina, aconteceu apenas uma semana após outro episódio envolvendo um balão no interior de São Paulo.

Na ocasião, uma turista identificada como Juliana Alves Prado Pereira, de 27 anos, perdeu a vida durante um passeio de balão em Capela do Alto, cidade localizada no interior paulista.

Queda de balão causa morte e feridos em São Paulo

A queda de um balão causou onze feridos e uma morte no interior de São Paulo. O passeio aconteceu na manhã do domingo (15) na área rural de Capela do Alto, em São Paulo. O balão tinha 33 passageiros, além do piloto e um auxiliar.

A polícia militar informou que onze vítimas tiveram ferimentos leves e foram socorridas ainda no local, dentre essa vítimas seis apresentavam escoriações e estão em observação no Hospital Municipal de Capela do Alto. Duas vítimas foram transferidas para o centro hospitalar de Sorocaba.

As demais pessoas que estavam no balão que caiu saíram do local antes da polícia chegar e por isso não se sabe o estado de saúde de cada uma delas. O passeio começou em Boituva (SP), onde estava acontecendo um campeonato de balonismo, preparado pela Confederação Brasileira de Balonismo (CBB).

O que diz a CBB

A Confederação Brasileira de Balonismo (CBB) disse que o balão que caiu não fazia parte do campeonato e foi usado de forma ilegal como turístico e não era balão esportivo. A entidade também alegou que balão não tinha autorização para voar e o piloto estava com o certificado vencido. O piloto foi levado para a delegacia do município de Tatuí (SP), onde foi preso e responde por homicídio culposo.


Momento da queda do balão (Vídeo: reprodução/Instagram/@
itatiaiaoficial

A confederação também avisou que por motivos de segurança, os voos que estavam marcados neste domingo (15) foram cancelados devido ao mau tempo. Ainda não foi dito o que causou a queda do balão e tudo esta sendo analisado pelo Serviço de Investigação e Prevenção de Acidentes aeronáuticos (SERIPA) e pela polícia civil.

Vítima fatal

A psicóloga Juliana Alves Prado Pereira, de 27 anos, morreu na queda do balão. Ela estava no passeio com seu marido, Leandro Aquino Pereira, comemorando o dia dos namorados. Ela era natural de Pouso Alegre, em Minas Gerais.

Em uma entrevista, um familiar do viúvo disse: “Ela era uma pessoa muito, muito amada. Eu não acredito que a Ju foi embora. Eu não estou acreditando até agora, gente. Um passeio desse levou ela”, afirmou Maria Ivone Aquino, avó de Leandro. Segundo os familiares de Leandro, eles tinham 9 meses de casados.

O corpo de Juliana foi chegou em Minas Gerais por volta das 16h desta segunda-feira (16). O enterro está marcado para ocorrer às 8h de terça (17), no cemitério Municipal.

O que diz o piloto

O piloto, Fábio Salvador Pereira, disse em depoimento que um vento muito forte e inesperado foi o que causou o acidente e no desespero, alguns passageiros tentaram pular do balão. Ele também alegou que tentou pousar em lugares aleatórios, como sempre fazia, mas antes de chegar ao chão, os passageiros entram em desespero e pularam, causando assim seus próprios ferimentos.