Rosália faz referência à peças vintage de alta-costura em novo clipe

A cantora Rosália lançou o videoclipe de Berghain, o primeiro single de seu novo álbum “Lux” na última segunda-feira (27), e o que tem chamado a atenção dos fashionistas mais atentos são os looks usados pela cantora durante o clipe. São peças vintage de alta-costura que vão de Alexander McQueen a Balenciaga e ajudam a contar a narrativa da nova fase musical da artista.

Peças usadas durante o clipe

Conduzido pelo diretor Nicolas Méndez, o videoclipe de “Berghain” apresenta cenas da cantora realizando atividades rotineiras como passar roupa, limpar a casa e sair à rua enquanto é acompanhada pela Orquestra Sinfônica de Londres.

Logo no início, ao chegar em casa, Rosália aparece usando um vestido preto da coleção outono de 2002 de Alexander McQueen, caracterizado por decote arredondado e mangas volumosas. Nos pés, sandálias de tiras com contas e um pingente em forma de cruz que fazem referência a um rosário, da coleção primavera-verão 2003 de McQueen.

Ao sair de casa, na cena seguinte, ela adota um look da época em que McQueen passou pela Givenchy, um top de franjas cinza e saia plissada de tom um pouco mais claro que o top, ambos da coleção primavera-verão de 1997.


Peças de grife usadas por Rosália durante o videoclipe de “Berghain” (Foto: reprodução/Youtube/ROSÁLIA)


Na segunda metade do videoclipe, há uma transformação simbólica de Rosália, ela passa de figura doméstica à representação contemporânea de uma princesa e faz alusão direta à Branca de Neve enquanto interage com animais da floresta. A cantora surge com um laço vermelho no cabelo e um minivestido rosa desenhado por Nicholas Ghesquière para a coleção primavera-verão 2004 da Balenciaga. No desfecho, Rosália surge deitada em uma cama, usando uma blusa com vários botões, da coleção primavera-verão de 2003 do estilista Alexander McQueen.

Nova era musical

Em entrevista recente ao programa de rádio espanhol Anda Ya, Rosália contou que o tema principal de seu novo álbum “Lux” é a espiritualidade. “É algo muito diferente do que já fiz. Existe a intenção de usar sons distintos, algo mais orquestral”.

A artista ficou dois anos trabalhando no projeto e revelou que o álbum conta com canções em treze idiomas, entre eles: latim, árabe, catalão, alemão, inglês, além de espanhol, idioma nativo da cantora. O álbum é um dos mais aguardados do ano tanto pela crítica quanto pelos fãs e estará disponível nas principais plataformas de streaming a partir da próxima sexta-feira (7).

McQueen revisita sua rebeldia e redefine o sexy em Paris

A Alexander McQueen apresentou seu verão 2026 neste domingo (05), durante a Paris Fashion Week, e confirmou: Seán McGirr não teme o desconforto. Em seu segundo desfile à frente da grife britânica, o diretor criativo mergulhou nas raízes provocativas da marca e trouxe de volta a sensualidade áspera, quase agressiva, que sempre foi marca registrada de seu fundador.

Na passarela, corpos expostos, cinturas ultrabaixas e transparências desafiaram convenções. O couro apareceu desconstruído, o tule ganhou aspecto destruído, e as franjas, em tiras de tecido e cordas, criaram movimento e tensão. A coleção, que flerta com o erotismo e a vulnerabilidade, revisita ícones da McQueen dos anos 1990, especialmente a polêmica “Highland Rape”  sem cair na simples nostalgia.

A cintura baixa volta com nova atitude

McGirr explorou a silhueta de forma quase anatômica: saias e calças que revelam o quadril, vestidos colados ao corpo e tops que mais sugerem do que cobrem. A chamada “cintura cofrinho”, um dos temas mais comentados do desfile, se tornou metáfora de ousadia, um gesto de exposição e poder.


Modelo em desfile McQueen (Foto: reprodução/Instagram/@catwalkmodelsss)

A cartela de cores oscilou entre o vermelho intenso, o preto e o branco, com texturas que remetem à pele, ao sangue e ao metal. O contraste entre o artesanal e o industrial se fez presente: flores tridimensionais conviviam com zíperes aparentes e tecidos rasgados. Era como se cada look trouxesse uma história de resistência e reconstrução.

Entre fragilidade e força

Ao lado da provocação visual, o desfile também abordou um diálogo contemporâneo sobre identidade e corporeidade. As modelos, diversas em forma e presença, desfilavam com um ar de desafio silencioso, uma espécie de manifesto visual que coloca a vulnerabilidade como força.


