O diretor de Política Monetária do Banco Central Bruno Serra disse nesta segunda, dia 30, que o Brasil teve um choque de salário para baixo que trouxe maior número de contratações, mas que só irá refletir no aumento dos salários quando a inflação cair.
Serra disse, em videoconferência para Kinea, que a capacidade de os trabalhadores de obter um aumento da remuneração é equivalente ao período de 2015 a 2016. De acordo com diretor o mercado de trabalho brasileiro atualmente não está apertado. Embora as comparações com outros anos do mercado brasileiro, o diretor diz que o país vive "período atípico desde 2020" e que o mundo ainda vive as repercussões da inflação mundial causada pela pandemia.
"Não é fácil navegar nesse processo. Os próximos cinco anos serão complicados, com tomadas de decisões difíceis. Mercado precisará navegar sem boia de salvação por um tempo”, disse o representante do BC. Serra ressaltou o momento difícil na economia global e citou uma possível recessão para a contenção de preços.
Segundo ele, outros países estariam sofrendo mais que os brasileiros. De acordo com sua análise, Europa e outros países desenvolvidos estariam passando por desvalorização da moeda e que, enquanto o resto do mundo ainda terá picos de inflação o Brasil já estará com seus níveis abaixo da média.
Bruno Serra, Diretor de Política Monetária do BC. Foto: Raphael Ribeiro/Banco Central do Brasil/Divulgação
Contudo, o diretor destaca que os bancos centrais estão focados em atingir a meta para inflação deste ano. “Para nós isso é importante. Com a inflação em dólares a 8%, nada funciona direito. Acredito nessa virada do processo, que vai ser doloroso.”
“A prova do pudim vai ser quando a inflação começar a cair, porque a inflação subiu tão rápido que as negociações não conseguem dar conta da velocidade. […] Quando a inflação começar a cair você vai ver que vai está tendo alguns aumentos reais”, afirmou Serra Sobre o futuro, disse: “Vamos ver, não está claro para mim.”
Serra afirmou também sobre o mercado mundial de combustível que a autoridade monetária combate efeitos secundários sob a alta dos preços do petróleo, mas reconheceu que tais efeitos já são importantes para o cenário atual.
Foto Destaque: Sede do Banco Central. Jorge William/Agência O Globo