Modelo em desfile McQueen (Foto: reprodução/Instagram/@catwalkmodelsss)

Seán McGirr, ao reinterpretar o legado de Lee Alexander McQueen, demonstra que entende o espírito da casa: a beleza que nasce do caos. E, nesta temporada, o caos veste franjas, couro e coragem. Sua abordagem é menos sobre provocar choque gratuito e mais sobre provocar reflexão  sobre o que o corpo pode comunicar quando é libertado das regras de proporção, pudor e forma.

Matéria do portal InMagazine por Jullya Rocha.

Alexander McQueen explora gótico vitoriano em campanha estrelada por Alex Consani

Nesta terça-feira, 19, a renomada grife britânica Alexander McQueen apresentou sua nova campanha de outono 2025, com a participação de modelos como Alex Consani, Athiec Geng, Chu Wong e Libby Taverner. Sob a direção criativa de Seán McGirr, a marca britânica traz uma nova visão do famoso gótico vitoriano, evocando atmosferas que nos transportam para os clássicos da literatura inglesa do século XIX. Fotografada e dirigida por Glen Luchford, a campanha utiliza um fundo cinza minimalista que remete à melancolia e também ao drama de romances como os das irmãs Brontë, enquanto celebra a liberdade e também a intensidade estética.

As imagens mostram modelos adornados com rendas brancas e pretas, vestindo uma alfaiataria impecável e botas de bico afiado, enquanto seus cabelos esvoaçam como se estivessem atravessando uma tempestade imaginária. Mais do que apenas poses, a fisicalidade dos corpos transmite uma tensão entre contenção e liberdade, mostrando o desejo da marca de explorar a sutil linha entre tradição e transgressão. Essa dualidade destaca a intenção de McGirr de unir a moda contemporânea às expressões ousadas de artistas e pensadores que romperam com as convenções do passado.

Ícones literários e códigos de estilo

A campanha se baseia em figuras marcantes do século XIX, como Oscar Wilde, a artista Vesta Tilley e a pintora Romaine Brooks. Esses nomes não são apenas referências; eles representam arquétipos da subversão, refletindo no vestuário a mesma busca por liberdade criativa que marcou suas obras. Mencionar esses personagens vai além de uma simples homenagem; é uma atualização poética que se conecta com os dilemas contemporâneos de identidade, gênero e autoexpressão.


Campanha de Outono 2025 - Alexander McQueen (Foto: Reprodução/Alexander McQueen)

A estética vitoriana, revisitada por McQueen, se revela em belos detalhes como rendas com bordas assimétricas, couro brilhante e o uso do georgette de seda, que contrasta de maneira elegante com a rigidez das peças de alfaiataria. Essa justaposição entre força e fragilidade é a cara da marca, que sempre buscou criar um diálogo entre opostos, levando essa ideia ainda mais longe na interpretação gótica de McGirr. O resultado é um espetáculo visual que evoca tanto a melancolia da tradição quanto a pulsante energia da rebeldia.

Direção criativa e colaborações

Fora do mundo literário, a campanha se destaca pelo incrível trabalho de styling de Sarah Richardson, uma colaboradora que já é parte da marca. A presença dela garante uma continuidade estética entre os desfiles e a campanha, fortalecendo a ligação entre a narrativa da passarela e a narrativa fotográfica. Essa harmonia é crucial para manter a visão de McGirr, que defende uma moda baseada na autoexpressão genuína e na força poética das roupas.


Campanha de Outono 2025 - Alexander McQueen (Foto: Reprodução/Alexander McQueen)

Em uma conversa com o WWD, McGirr destacou que a coleção busca capturar os dilemas do nosso tempo, onde questões como caráter, idealismo e identidade estão sempre em transformação. Assim, a escolha de modelos jovens e diversos vai além de uma simples decisão estética; ela demonstra o compromisso da marca em abordar as questões culturais mais relevantes do nosso tempo.

Entre tradição e transgressão

A campanha de outono 2025 da Alexander McQueen se apresenta como um verdadeiro manifesto visual, explorando as diversas formas de liberdade na moda. Ao brincar com a ideia de contenção e abandono, o ensaio revela uma poética que vai além das roupas, abrangendo também a performance corporal e a rica imaginação literária.


Vídeo promocional da nova campanha (Vídeo: Reprodução/Instagram/@alexandermcqueen)

A tensão entre tradição e transgressão, que é o coração da coleção, encontra um espaço fértil para se expressar no cenário minimalista e nos elementos do gótico vitoriano. Inspirada por Wilde e com ecos das irmãs Brontë, a marca se estabelece como uma das vozes mais marcantes e originais da moda britânica. O resultado é uma coleção que, ao mesmo tempo que conversa com o passado, também reflete as urgências do presente, traduzindo em roupas a constante busca por liberdade e autoexpressão.